segunda-feira, 14 de junho de 2021

*ÀYÀN * (orisá do tambor)

 *ÀYÀN *
(orisá do tambor)


Nenhuma descrição de foto disponível.As religiões de matrizes africanas há tempos vêm resgatando alguns elementos que por ventura ficaram esquecidos dos meados do ano de 1830 até o ano atual. Òrìşá “ÀYÀN/ÀYON”, Òrìşá do tambor, é um desses elementos.

Os Onilus são os responsáveis pelos tambores e é admirável a preparação dessas pessoas especiais para a liturgia das religiões de matrizes africana, assim bem como os seus segredos. Os segredos do Tambor que é um elemento sagrado na cultura Yorubá, com rituais religiosos para sua construção, preparação e iniciação daqueles que irão tocá-lo. Os tambores sagrados são tratados como criaturas viventes, que devem ter cuidados específicos e uma variedade de regras para o seu uso. Aqueles que são iniciados nos mistérios de ÀYÀN/ÀYON ouvem os brados deste Òrìşá dentro do tambor ao tocá-lo.

A força espiritual contida no tambor e que o consagra é chamada de “ÀYÀN/ÀYON”, O Òrìşá do Tambor. Para que alguém possa ser iniciado para ÀYÀN/ÀYON e tocar o tambor, deve cumprir rígidos rituais religiosos.

No Brasil essa tradição praticamente perdeu-se, mas foi mantida na Nigéria e Benin, a Terra Yorubá. O iniciado recebe a força espiritual necessária para tocar os tambores da forma correta, para que estes possam “falar” com os Òrìşá, e ancestrais, chamando-os para as cerimônias a eles dedicadas. ÀYÀN/ÀYON representa a expressão sonora das divindades; é o som do cosmos, do universo e tem o tambor que serve como depositário dos poderes divinos. A consagração de ÀYÀN/ÀYON no tambor é feita por meio de ritual e elementos litúrgicos sagrados, que ficam dentro do tambor, que é selado com as peles.
Quando ÀYÀN/ÀYON é fixado no tambor é chamado de “Eleekoto”. Cada toque no tambor representa o poder de uma divindade. Diz uma lenda da divindade ÀYÀN/ÀYON, que Olódùmarè (o Deus Supremo) o chama para aprender o poder de cada Òrìşá, para ensinar os homens a louvá-los através do canto, da dança e dos ritmos sagrados. Na verdade o próprio instrumento - o tambor - é considerado como a veste material de um espírito e dizem os mitos, que cada tambor possui seu espírito elemental, que se materializa dentro dos mesmos durante as cerimônias para que o rito tenha prosseguimento segundo a egrégora do templo em questão, de acordo com o Òrìşá regente da casa.

Assim, os tambores possuem o poder de chamar não apenas a força do Òrìşá e dos Eborá para dentro dos templos, mas também para invocar a presença de ancestrais ilustres e de outras personalidades do mundo astral que nos cultos de nação africana são conhecidos como Egungum.

A divindade ÀYÀN/ÀYON está ligada a vários ancestrais através do mito do tambor. A vara Ixàn (işan) possui o mesmo fundamento invocatório e de encantamento que a vara de atori usada nos tambores.

A origem dos instrumentos musicais é remota e controversa e sua evolução acompanha a própria história das civilizações. Não há povo da Antiguidade que não tenha feito uso de instrumentos musicais mais ou menos rudimentares, já que a música é uma linguagem espontânea e inerente ao próprio homem, sendo provável que tenha aparecido antes da linguagem verbal.

O homem pré – histórico acreditava que a pele de sua caça esticada em troncos de árvores reproduzia o choro do animal morto. E foi com esse sentimento de gratidão que passou a consagrar a morte de sua caça. Pode-se dizer que esse foi um dos princípios da manifestação religiosa do homem e a origem dos tambores. O toque do tambor revela a arte de conectar-se com a Mãe Terra e com nosso eu interior, sintonizando nosso coração ao coração dela, e de viajar ao mundo do invisível, constatando nossa ancestralidade e todos os reinos da Natureza.

A música e a dança sempre foram os principais responsáveis dessa comunicação com Deus. Alguns historiadores e antropólogos do século XX destacaram a idéia de que a maneira utilizada para se chegar aos conhecimentos místicos em religiões primitivas esteve sempre associada ao êxtase (o transe) provocado pelo toque do tambor. Esse instrumento seria então o responsável pela comunicação entre o homem e as divindades – seres responsáveis pelo comando da Natureza em nosso planeta.

O Djembe é possivelmente o mais influente e a base de todos os outros tambores africanos, e desde há pelo menos 500 anos D.C. é um tambor sagrado utilizado em cerimônias de cura, rituais de passagem, culto aos ancestrais e ainda em danças e socialmente.
Texto: Egba Nigeriano
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