domingo, 27 de setembro de 2020

 O MAU-OLHADO pode originar-se acidentalmente de estados de espírito censuráveis, como ambição, inveja, ciúme, despeito, ira, cobiça ou vingança, projetando fluidos ruinosos. Existem pessoas invejosas portadoras do mau-olhado, que causam prejuízos ou males involuntários semeados na vida do próximo! Basta, às vezes, expressar o desejo muitíssimo natural de possuir uma planta, ave ou animal, que outros possuem, para que a carga fluídica acumulada no olhar se despeje sobre tais coisas ou seres, produzindo efeitos nefastos, como doença, melancolia e até a morte.

Ramatís
Texto baseado em Magia de Redenção.

A imagem pode conter: uma ou mais pessoas, texto que diz "MAU OLHADO Olho gordo Pérolas de Ramatis"

 Quando você tenta experimentar suas convicções espirituais, começa a abrir-se um outro mundo para você. Não viva com um falso senso de segurança, crendo que será salvo porque ingressou numa igreja. Você próprio tem de fazer o esforço para conhecer a Deus. Sua mente pode ficar satisfeita com o fato de que você seja muito religioso; mas, a menos que sua consciência se satisfaça com respostas diretas às suas orações, nenhuma religião formal poderá salvá-lo. Que vantagem há em orar a Deus se Ele não responde? Por mais difícil que seja obter a resposta Dele, isto pode ser feito. Para garantir que afinal chegará ao céu, você precisa submeter a prova o poder de suas orações até torná-las eficazes.

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Paramahansa Yogananda,
No Santuário da Alma.

A imagem pode conter: 1 pessoa, texto que diz "No Santuário d'Alma ESPIRITUALIDADE Pérolas de Ramatis"

O Violino Cigano

 

 O Violino Cigano

Numa bela casa rodeada por um bosque enorme e sombrio viveu muito tempo atrás um barão viúvo e rico com suas três filhas. A mais velha chamava-se Dronha e era talvez a pessoa mais insuportável das redondezas. Porque além de muito feia, com sua boca enorme de dentes pontiagudos, ela conseguia deixar uma impressão horrível em todos que a conheciam. Achava que o mundo conspirava contra ela e não poupava ninguém do seu mau humor, com suas palavras sempre ríspidas e seus olhos apertados em constante irritação. A filha do meio era mais tonta do que propriamente de má índole. Mas era preguiçosa e impaciente, e maltratava todo mundo exigindo que seus desejos fossem satisfeitos imediatamente. Seu nome era Catina e sua aparência de igualava à de Dronha em feiura. O pior de tudo era o contraste entre as duas e a irmã mais nova, Leila. Não havia ninguém que não gostasse dela. Bela como um botão de rosa, parece que sua beleza tornava-se ainda mais exuberante pela alegria e doçura que acompanhavam todos os seus gestos, pela graça do seu olhar, pelo acolhimento atencioso que dispensava a quem se aproximava dela. Por sua causa, a situação das outras irmãs ficava ainda mais delicada. Era evidente, por exemplo, a preferência do velho barão pela filha mais nova e, o mais grave, todos os jovens do povoado só pediam a mão de Leila em casamento. Para garantir que as outras duas não ficassem solteiras, o pai dizia que só permitiria que Leila se casasse depois das irmãs. Isso não adiantou nada já que ninguém aparecia para cortejar Dronha e Catina.
Um dia elas pediram ao pai que não deixasse mais Leila ir junto com elas aos bailes e festas, para ver se alguém as convidava para dançar. Assim foi feito mas mesmo Leila tendo concordado de bom grado em não sair de casa, as irmãs ficavam a noite inteira sentadas num canto da festa, ignoradas por todos. A raiva que as duas sentiam de Leila foi aumentado dia a dia, até que Dronha chamou Catina e lhe disse:
- Temos que fazer alguma coisa para nos livrarmos de Leila. Se ela continuar viva, não há esperança para nós, vamos ficar solteiras até nossa morte.

- Que horror – disse Catina -, ela é nossa irmã, você não pode nem pensar em fazer nada contra ela. Não conte comigo para nenhum plano.
- Pois então está bem. Cuido de tudo sozinha, não preciso mesmo de uma idiota que só atrapalha como você.
No dia seguinte Dronha convidou Leila para um passeio no bosque. Leila ficou feliz, afinal quase nunca saía de casa e adorava caminhar no meio das árvores. As duas passaram a tarde conversando enquanto se embrenhavam cada vez mais para o fundo do bosque, onde havia um grande precipício à beira do caminho. Foi para lá mesmo que Dronha conduziu a irmã sem que ela desconfiasse de nada.
- Nossa – disse Leila -, eu nunca tinha chegado até aqui. Imagine se alguém cair lá embaixo, dá medo só de pensar.
- Que tal experimentar esse medo pessoalmente? - gritou Dronha, empurrando Leila com toda força abismo abaixo.
No meio da queda, a pobre menina agarrou um ramo de zimbro enraizado no morro e ali ficou dependurada, tentando não soltar a mão de jeito nenhum.
- Por favor – ela dizia -, não faça isso comigo, Dronha. Não me deixe morrer nesse lugar. Ajude-me a sair daqui.

- Vou ajuda-la, com certeza – respondeu a irmã completamente transtornada. E, pegando um pedaço de pau, Dronha bateu com fúria na mão da irmã que segurava o galho de zimbro.
Com um grito de dor, Leila largou o galho e caiu nas profundezas do abismo. A irmã olhou para baixo e não viu nem sinal dela. No silêncio daquele lugar tenebroso ficou guardado o segredo do seu crime, e ela foi para casa certa de que tinha feito o que era necessário e que agora sua sorte ia mudar.

No dia seguinte o barão achou estranho que Leila não estivesse na casa e que ninguém soubesse dizer para onde ela tinha ido. Preocupado, ordenou que os empregados dessem uma busca nos arredores, depois foi ele mesmo acompanhado de homens valorosos procurar a menina nos quatro cantos daquele reino, dia e noite sem parar. Mas Leila tinha desaparecido e, por incrível que pareça, ninguém se lembrou de procurá-la no abismo do bosque. Um ano se passou, e enquanto na casa grande o barão chorava a perda de sua filha querida, Leila jazia sem vida no fundo do precipício. Mas enquanto seu corpo se decompunha e se misturava à terra, às folhas secas, às pedras e à areia, o ramo de zimbro de permanecia na sua mão foi se enraizando e ganhando força no meio daquele solo fértil e úmido. Depois de dois anos transformou-se numa árvore comprida, cujos ramos mais altos chegaram até o caminho, à beira do abismo. A copa imponente da árvore de zimbro balançava ao vento, e de seus galhos emanava uma estranha melodia, que em tudo se parecia com uma música cigana.

Todos os dias, atraído por essa melodia, um jovem pastor cigano chamado Lavuta se aproximava da árvore sentava-se embaixo dela. Ele era conhecido como o melhor tocador de violino da região. As pessoas diziam que, quando ele tocava, era como se os mais melodiosos espíritos da floresta estivessem animando seu coração e seus dedos. Todos paravam seus afazeres para escutá-lo, até as crianças, as plantas, os animais e os rios se aquietavam num silêncio embevecido, quando Lavuta tocava.
Toda vez que ele ouvia o lamento da árvore de zimbro, deixava seu rebanho e vinha para perto dela, sentava-se, punha seu velho violino sob o queixo e começava a tocar. O violino estava bastante estragado, mas Lavuta gostava dele como se gosta de um amigo querido. Um dia, enquanto tocava entretido embaixo da árvore, o arco do violino se partiu. Lavuta depositou o violino no chão para examinar o arco, e no mesmo instante o violino escorregou precipício abaixo. Ele se levantou de um salto mas não conseguiu pegá-lo. O pastor desesperou-se pois aquele violino era tudo que ele tinha neste mundo, e chorou por muito tempo, até adormecer, inconformado, deitado de bruços, com o rosto na terra.

E então ele teve um sonho: ele estava ali, naquele mesmo lugar, escutando os murmúrios dos galhos da árvore de zimbro, e aos poucos o triste lamento foi se transformando numa música que soava como um violino. Ele percebeu que era seu violino que tocava sozinho e, junto com ele, uma voz de mulher cantava uma triste melodia cigana. Ele compreendia muito bem as palavras da canção, que dizia:
“Lavuta, pegue seu violino e toque, para todo mundo saber que eu fui morta por uma mulher má de dentes pontiagudos.”

O pastor, dentro do seu sonho, pensou que não poderia tocar, pois o violino tinha caído no precipício. Como se tivesse escutado seus pensamentos, uma voz ecoou lá do fundo do abismo, dizendo-lhe que cortasse o alto do tronco da árvore de zimbro e que com a madeira fizesse outro violino.

Quando acordou logo em seguida, Lavuta lembrou do sonho com todos os detalhes, achou tudo muito estranho, mas ao mesmo tempo resolveu não dar muita importância, pois aquilo tinha sido apenas um sonho.
Depois de reunir o rebanho, ele voltou para seu quarto, que ficava num lugar distante, dentro das terras do barão. Naquela mesma noite ele teve outro sonho: via uma linda jovem entrar no seu quarto segurando um violino. Olhando melhor, percebeu que era seu violino que ela estendia na sua direção. Em língua cigana ela dizia:
- Toque seu violino e depois quebre-o de encontro à mesa. Se fizer isso, eu serei sua mulher.
Em seguida ela desapareceu no ar e Lavuta acordou. Nesse mesmo momento ele tomou uma decisão. Na manhã seguinte, assim que se levantou, foi até a beira do precipício para cortar a árvore de zimbro. Passou o dia inteiro esculpindo e moldando a madeira, até que o violino ficou pronto quando a noite chegou. Feliz da vida, admirando sua obra, Lavuta se preparou para experimentar o violino, mas assim que ele levantou o arco, o violino começou a tocar sozinho. Era a mesma melodia e a mesma voz cantando a canção cigana do seu sonho.

A melodia soava muito alto e chegava lá fora, pela janela aberta do seu quarto. O cuidador de cavalos do barão, que passava por ali naquele momento, ouviu as estranhas palavras daquela música e foi falar com Lavuta.
- Quem está cantando? – ele perguntou.
Lavuta lhe contou toda a história desde seu primeiro sonho, e o amigo o aconselhou a mostrar o violino mágico para o barão.
- Você sabia – ele disse – que a mulher do barão era cigana? Acho que ele vai gostar de conhecer esse milagre e vai até compreender as palavras da canção.
Os dois foram juntos até a casa grande e pediram para ver o barão. Quando ele apareceu, o violino começou a tocar e o pobre arregalou os olhos, sobressaltado:
- É a voz da minha filha. Onde é que ela está?
Ele correu pelos cantos da sala, por toda parte, e não encontrou ninguém. Mas as palavras da música ele havia entendido muito bem, e sabia perfeitamente quem era a mulher má de dentes pontiagudos. Horrorizado, ele foi atrás da filha mais velha e não teve muito trabalho em fazê-la confessar o que havia feito. O velho barão expulsou as duas filhas de sua casa, dizendo-lhes que nunca mais voltassem, achando que Catina tivesse sido cúmplice da irmã, embora ela não soubesse de nada.

Enquanto isso, de volta ao seu quarto, Lavuta ficou um certo tempo segurando o violino mágico, pensando na jovem que havia aparecido no seu sonho.
- Será que é mesmo Leila, a filha do barão? – ele dizia para si mesmo. – Ela prometeu que se casaria comigo se eu quebrasse o violino na mesa.
Ele não sabia se devia ou não acreditar no sonho. Olhou o violino pela última vez e com um gesto firme espatifou-o de encontro à mesa. No mesmo momento, Leila apareceu, viva, diante dele. Na mão ela trazia seu velho violino, consertado, com cordas novas, a madeira brilhando, perfeita. Completamente aturdido, Lavuta escutou sua história.
- Durante dois anos eu fiquei enterrada no abismo – ela começou, falando com voz doce e perfumada. – Minha mãe foi uma cigana conhecedora das artes da magia. Quando meu pai a conheceu, ficou encantado com sua beleza e apaixonou-se por ela. Ela também o amou, mas antes de se casarem ela foi amaldiçoada por um espírito que a desejava para si. O espírito determinou que todas as crianças que nascessem daquela união seriam feias e más. Depois que minhas duas irmãs nasceram minha mãe suplicou ao espírito que a libertasse do feitiço. Ele concordou, com uma condição: quando ela tivesse outra criança, deveria morrer e ir viver com ele no reino dos espíritos. O preço da minha beleza foi a morte da minha mãe. Depois, quando minha irmã me empurrou no precipício, a alma da minha mãe se converteu no ramo de zimbro que eu agarrei na queda. E foi segurando o ramo, a mão de minha mãe, que eu caí lá embaixo. Criando raízes, o ramo virou árvore e eu pude nascer pela segunda vez do corpo da minha mãe. Mas minha forma humana eu só poderia recuperar se um homem transformasse a madeira da árvore no objeto mais querido do seu coração. Você amava seu violino, Lavuta, e quando ele caiu no abismo eu sabia que apenas você, com seu amor, poderia me devolver à vida. Por isso apareci no seu sonho e agora estou aqui.
- Parece que o que tinha que acontecer já foi feito – disse Lavuta. – Eu recebi meu violino de volta e você voltou a viver. Mas também me lembro de uma certa promessa...
- Eu não a esqueci – disse Leila com um sorriso encantador. – Você não quer experimentar seu violino antes de mais nada?
Lavuta se preparou para tocar e, como antes, o violino começou a tocar sozinho a melodia do sonho acompanhada da canção cigana. Pouco depois, o barão entrou , atraído pela música, e mal pôde acreditar quando viu a filha estendendo os braços apara abraçá-lo.
- Meu pai – ela disse -, o pastor Lavuta me devolveu à vida e eu prometi casar-me com ele.
O velho barão estava tão radiante que não fez nenhuma objeção ao casamento. Pouco importava se seu futuro genro era um pobre pastor; a única coisa que ele queria era ver sua filha feliz e viva.

E ele nunca teve nenhuma razão para se arrepender do seu consentimento. O pastor Lavuta ficou conhecido em todo o reino, não por ter se casado com a filha do barão, mas sim por ser o maior violinista de que aquele povo teve notícia. Até hoje se contam histórias que falam de como Leila e Lavuta se amaram, dos filhos que tiveram e de como o pastor prosperou e tornou-se senhor daquelas terras, graças à sua arte, que a todos encantava. Mas todas as histórias que foram contadas, de geração em geração, começam falando do verdadeiro amor e da sabedoria de uma mulher cigana.

Recontado por Regina Machado em: O violino cigano e outros contos de mulheres sábias. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

A HISTORIA DE IVAN

A HISTORIA DE IVAN

Ninguém ao certo sabia o que ia em seu coração…
Homem carismático e impetuoso! Quando seu pai morreu em batalha, estava claro que seria ele a sucedê-lo na liderança do clã. Mas não foi bem assim que as coisas aconteceram… Além do sofrimento pela grande perda, encheu-se de dúvidas a respeito do rumo que a guerra entre as famílias tinha tomado.
Era acima de tudo um idealista, um sonhador! Almejava a paz para os povos, a união de todos em uma Grande Família! Sempre esteve a frente de seu tempo! E por inúmeras vezes tentou mostrar ao líder de seu povo, seu pai, a possibilidade de suas idéias… Por vezes, saiu triste e frustrado de suas reuniões com o Conselho.
Era em vão tentar mostrar àqueles homens que existia um mundo diferente além de suas tradições arcaicas.
Parecia só, muito só!
Encontrava conforto na música, na dança, na alegria em volta da fogueira acesa todas as noites no centro do acampamento!
Afinal era um cigano! E quando tomava na mão seu violão, tocava-o com paixão, deixando a todos embriagados com seus sons, por vezes fortes e vibrantes, por vezes suaves lamentos, chorosos, doídos! E como dançava! Procurava seu par com aqueles olhos negros a vagar entre as moças sentadas ao redor.
A escolhida levantava-se impulsionada pela força daqueles olhos profundos, repletos de promessas… Bailavam…bailavam e enchiam os olhos da platéia com a dança sinuosa, cadenciada e passional de seus antepassados.
 Tinha todas as mulheres presas a ele, mas não era de ninguém. Nunca foi. Seu coração era livre, era do mundo, era da vida.
Passaram-se os dias e a sucessão se aproximava… Procurou por ela, Carmen, sua irmã de coração, amiga e confidente.
Pediu que ela se encontrasse com ele à beira da estrada, longe do acampamento, quando todos já tivessem se recolhido às tendas para dormir.
E assim foi… Quando ela se aproximou do lugar marcado para o encontro, lá estava ele, ao lado de seu cavalo selado, pronto para partida.
Parecia uma visão fantasmagórica iluminada pela luz da Lua que ia alta no céu estrela do
Fechou a mão ao peito, como se com esse gesto pudesse conter a dor que sentiu naquele instante… Sabia! Nada precisava ser dito! Ivan estava indo embora, fugindo ao seu destino… Que desgraça, meu Deus!
O que seria dele!…
Ele se adiantou, caminhando tranqüilamente até ela, segurou suas mãos firmemente, e olhando-a nos olhos, jurou que um dia iriam se encontrar novamente. Pediu que ela fosse portadora de suas palavras junto a seu povo.
Ele não os estava abandonando à própria sorte. Precisa fazer isso! Por eles! Estava indo em busca de um ideal, para que as gerações futuras não mais sofressem com tanto derramamento de sangue, tanta dor, tanto medo! Pediu que não chorasse e que mantivesse acesa em seu peito a chama da esperança! Num último gesto, tirou o punhal da cinta e entregou-o a uma Carmen atônita, seu objeto mais precioso, símbolo do sangue cigano que corria em suas veias.
Ela, Carmen, com o punhal cravejado de rubis às mãos, vendo Ivan montar o cavalo e se preparar para deixá-la só, sozinha com seus pensamentos, teve forças para levar o punhal aos lábios, beijá-lo e apertá-lo junto ao peito, em sinal de juramento eterno. E ali quedou-se, e permaneceu por um longo tempo, admirando a silhueta do homem e seu cavalo desaparecer ao longo do caminho e da mais completa escuridão…
 
Ao longo dos anos após sua partida, pouco se soube de Ivan. Para seu povo, era um renegado! Muitos admiraram seu ato, mas permaneceram em silêncio…
Apenas Carmen o defendeu abertamente e por isso foi punida com o exílio. Sumiu no mundo sem deixar rastro, como se nunca tivesse existido! O cheiro de vingança pairou sobre aquela tribo de nômades… Um dia haveria sangue negro para aplacar o ódio que ia no coração de alguns, por terem sido enganados e ridicularizados abertamente por aquele homem-menino inconseqüente!
O homem-menino deixou de ser menino… Ganhou o mundo! Andou por novas paragens, conheceu outras culturas, fez amigos e inimigos.
Teve todas as mulheres que quis. À elas, não prometia nada, apenas a paixão de uma noite.
E elas, queriam estar com ele mesmo assim, enlaçadas por seus encantos. Apenas uma mulher amou e odiou! Aquela o fez derramar lágrimas amargas.
Por ela foi torturado e magoado. Enganado, foi deixado para traz… Sofreu muito sua ausência, e jurou jamais acreditar numa mulher outra vêz! Aprendeu muito! Trabalhou duro! Defendeu as classes menos abastadas! Falou ao mundo sobre seus ideais! E exatamente, por isso, tombou… Preso, viu seus dias se escoarem pelos vãos daquela cela fétida…
Não queria morrer assim! Amava a liberdade! Amava a vida! Já não podia mais contemplar a natureza…sentia falta do cheiro de mato molhado após a chuva bendita… Seu violão lhe fora tirado e seus dedos não mais podiam tocar, estavam esmigalhados de tantas torturas sofridas…
Pedia a Deus todos os dias que o tirasse dali! Tinha tanto a fazer! Tinha tanto a dizer! E num dia qualquer, suas preces foram atendidas…
Foi levado à presença de dois homens, que encapuzados, como estavam, num manto negro que ia até o chão, num primeiro momento, não pode saber quem eram seus salvadores.
Apenas lhe foi comunicado que aqueles homens estavam ali para levá-lo para junto dos seus. Sorriu à vaga lembrança de seu povo…quanta saudade…
Foi solto e levado por aqueles homens a um casebre em ruínas afastado da cidade… Tamanha era sua alegria em ver o Sol, o rosto das pessoas, o som da liberdade novamente, que nada desconfiou, nada percebeu a cerca de seu destino…
Chegado ao local, foi preso novamente a grossas correntes, numa cela úmida e sem janelas, em total escuridão… Lutou pela vida bravamente, até que aceitou sua situação! Viu o ódio nos olhos daqueles homens, eram seus Vingadores. Num primeiro momento, revoltou-se. Mas depois, teve pena daquelas pobres criaturas que se deixaram consumir por sentimentos malditos!
Seriam almas sujas de sangue pela eternidade… Sentiu o primeiro golpe de punhal em seu flanco esquerdo…Depois, mais outro e mais outro e mais outro…
A carnificina estava sendo executada afinal!
 E o destino daquelas três pessoas estava sendo selado naquele momento…
O derradeiro instante se aproximava, e com ele veio o último golpe, na boca do estômago… Ivan então foi deixado só, em agonia, ainda com um fio de vida a passar por seu corpo…
Fechou os olhos, viu sua vida inteira passar em sua mente como num filme… Soltou um profundo lamento!
Fez uma breve oração! Se perdoou e perdoou a todos que o magoaram…. Viu Carmen pela última vez! Sorriu! Sua promessa estava cumprida! E só então entregou-se, de alma limpa, pronto para a nova aventura, a nova jornada que o esperava…
 Estava livre!

sábado, 12 de setembro de 2020

AS CARTAS

AS CARTAS

Outro dia acordei com uma estranha urgência de ter cartas lidas. Não que eu seja do tipo místico, mas o barulhinho das cartas, a voz monótona da cartomante, o aroma de charuto barato – tudo isso me traz uma certa tranquilidade, me leva de volta à infância, quando minha mãe frequentava os terreiros de umbanda. Independente do que seja dito durante a leitura.
Por coincidência, encontrei uma feirinha mística logo após o trabalho… identifiquei logo a cartomante, pelos trajes. Sempre descuidadas, agasalhadas além da conta, sempre com blusas de lã de botão, são tão caracterizadas como as ciganas, à sua maneira.
Maneiras suaves e simples, por sinal, as com que ela me guiou à sua tendinha. E logo fui transportado para um pequeno mundo espiritual encravado no meio de um shopping center, com uma quente luz alaranjada – a cor do tecido da tenda – e uma mesinha com um caderno escolar pequeno, pequenos santos, uma taça de água, uma nota de 1 real, uma bala calibre 22 antiga, guias e colares. A moça anotou meu nome e data de nascimento com a letra redonda e infantil de quem não teve a oportunidade de permanecer muito tempo na escola.
Talvez seja por isso que gosto das cartomantes e ciganas – num mundo onde astrólogos ficam ricos e magos ingressam em academias de letras, ver uma pessoa humilde com o poder de ver o futuro é alentador.
Foi esse pensamento que ela interrompeu pedindo para cortar as cartas, um belo baralho com ilustrações medievais, plastificado há anos, com algumas cartas abrindo. Interessante ver essas cartas nesse estado, inteiras atrás de um plástico destroçado. Tentar trocar o plástico destruiria a carta, mas enquanto ela estivesse com ele, por pior que fossse seu estado, teria sua beleza intocada. Alguns de nós usamos máscaras para nos defender, assim como aquelas cartas de tarô.
Detalhes, detalhes, detalhes. A essa altura eu já havia suprimido o aroma de charuto, e a moça nem tão moça assim começa a ler, a primeira de uma série enorme de cartas. Como sempre, cartomantes erram no geral, mas acertam em detalhes perturbadoramente íntimos e nada óbvios. A leitura normalmente nunca é precisa o suficiente para trazer fé, apenas o necessário para trazer esperança. E, convenhamos, esperança é um fabuloso animalzinho – sobrevive com quase nada.
A maior parte do tempo fiquei absorto em meus pensamentos, sem prestar atenção nas observações. Eu precisava apenas do ambiente. Mas não pude evitar ficar com a nuca eriçada com a precisão de algumas delas. E, como sempre, ela sabia qual era meu orixá – nunca erraram.
Já no final da consulta, com a mochila às costas e uma mão abrindo a cortina da tendinha – uma lufada de ar condicionado entra, cheirando a freon – ela me pergunta se eu tomaria um banho de gengibre, caso ela me ensinasse como fazê-lo. Um agnóstico tomando banho de descarrego?? Sim, claro, como não? Não posso deixar de sorrir.
Antes de sair, contudo, faço a pergunta que sempre reluto em fazer em consultas de tarô, mas nunca consegui deixar de:
– Pode tirar apenas uma carta? Só para eu saber quem sou?
Sem se surpreender, talvez até com um sorriso de familiaridade, ela concordou e puxou uma carta ao acaso. Pela quarta vez em quatro consultas, a mesma carta aparece. Quanto será que está custando o gengibre?

DESTINO DE CINCO DIAS

DESTINO DE CINCO DIAS

Raimundo estava de mal com o mundo. Sempre resmungando, sempre reclamando de alguma coisa, mesmo que essa coisa estivesse certa. Não gostava de ninguém, e era odiado por todos da empresa onde era chefe. Queria mandar, mandar e mandar. Mas, Raiumundo era também um homem solitário, chorava todas as noites no escuro do seu quarto, com a televisão ligada, mas, com o pensamento sempre avoado. Dificilmente conseguia dormir sem a ajuda de remédios. No dia seguinte estava ele lá, reclamando com todos, como se eles fossem os culpados de sua solidão. De fato, era isso que ele pensava.
Certo dia passando pela rua avistou uma tenda cigana, e resolveu entrar pra ver se sua vida iria melhorar. Não acreditava muito nisso, mas, sua preocupação era tão grande que resolveu arriscar. Quando entrou na cabana, uma moça estava do lado de trás de uma bola de cristal, que estava sobre uma mesa redonda e pequena, e uma cadeira a espera de quem quisesse uma consulta. Raimundo sentou e a cigana logo percebeu em seus olhos o que ele queria saber – “veio saber porque anda tão sozinho, não?” – Raimundo balançou a cabeça num sinal de sim. A cigana continuou – “Você é muito impaciente, tem um coração muito fraco, precisa carregar mais energias positivas pra esse coração. Infelizmente o que eu tenho pra te dizer pode não ajudar muito” – Raimundo engoliu em seco , mas mesmo assim queria saber o que era , e a cigana traçou seu destino – “você tem apenas cinco dias de vida” .
Raimundo saiu de lá sem saber o que fazer, se acreditava realmente na cigana ou se ela estava mentindo, apenas para ganhar dinheiro. Esse pensamento ocupou todas as horas daquela noite, que não conseguiu dormir só pensando na hora de sua morte. Sua vida não era lá essas coisas, mas, morrer, não estava nos pensamentos de Raimundo. Ele precisava mudar, e se não fizesse isso, os últimos dias de sua vida poderiam ser como todos os outros.
Então Raimundo decidiu mudar, aproveitou a madrugada pra fazer a barba, escolher o terno mais bonito que tinha, um que ele estava guardando pra uma ocasião especial, arrumou sua casa, colocou uma música e estava tentando ser outra pessoa. Na chegada no escritório todos notaram sua boa aparência e ele cumprimentou cada um como se fôssem amigos de longa data. Todos estranharam, acharam que poderiam ser despedidos, pois, tratamento assim, só pra ser o último dia. O dia passou e nenhuma reclamação foi ouvida, apenas elogios, gentilezas e muitas risadas. Era incrível que uma pessoa pudesse mudar da água pro vinho assim de uma hora pra outra. Todos se perguntavam quem teria feito esse favor a eles.
Na volta para casa Raimundo estava cansado, de tanto que deu risadas, e de tanto que tentou mudar seu comportamento, mas, ele queria mais, queria aproveitar seus últimos dias. Chegando em casa pegou sua agenda e começou a ligar pra todos, amigos que estudaram com ele, ex-namoradas, para seus dois irmãos e até mesmo sua mãe, que se espantou com seu telefonema. Raimundo passou a tarde e a noite conversando e relembrando coisas que se passaram em sua vida que ele nunca havia dado conta o quanto tinha sido feliz. Naquela noite ele conseguiu dormir, depois de muito tempo, sem a ajuda dos remédios.
Acordou com o pio dos passarinhos e abriu a janela para admirar a natureza, o sol estava nascendo, aquele azul clarinho do dia vinha aparecendo lindo, enquanto algumas estrelas ainda brilhavam. Raimundo nunca percebera o quanto era bonita a natureza, e que vários dias que ele passou em branco, nunca havia se dado conta de como pode-se achar felicidade só de ver algo belo que a natureza nos proporciona. No escritório, ele fez o mesmo que ontem, foi gentil e educado com todos que falava, e dava dicas, era impressionante como aquele escritório estava alegre e tudo rendia muito melhor. Como havia feito com seus amigos antigos, quis começar a fazer amizades, e a saber um pouco da vida de todos que estavam trabalhando com ele. Pessoas que ele via todos os dias, e mal conhecia. No fim do dia convidou todos pra um happy hour por conta dele. Todos aceitaram claro. Lá, Raimundo viu mais gente, viu as pessoas felizes, conversando, dando risada, aquele cansaço do trabalho era esquecido quando se sentava numa mesinha de bar, com um choppinho do lado e umas batas fritas pra beliscar, um pagode tocando no fundo pra animar.
Raimundo percebeu o quanto a felicidade pode estar nas coisas pequenas da vida. Voltando pra casa, caiu na cama, e dormiu como um anjo.
Decidiu acordar cedo pqra ver novamente o nascer do sol, mas, a chuva caia forte lá fora. O céu estava muito nublado. Mas, a chuva tinha seu charme, a água que caia do céu fazia um barulho tão gostoso que dava vontade de ficar na cama, mas, Raiumundo ao contrário decidiu sair, como estava, e deixou a chuva cair sobre seu rosto, cantava, como se aquela água fosse um campo de energia que o revitalizasse, um banho de felicidade vindo do céu. Quando percebeu a hora saiu correndo pra casa, tomou banho e foi trabalhar. Era sexta-feira e todos já estavam cansados da rotina, loucos para ir pra casa curtir o fim de semana. Raimundo estava como há dois dias atrás, feliz e de alto astral. Todos já haviam esquecido o
Raimundo de antigamente, pois, por mais que tenham sido apenas três dias de alto astral, esse Raimundo novo é que iria ficar na mente de todos, pois aquele Raimundo rabugento, seria esquecido rapidamente. O fim do dia chegou e Raimundo não sabia o que iria fazer pra aproveitar, depois de tanto tempo em casa, já não sabia mais seus gostos. Decidiu abrir o jornal para ver as opções e o anúncio de um hotel fazenda chamou sua atenção. Pegou seu carro e colocou o pé na estrada no meio da noite. A viagem era longa, cansativa, mas, ele precisava fazer. Chegou de madrugada no hotel fazenda e quis o melhor quarto. Foi pra cama descansar mas acordou cedo , como todos os dias. O sol estava raiando, e ele decidiu ir pra piscina. O barulho da criançada brincando era como música para o ouvido de Raimundo, agora ele já conseguia ser feliz vendo a alegria dos outros. Decidiu também soltar seu lado criança e deu um belo salto na água. Parecia uma criança saltando, e nadando, plantando bananeiras. As crianças logo se aproximaram e ele brincava com elas, jogava água, colocou todas em seu ombro e competiu com elas pra ver quem ficava mais tempo embaixo d´água. A tarde Raimundo soube de um jogo de futebol com os adultos e foi lá no campo jogar . Marcou dois gols e ajudou seu time , que estava com camisa, a vencer o time sem camisa por sete a três. A programação do hotel era animada, a noite estava marcado o show de dois comediantes, e
Raimundo até entrou no show, convidado pelos dois, e ajudou a animar ainda mais o espetáculo, nem se importava com o que os outros iriam achar.
No último dia de prazo que a cigana havia dado, Raimundo ficou preocupado. Agora que havia descoberto as coisas boas da vida, não podia morrer, ele queria continuar assim. Pediu perdão a Deus pelo mal que ele transmitiu a todos antes de saber que morreria, e agradeceu por ter colocado a cigana em seu caminho pois se ela não tivesse dito que ele morreria, não teria descoberto tudo aquilo que não viu em tanto tempo.
Também pediu para que desse mais uma chance a ele, pois Raimundo estava feliz e era assim que ele queria ficar.
Passaram-se cinco anos, Raimundo agora é casado, tem duas filhas, é um pai excelente e um marido ideal. Continuava no mesmo escritório, que cresceu bastante, graças a mudança dele e a motivação que ele passava a todos que lá trabalhavam. Raimundo nunca mais procurou aquela cigana, não se importava em saber o porque ela havia dito aquilo, mas, ele sempre agradecia, por ela ter mudado o caminho de sua vida.
Hoje ele é feliz, pois sabe que tem que aproveitar ao máximo sua vida, olhando em sua volta, sorrindo para as pessoas, admirando a natureza e amando ao próximo, pois ele sabe que está em seu destino que o quinto dia irá chegar, e, quando chegar, ele terá certeza de que fez sua parte.
(Fábio Granville)

A CARAVANA DE LUZ – ELES ESTÃO CHEGANDO

A CARAVANA DE LUZ – ELES ESTÃO CHEGANDO

LIMPE SUA MENTE DE TODOS OS MAUS PENSAMENTOS
ABRA SEU CORAÇÃO PARA RECEBER A LUZ
AGORA FAÇA DELE UMA CLAREIRA EM MEIO A MATA.
LOGO ADIANTE ESTA A ESTRADA, O RIO LIMPO E SERENO PASSA ALI PERTINHO.
TUDO PRONTO, VAMOS AGUARDAR
OUÇA O TILINTAR DOS ARTEFATOS BATENDO UNS NOS OUTROS, OUÇA O TROTAR DOS CAVALOS, O RISO ALEGRE DAS CRIANÇAS, A VOZ FORTE DOS HOMENS E O CANTO DAS MULHERES.
A ALEGRIA ESTÁ CHEGANDO E COM ELA, A CARAVANA DE LUZ.
UMA A UMA AS CARROÇAS VÃO ENTRANDO EM SEU CORAÇÃO.
FORMAM UM CÍRCULO PERFEITO, SEM INICIO OU FIM, REPRESENTANDO A ETERNIDADE.
OS HOMENS SE APRESSAM EM ACENDER A FOGUEIRA QUE AGORA VAI AQUECER O SEU CORAÇÃO
AS MULHERS PROVIDENCIAM O ALIMENTO PARA A SUA ALMA
AS CRIANÇAS CORREM, BRINCAM E ESPALHAM ALEGRIA POR TODO O SEU SER.
TUDO PRONTO, O ACAMPAMENTO CIGANO SE INSTALOU EM SEU CORAÇÃO.
VOCÊ SE SENTE QUERIDA, AQUECIDA, ALIMENTADA, FELIZ.
A FESTA DESTA NOITE É EM SUA HOMENAGEM.
TODOS EM VOLTA DA FOGUEIRA, O CHEFE DO CLÃ INICIA UMA ORAÇÃO PARA AGRADECER A DEUS E A SANTA SARA PELO CORAÇÃO ENCONTRADO, TODOS AGRADECEM
AS CRIANÇAS SÃO AS PRIMEIRAS A SAIR CORRENDO FELIZES APÓS A ORAÇÃO.
O SOM DE UM VIOLINO CORTA A NOITE, AS CHAMAS DA FOGUEIRA PARECEM INICIAR A DANÇA.
OS MAIS VELHOS BATEM PALMAS, OS JOVENS SAEM DANÇANDO AO SOM DA MELODIA.
SUA ALMA CIGANA FALOU MAIS ALTO, VOCÊ RODOPIA FELIZ, A SAIA RODADA, O LENÇO, OS ANÉIS, AS PULSEIRAS SURGEM POR ENCANTO.
VOCÊ É UMA CIGANA
O TEMPO PASSA E VOCÊ NEM SE APERCEBE, FECHA OS OLHOS E SENTA PARA DESCANSAR.
AO ABRI-LOS O DIA JÁ RAIOU, A CARAVANA DE LUZ PARTIU.
QUE PENA, BEM QUE ELES PODIAM FICAR PARA SEMPRE EM SEU CORAÇÃO, MAS ELES SÃO CIGANOS, PARTIRAM EM BUSCA DE UM NOVO CORAÇÃO.
NÃO FIQUE TRISTE.
ELES DEIXARAM A FOGUEIRA, VOCÊ NUNCA MAIS SENTIRÁ O FRIO DA SOLIDÃO.
DEIXARAM ALIMENTO PARA ALIMENTAR SUA ALMA
DEIXARAM A ALEGRIA E É TANTA QUE VOCÊ PODE DIVIDI-LA COM TODO O MUNDO.
DEIXARAM A ESPERANÇA DE DIAS MELHORES, A SABEDORIA E A CERTEZA QUE VOCÊ ESTÁ PRONTA.
E POR FIM DEIXARAM A CIGANA QUE VOCÊ SEMPRE FOI, AGORA COM UMA MISSÃO.
A CIGANA TEM O DOM DA PALAVRA, DE SEUS LÁBIOS SAIRÃO PALAVRAS DE ESPERANÇA, DE FÉ, DE HUMILDADE, DE AMOR.
PALAVRAS QUE AQUECERÃO CORAÇÕES SOLITÁRIOS,
PALAVRAS QUE LEVARÃO A PAZ, QUE ILUMINARÃO CAMINHOS, PALAVRAS QUE ESPALHARÃO ALEGRIA E SANTA SARA ESTARÁ COM VOCÊ.
NUNCA SE ESQUEÇA DE DAR DE GRAÇA O QUE DE GRAÇA ACABOU DE RECEBER.
UM DIA EM UM FUTURO DISTANTE, QUANDO SUA MISSÃO TIVER SE ENCERRADO, A CARAVANA DE LUZ VAI VOLTAR
E DESTA VEZ, PARA TE BUSCAR CIGANA

LENDA DAS SEREIAS, RAINHAS DO MAR

LENDA DAS SEREIAS, RAINHAS DO MAR

É noite de lua cheia maré alta, tempestade, os pescadores sabem que Iemanjá a rainha do mar esta dançando em cima das ondas. Quem a ver vai com ela para o fundo das águas, sua “Morada do Amor”. É tal a idolatria dos pescadores e moradores beira-mar pelas sereias, que suas mulheres sentem delas ciúmes.
Oguntê, velha guerreira amante favorita e apaixonada dos pescadores valentes.
Muitos, beira-mar já viram o esplendor do aparecimento de Marabô, que surge das águas em sua carruagem de cavalos marinhos, acompanhada de seus súditos, outrora pescadores, que a viram, por ela se apaixonaram e no fundo do mar a amaram.
Contam que um pescador foi morar no fundo com Caiala, no encontro do mar com o grande rio, rainha das profundezas.
Em outros lugares conta-se que a sereia Sobá, menina – moça, princesa do mar, foi vista em sua concha, onde guarda seus tesouros e seus amores. No fundo do mar, ela é considerada por muitos como a irmã mais nova de Oguntê.
Oloxum é às vezes vista até mesmo de dia, no reflexo do sol sobre o mar e a luz dourada do sol se reflete em seus cabelos de prata, proporcionando uma espetacular e mágica visão.
Em outras regiões, noite alta, beira – mar afora mesmo sem se ter tempestade no céu, sente-se no mar a presença e o encantamento de Inaê passeando prateada sobre as ondas de espuma branca.
Certo pescador um dia viu Mukunã, se enlaçou em seus cabelos e naquele emaranhado, se amaram… Como os outros, nunca mais voltou.
Num misto de encantamento e mistério, mar alto voa esverdeada a sereia Dandalunda, em um peixe voador, procurando seu amado entre os pescadores fortes e corajosos que se aventuram entre os seus saveiros mar alto.
Contam que um pescador viu Janaina, de longos cabelos prateados e não voltou.
Iemanjá é a mãe, a rainha dos peixes e a dona das fontes, dos pequenos e grandes rios, dos grandes e pequenos lagos, onde houver um pouco d’água parada ou corrente, seja ela doce ou salgada, é sempre constatada a presença da poderosa rainha de todas as sereias “Iemanjá”.
Se for noite de lua cheia, maré alta, tempestade, todos os pescadores se lançam ao mar, sentindo ao mesmo tempo, medo e desejo, fazendo suas promessas, todos querem ver sair das águas a sua rainha.

A CARAVANA DE LUZ

A CARAVANA DE LUZ


Noite cheia de estrelas
A lua clareia as aguas do rio que segue tranquilo em seu leito.
Logo adiante, em meio a uma clareira está o acampamento cigano.
O local previamente escolhido está calmo e sereno.
Esta noite os violinos estão silenciosos, não existem danças, a alegria se ausentou, o povo cigano está triste.
Em um dos carroções em seu leito de morte está Mirko, ao seu lado a fiel companheira de tantas lutas e viagens, Raquel..
A velha cigana, a curandeira da tribo ainda coloca sobre sua testa algumas folhas para aliviar a febre que aos poucos vai minando as forças do velho cigano.
Ela sabe que a sua luta é ingloria, o cigano está partindo, mas deixa a mulher, os filhos, os amigos ciganos e também uma lição de vida para os jovens da tribo.
Mirko um dos ciganos mais respeitados da nação cigana, cumpriu sua missão terrena e parte para o além.
Somente a velha curandeira consegue ver, que logo ali, pertinho está a nova tribo de Mirko, a caravana pronta para seguir viagem, esperando apenas o seu velho companheiro.
Um ultimo olhar para o alto, um sorriso apagado e Mirko ainda consegue dizer algumas palavras para a companheira.:
Minha fiel Raquel, parto em busca de novos campos, novas fronteiras, rumo ao criador, não chore, fique feliz por mim , fique feliz pela gente, eu consegui e te espero, algum dia volto para te buscar, cuide dos nossos filhos, mantenha unida a nossa família e o nosso povo.
Um longo suspiro e Mirko partiu rumo a eternidade.
É recebido por velhos companheiros, seus pais, amigos de outras vidas, todos unidos novamente.
Lágrimas de felicidade no rosto do cigano, estava de volta ..
Tudo pronto, o grupo está partindo e com eles velho companheiro e a Caravana de Luz que segue rumo ao infinito.

CIGANO IGOR DO RIO EUFRATES

CIGANO IGOR DO RIO EUFRATES

Sou um cigano errante, Filho do sol e da Lua, Quando nasci, me batizaram , na beira do rio Eufrates, Falaram em meu pequeno ouvido, o meu nome secreto, Me deram tantas virtudes, das quais me orgulho até hoje. Andei por muitos caminhos, E não encontrei o que tanto procuro, Mas não me canso de buscar, apesar dos espinhos Que ferem os meus pés , quando ainda está escuro.
Sou o filho da Lua e do Sol, Um pássaro livre a voar, Estou aqui, ali e acolá, Realizo caminhadas, sem nunca sequer me cansar. Pois meu destino é andar e voar. Voô nos meus pensamentos E vou onde me leva o vento, Vou ao encontro do amor, Que eu sei que existe em algum lugar. Preciso de um amor, Para encantar meus dias, Que não me esqueça e me chame, Que grite bem alto o meu nome e o repita mais vezes… Igor!…Igor!…Igor!….
Vem para mim, vem me amar! Sou o Rei e sou o Príncipe, de um Reino Universal Meu reinado nunca acaba, pois a minha coroa é a vida. Meu reino é feito de amor, de paz e de puro êxtase! Sou o caminheiro do tempo, pois faço qualquer roteiro. Pois o importante é nunca parar. Sou o primeiro e o último de todos os perseguidos Honrado ou deprezado, odiado ou simplesmente amado.
Sou o ruído e o silêncio : sou o pranto e a alegria. Sou o eterno caminho, sou o menino do dia e o amante doce da noite, Sou o alívio das dores, dos corações que amam, portanto se precisares, Basta apenas chamar pelo meu nome, nunca esqueça, o meu nome é Igor! Me chame…, me chame…, me chame.