Muitas vezes a intenção do espírito desencarnado é proteger sua suposta vítima. Não percebe que sua ação, que sua proximidade, é prejudicial. Há também os que se aproximam por simpatia, em busca de companhia, de algum conforto. Na verdade somos nós que os atraímos com nossos pensamentos, palavras e ações.
Mas quem disse que para haver obsessão precisa ter algum espírito desencarnado participando? Aliás, a palavra obsessão dá a ideia de perseguição, mania, ideia fixa. Pois ela pode acontecer entre encarnados. Não só pode acontecer como acontece frequentemente.
O que a diferencia da obsessão de desencarnado para encarnado, que é o que estamos acostumados a ouvir? A diferença é a maior facilidade de acesso de obsessor para obsediado, já que ambos estão no mesmo plano físico. Isso não impede que essa obsessão aconteça também no astral. Durante o período de sono físico, livre das convenções sociais impostas aos encarnados, o obsessor pode trabalhar mais livremente, mostrando sua verdadeira cara.
Você acha isso assustador? Não se assuste; talvez você passe ou já tenha passado por isso. Um filho que esperneia quando quer alguma coisa, que se joga no chão e grita, ou que faz chantagem emocional, manipulando a mãe: Isso não é um obsessor? Claro que é. Influencia, manipula e domina. Um marido possessivo, que nutre um ciúme doentio pela mulher; que a impede de qualquer proximidade com outros homens, que tem ciúme e faz cenas por causa de artistas, de homens famosos, que tem ciúme do computador e das amizades virtuais: Isso não é um obsessor? Claro que é. Abafa a personalidade da esposa, interfere na sua liberdade, acaba com sua autoestima.
Mas é bom lembrar novamente que nem sempre o que desencadeia o processo obsessivo é mal intencionado. Pelo contrário. Uma característica bastante comum neste tipo de obsessão é o propósito de proteger. E essa “proteção” é exercida de duas maneiras, como Rei ou como Escravo. Observe e veja que provavelmente você conhece pelo menos uma situação assim.
O primeiro tipo é o Rei. É o dominador, a autoridade absoluta em seus domínios, que geralmente é apenas a sua casa. Na sua cabeça, o que ele quer é o melhor para os seus Súditos, que são os seus familiares. Tudo tem que ser como ele quer. É autoritário e acredita que só ele pode tomar decisões acertadas. Às vezes é subserviente no trabalho e desconta suas frustrações de liderança em casa, nos seus Súditos. Seu cônjuge e filhos vivem sufocados sob o seu comando, e ele acha que faz uma grande coisa por eles, interferindo em suas escolhas, atitudes e relacionamentos. É comum que seus familiares sintam-se mal em sua presença. Se muito sensíveis, passam a experimentar conflitos e complexos de culpa por desejarem vê-lo longe.
O segundo tipo é o Escravo. Faz todas as vontades da pessoa a quem escolheu para servir. Tem cuidados extremados, é capaz de fazer todo tipo de sacrifício e até de cometer insanidades pelo bem do seu Senhor. Quase sempre se trata de pessoa só e carente, espécie de “patinho feio” com histórico de rejeição. Precisa de um alvo para direcionar o seu amor e os seus desvelos, procurando, mesmo que inconscientemente, ser reconhecido por alguém no mundo, já que ninguém antes lhe deu atenção. Quer o seu Senhor só pra si, monopolizando seu tempo e sua atenção. Acaba afastando de seu Senhor qualquer pessoa que represente uma ameaça à sua devoção. Com o tempo, seu Senhor termina isolado, dependente do Escravo, sua única e exclusiva companhia.
Você conhece algum desses tipos? Como em todas as relações próximas que mantemos, é preciso buscar suas origens no passado remoto do espírito imortal. Essas relações doentias podem ser fruto de muitas reencarnações, pedindo urgente reajuste.
Observe a si mesmo, observe sua própria vida, verifique se já não ocupou uma dessas posições. Isso pode comprometer irremediavelmente uma passagem pela Terra. Temos que estar atentos e ter coragem de enxergar as coisas com um olhar mais largo, sem nos atermos apenas no instante presente.
Por Morel Felipe Wilkon
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