Nasci em meados de 1776 em Paris, França, numa família de classe média. Era o único “varão” entre cinco mulheres, e por esse fato, quando completei 15 anos, meu pai enviou-me para a Escola Real Militar de Paris, onde além de estudar, fui treinado na artilharia e saí de lá graduado como Tenente.
Assisti à queda da Monarquia Francesa, quando em 1793, Luís XVI foi guilhotinado em praça pública. Em 1796, já como General do Exército Francês, parti para a primeira de muitas Guerras chefiadas por Napoleão Bonaparte, na Itália. Muitas mortes e sangue derramado em nome da Conquista da Europa.
Juntos, conquistamos grande parte de Países Europeus, exceto a Inglaterra, que se uniu aos nossos inimigos.
Eu não precisava receber ordens superiores, por mim mesmo causei grandes barbáries e muitas mortes desnecessárias, tudo em nome da ganância. Misericórdia era uma palavra que não existia em minha essência e muito menos em meu vocabulário, afinal, eu era General de Napoleão, o homem mais poderoso de todo o Continente, aquele que era o nosso Imperador, coroado por si próprio desprezando até mesmo a sua Santidade, o Papa.
Em 1810 começamos a preparar a nossa tropa para atacar a Rússia. Quase um milhão de homens eram treinados por mim e por outros generais para matar e morrer. Éramos chamados de “La Grande Arméé”.
Em meados de 1812, estávamos prontos para atacar Moscou. Fomos em direção ao Kremlin, onde Napoleão já estava alojado, mas não contávamos que os Russos haviam colocado fogo em Moscou.
Eu, já nessa data, era um importante Marechal e liderando meus homens, fui com muito sangue nos olhos atacar sem dó nem piedade os Russos. O sangue jorrou até o por do sol, 16 horas de uma Guerra sangrenta em um frio de – 32 C°.
Nosso exército foi arrasado, mais de seis milhões de mortos entre civis e militares. Eu e mais muitos outros estávamos esfarrapados, desnutridos, machucados e feridos com muita gravidade. Vagávamos com fome, frio e sede.
Não tínhamos consciência de “nosso estado”. Éramos atacados e torturados por inimigos com aparência de zumbis. Meus ferimentos doíam e sangravam demais e estavam apodrecidos, com vermes que os consumiam, dos quais eu não conseguia me livrar.
Meu exército e eu estávamos vagando com frio, fome e doentes, por um lugar sombrio onde não havia noite nem dia, tudo era cinza. O sofrimento era interminável.
Eu estava preso ali naquele cenário, e por mais que procurasse, não conseguia encontrar o “exército sadio”, para que me tirasse daquele lugar medonho. Vagava ali, exausto, doente, ferido, apodrecido, com fome, frio e sede, quando cheguei ao meu limite.....
Com muita dificuldade, ajoelhei-me ao solo enlameado e cheio de vermes e com todo o meu coração, chorei e rezei pela primeira vez em toda a minha existência.
Adormeci assim, pela primeira vez, em muito tempo.
Acordei com os meus olhos quase cegados por uma luz com um brilho imensurável, onde um negro senhor me estendia as duas mãos. Não estava entendendo nada, mas resolvi aceitar a ajuda, pedi clemência por meu estado mais do que debilitado. Fui surpreendido pela maior atmosfera de amor, carinho e bondade que eu jamais havia sentido.
O senhor me disse assim:
- Filho! Levante-se! Até que enfim, após 120 anos de sofrimento você clamou por Deus com o seu coração! Estou aqui para lhe ajudar!
Confesso não ter entendido nada. Como assim, 120 anos??? Como num passe de mágica, adormeci.
Acordei, não sei precisar quanto tempo depois, limpo, sem fome, sem ferimentos em um lindo e aconchegante lugar desconhecido, onde novamente surgiu aquele senhor negro e bondoso que me resgatou de meu inferno.
Ele então me disse:
- Filho, nós cuidamos de você. A sua vida na Terra acabou e continuará aqui. Se quiser a minha ajuda, irei acompanha-lo nessa sua nova etapa, orientando-lhe e amparando-lhe, desde que esteja disposto, a partir de agora, a tornar-se um General a serviço do bem, da caridade e do amor sincero e incondicional ao próximo.
Eu disse:
- Sim! Podemos começar!
E foi daí que iniciei a minha caminhada espiritual em prol de minha evolução, ajudando, aprendendo, trabalhando e estudando, para depois de muito tempo tornar-me o General da Luz nas trevas, com o Codinome Exu Capa Preta.
Assim que me for permitido, voltarei para narrar mais alguma parte importante de minha caminhada espiritual.
Que o nosso Pai Oxalá esteja sempre em vossos corações.
Exu Capa Preta
(Não posso revelar meu nome de encarnado, mas o mesmo consta escrito no Arco do Triunfo como um dos soldados das Guerras Napoleônicas.)
pela médium Luciana Palomares Scalise