domingo, 16 de maio de 2021

UMA GIRA DE GRATIDÃO

 


Pode ser uma imagem de texto que diz "Os Orixás me ensinaram, que o impossível é SÓ uma questão de 5 TEMPO"Certa noite o Baba acabou seus afazeres domesticos...

E saiu vagarosamente em direção aos fundos de seu quintal...

Onde estava localizado o seu terreiro...

Pediu licença, entrou, ajoelhou-se em frente ao conga...

E começou suas orações!

Minutos depois do inicio de suas preces...

Lágrimas começaram a correr em seu rosto...

Seu semblante era triste e o profundo silêncio...

O fazia lembrar de tantas coisas...

As giras estavam suspensas!

E era muito triste e lamentável...

Tantos estarem desencarnando...

Por conta de uma pandemia global...

Mas afinal qual era o sentido daquilo tudo?

Isso era realmente necessário?

Lembrou também dos tantos filhos a quem acolheu...

E que de maneira injusta viraram as costas para o Terreiro...

Quanta ingratidão!

Todos haviam sido acolhidos em seus momentos de dor...

Aquelas lágrimas lembravam também...

Todo o bem aos diversos necessitados...

Parecia sempre tão pouco!

Mas era o bastante naqueles momentos de desesperança...

O velho Pai no Santo estava cansado...

Prestes a pedir agô e permissão para seu povo...

Para fechar o terreiro!

E encerrar definitivamente suas atividades...

Quando derepente o Baba percebeu...

Que bem pertinho dele estava seu Preto Velho...

Sentado num banquinho!

Ainda de cabeça baixa ouviu ele dizer:

- Filho, levante sua cabeça...

- E olhe quem estão nos atabaques...

O Baba vagarosamente ergueu seu olhos...

E percebeu que nos atabaques haviam três caboclos...

Um para cada atabaque!

Seu Preto Velho então falou:

- Filho, sente-se e admire, pois hoje faremos para você...

- A gira mais linda de todas as que já assistiu...

- Uma gira de gratidão e reconhecimento!

O terreiro daquele velho Pai no Santo...

Não era muito grande!

Mas naquela noite se tornou gigante...

Recebeu nações de todas as falanges...

Muitas mesmo!

Caboclos, Pretos Velhos, eres, ciganos...

Baianos, marinheiros, malandros...

Em fim todas as falanges da Umbanda...

Inclusive os compadres e as comadres...

De fato foi a coisa mais linda de se ver...

E aquelas lágrimas de tristeza...

Deram lugar a lágrimas de emoção...

A beleza estava no respeito, na harmonia...

E na humildade solidaria de todos...

Nos trabalhos que ali aconteciam...

Não haviam estrelas, ou roupas estravagantes...

Não havia pompa e elegância...

Estavam todos de branco!

Mas ainda assim de uma forma que é dificil explicar...

Podia-se saber quem era quem...

E suas respectivas falange...

A gira durou até o sol raiar!

Pois muito trabalho havia de ser feito por lá...

Assim aconteceu!

E esse presente o velho Pai no Santo...

Guardou em segredo e gratidão em seu coração...

O que podemos tirar desta história são exemplos...

De fé, devoção, humildade e dedicação...

Quando a dor de nossos irmãos se tornam nossas...

A ponto de nos ajoelhados em oração e lágrimas...

Pedindo misericordia pela vida humana...

Haverão reconhecimentos e respostas...

Nem tudo estará perdido!

Certamente ainda haverá esperanças para a humanidade...

Assim foi a gira mais linda!

Em uma noite em que ninguém viu!

[Autor: Pai Jonathas de Ogum]

Saravá Fraterno Filhos Umbanda!

Pai Jonathas de Ogum.'.