Também estou presente quando sopros frios destroem e espalham; é minha saia que gira e balança, na velocidade da minha ira.
Eu repouso no bater gentil das asas da borboleta; o sorriso de quando as vê, na verdade, sou eu te sorrindo do alto de minha liberdade.
Eu transpiro com o calor do corpo do selvagem búfalo, que afasta e até mata o viril leão.
Sou quem pulsa no amor maternal ardoroso, que fará tudo pelos que sairam de seu ventre, inclusive matar e morrer por eles.
Quando uma mulher precisa enfrentar a vida, sem contar com um braço de um homem para lhe guiar e proteger, sou a coragem, a altivez e a força que dos olhos dela transbordam. Quando esta mesma mulher precisar ganhar o seu pão, serei eu a preparar e comerciar aquilo que a sustentará, e quente e acolhedor, será aquilo que ela doar, pois será uma parte do calor do meu próprio coração.
Quando, ainda, essa mesma mulher, tomar uma decisão importante, seja sobre sua própria vida, seja sobre a de outros, seja sobre a de muitos, sem hesitar, fui eu quem a dei sua clareza e firmeza de decisão.
Quando você se perguntar onde um ente querido foi, depois que ele partiu desse mundo, terei sido eu a caminhar com ele, pela última vez, para mostrar seu Destino Final.
Quando a Tempestade se aproximar ou estiver partindo, sou eu que a trago e a disperso, preparando a dança que sempre faço à dois, neste momento belo e terrível.
Estou presente nas festas animadas e barulhentas, mas também na convicção serena dos solitários que não tem escolha, senão, olhar o mundo da janela, e no rosado do entardecer, pedir a mim, por um amanhã melhor.
Eu manejo uma espada na mão, uma coroa na minha cabeça, e uma bandeja de produtos, com a mesma habilidade. Se preciso, uso todos eles juntos.
Tenha respeito ao caminhar nos morros onde o ar corre sempre, ou nos bambuzais, que se vergam quando eu passo, mesmo apressada, pois tais lugares, são a minha morada.
Sim, eu tenho muitas responsabilidades, e muita força. Mas não tema minhas crias, ò homem de fé. Aqueles com quem vivi, sempre estiveram acima de mim, sem tentar me rebaixar, e da mesma forma, meus filhos e filhas são. Assim como eu, são quentes, mas de um calor que conforta, atrai, e até excita.
Sim, eu sempre estive te cercando, te auxiliando, entrando na sua vida, sem pedir licença, quando a hora chega. Não é porque não tenho respeito. Tenho e muito, pelos Mais Velhos, e por quem é merecedor da autoridade que tem. Mas tenho pressa. Muita.
E se tenho que agir, algumas vezes, dispenso algumas cortesias.
Sim, sou essencial, e virei sempre que for necessária.
Mas não ouse me prender. Fico e vou conforme o momento exige. Mas sempre poderei voltar, e voltarei sempre para os que amo e que aprenderam a me amar.
Sim, os homens e a História me deram muitos nomes, e tentaram me definir de muitas formas. Mas quando andei entre vocês, tive um nome, e sempre atenderei aos que com fé, me chamarem.
Prazer... Sou Oyá !
Eparrey Oyá !
Candomblé Sagrado
#Povodafloresta