sexta-feira, 8 de outubro de 2021

O GIGANTE DEITADO (Chico Xavier)

 O GIGANTE DEITADO (Chico Xavier)


Pode ser uma imagem de 3 pessoas, pessoas sentadas e pessoas em péNascido em Ituiutaba (MG), em 1 de novembro de 1939 e tendo desencarnado em 25 de novembro de 1989, a vida de médium Jerônimo Mendonça foi um exemplo de superação de limites.

Totalmente paralítico há mais de trinta anos, sem mover nem o pescoço, cego há mais de vinte anos, com artrite reumatóide que lhe dava dores terríveis no peito e em todo o corpo, era levado por mãos amigas por todo o Brasil a fora para proferir palestras.

Foi tão grande o seu exemplo que foi apelidado “O Gigante Deitado” pelos amigos e pela imprensa.

Houve uma época, em meados de 1960, quando ainda enxergava, que Jerônimo quase desencarnou de uma hemorragia acentuada das vias urinárias.

Estava internado num hospital de Ituiutaba quando o médico, amigo, chamou seus companheiros espíritas que ali estavam e lhes disse que o caso não tinha solução. A hemorragia não cedia e ele ia desencarnar.

- Doutor, será que podemos pelo menos levá-lo até Uberaba para despedir-se de Chico Xavier? Eles são tão amigos!

- Só se for de avião. De carro ele morre no meio do caminho.

Um de seus amigos tinha avião. Levaram-no para Uberaba. O lençol que o cobria era branco e quando chegaram a Uberaba estava vermelho, tinto de sangue.

Chegaram na Comunhão Espírita onde Chico trabalhava, mas ele não estava naquela hora, participava de trabalho de peregrinação, visita fraterna, levando pão e o evangelho aos pobres e doentes.

Ao chegar, vendo o amigo vermelho de sangue, disse Chico:

- Olha só quem está nos visitando! O Jerônimo! Está parecendo uma rosa vermelha! Vamos todos dar um beijo nessa rosa, mas com muito cuidado para ela não se despetalar!

Um a um, os companheiros passavam e lhe davam um suave beijo no rosto. Ele sentia a vibração de energia fluídica que recebia em cada beijo. Finalmente, Chico deu-lhe um beijo, colocando a mão no seu abdome e assim permanecendo por alguns minutos.

Era a sensação de um choque de alta voltagem saindo da mão de Chico, o que Jerônimo percebeu. A hemorragia parou.

Ele que, fraco, havia ido ali se despedir para desencarnar, acabou fazendo a explanação evangélica a pedido de Chico. Em seguida, veio a seguinte explicação:

- Você sabe o porquê desta hemorragia, Jerônimo?

- Não, Chico.

- Foi porque você aceitou o “coitadinho”. Coitadinho do Jerônimo, coitadinho… Você desenvolveu a autopiedade. Começou a ter dó de você mesmo. Isso gerou um processo destrutivo. O seu pensamento negativo fluidicamente interferiu no seu corpo físico, gerando a lesão. Doravante Jerônimo, vença o coitadinho. Tenha bom ânimo, alegre-se, cante, brinque, para que os outros não sintam piedade de você.

Jerônimo sobreviveu quase trinta anos após a hemorragia “fatal”. Venceu o “coitadinho”.

Que essa história nos seja um exemplo para que nos momentos difíceis tenhamos bom ânimo, vencendo a nossa tendência natural de autopiedade e esmorecimento.


Texto da :FRATERLUZ

terça-feira, 5 de outubro de 2021

O OBSESSOR DO BAR !

 O OBSESSOR DO BAR !


Pode ser uma imagem de textoAnos atrás, costumava ir a um bar noturno para ouvir o pessoal tocar blues e rock. Foi uma forma de diversão e expressão artística que vivenciei por poucos meses, mas com bastante intensidade durante essa época da minha vida.

Infelizmente, naquele ambiente, o excesso de emanações alcoólicas, de fumaça de cigarro, além da presença, nos “bastidores”, de certas drogas, demonstrava que a atmosfera psico-espiritual era bastante perturbadora. Isso não significa que o rock, o blues ou o barzinho, tão frequentado por jovens, sejam sinônimos de desequilíbrio. Mas naquele caso, era.

Certa noite, já de madrugada, me vi projetado fora do corpo na porta do bar e logo percebi o que estava ocorrendo. Próximo à entrada havia um grupo de espíritos, alguns desencarnados e outros temporariamente projetados fora do corpo, como eu.

Fui me aproximando e, então, vi um espírito, com a aparência de uns vinte e cinco anos, que me chamou a atenção. Quando ele me viu, fui logo reclamando: - Você é um espírito obsessor! Está me perturbando!

Ele continuou na dele, sem dizer nada, apenas me encarando. Então continuei:

- Por que você faz isso? Por que está fazendo a turma beber até “encher a cara”?

Para meu espanto, ele me respondeu com a maior naturalidade:

- Pare de ser hipócrita! Não sou eu que faço o pessoal beber e fumar! Eles bebem e fumam porque querem, eu apenas “curto” junto... dou uma forcinha!

Foi aí que “caiu a ficha” e percebi o quanto eu estava sendo infantil. É claro que todos somos responsáveis pelos nossos atos, não podemos responsabilizar os outros por isso. Temos que parar com esse “papo” de espírito obsessor. Então perguntei:

- E como você faz isso?

- É simples! Quando alguém fuma, por exemplo, chego bem pertinho da pessoa, quase abraçando-a, e aspiro a fumaça ao mesmo tempo.

Enquanto explicava, foi demonstrando. A impressão que tive, quando ele aspirou a fumaça, é que o perispírito dele se justapôs ao de um jovem que tragava um cigarro naquele momento, quase que “colando” nele.

Após esta curta conversa, voltei ao corpo físico e despertei. Rememorei bem o que ocorreu para não esquecer mais e, após uma prece de agradecimento pela lição recebida, adormeci.

Dias após este fato, parei de frequentar este bar. Ele mudou muito, não está como antes, mas a lição que aprendi me marcou profundamente.

Quantas vezes, numa atitude imatura, culpamos os outros pelos nossos fracassos? Quantos de nós não criamos obsessores imaginários para os responsabilizarmos por nossos vícios? Quando se fala em obsessor, logo vem à mente a imagem de um ser diabólico, malvado. Aquele espírito, que não era exatamente um obsessor, mas um coparticipante dos desequilíbrios alheios, era muito inteligente e culto. Um artista e intelectual, só que desencarnado.

Precisamos nos libertar dos preconceitos e perceber que um espírito só pode nos induzir com sucesso a fazermos algo se dermos abertura mental, ou seja, se o “mal” já existe dentro de nós. Só assim amadureceremos e assumiremos a direção do barco da nossa vida, não permitindo que ele se afunde nos momentos de tempestade.

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Fonte: Revista Cristã de Espiritismo
Texto de Victor Rebelo.

UMA GUERREIRA NO ASTRAL

 UMA GUERREIRA NO ASTRAL


Pode ser uma imagem em estilo anime de 1 pessoaUma noite.
Um sonho.
Uma realidade.
Uma Guardiã.

Ela tinha se deitado após acender uma vela branca consagrada ao seu anjo de Guarda.
Ela Guardiã... Não se dava muito crédito.
Por isto vivia se fazendo desafios.
Mas exatamente esta noite...
Ela desafiou seu próprio poder, " hummm, duvido que eu sou o que meu mestre falou, pois se eu for mesmo tudo isto, que na calada da noite "eles" me provem."
À Guardiã se deitou com à chama daquela vela tremulando sob sua silhueta feminina, ao barulho externo de músicas, e pessoas indo e vindo ao tilintar do frenesi noturno central, de uma cidade grande.

Era noite (para ela triste e solitária) onde ela tinha que deixar seus medos de lado, para aprender à viver em sua concha na mais completa solidão.
Com todos estes pensamentos "para ela nefastos."
Pegou em uma leve madorna,
Derrepente...
Não mais que Derrepente,...
Em um leve balanço de corpo se acomodando melhor em seu colchão
Ortopédico, ela sentiu...
"Meu Deus... meu Deus...Meu Deus.
Ela, ao trêmular da chamado espírito do fogo "saindo da chama da vela, olhou se de soslaio e viu......
Viu o que nenhum ser humano normal poderia imaginar...
Ela se viu armada até os dentes, e entre pensamentos confusos Clamou:
"DEUS... Peço te em sua infinita misericórdia, que NÃO seja verdade.
Porém.... Sim era verdade,.
Ela estava se vendo armada da cabeça aos pés.
Porque ao balanço do seu corpo ela sentiu viu, e ouviu o tilintar das armas em todo extensão do seu pequeno e delicado corpo.
Detalhes:
Esta agora Guardiã, estava vestida com uma capa, de capuz preta até um pouco abaixo do joelho, ao se ver melhor na penumbra daquela vela, (apenas o espírito do fogo como testemunha) com uma grande espada em sua cintura um punhal em cada pulso de sua pequenas e delicadas mãos, mais um punhal pequeno em seu pescoço (precisamente na dia nuca) um punhal entre seus tornozelos em sua bota de cano médio.
Um punhal "Não tão pequeno do outro lado da cintura.
Um Punhal em seu Fino pescoço. Seus pulsos internamente, entre o seu casaco e mãos, mais punhais pequenos pontiagudos com pontas envenenadas,
Cada vez que a Guardiã olhava para se mesma, ela tinha a mais absoluta certeza, que estava enlouquecendo.
Então para seu maior desespero.
Apareceu seu "Parceiro do Astral. "Mehi Tranca Ruas."
Disse lhe...
"Viu Guardiã Nunca mais duvide de te.
Nunca mais .....
duvide de me,
Nunca mais duvide de Nós.
Hahahahahahahahaha..
Boa noite parceira..
E com esta belíssima gargalhada, amado Mehi desapareceu nas brumas do espanto desta Guardiã, que um dia duvidou de si mesma!...
By_ Gilvandes Ferreira Santos
( Foi um fato verídico acontecido em 2011
Na rua Conselheiro carrão (bela vista) São Paulo!

ME MATEI POR CAUSA DELA (História psicografada)

 ME MATEI POR CAUSA DELA
(História psicografada)


Pode ser uma imagem de uma ou mais pessoasAtenção, texto muito forte – detalhes suicidas. Devido à familiares ainda estarem encarnados, nomes e locais foram preservados.

PELO ESPÍRITO CLÁUDIO
Depois de muito tempo, hoje estou recuperado de um longo período trevoso, do qual muito agradeço à bondade infinita de Deus que, estando eu em profunda miséria espiritual, estendeu Suas mãos divinas. Hoje estou digno de pronunciar Seu nome! Sim, cometi o maior crime contra Deus! E o que é pior: sucumbi às provas que eu mesmo pedi. O esquecimento é uma benção, porque nos dá uma nova chance de corrigir erros, ao longo das reencarnações.

Eu e minha esposa tivemos em existência anterior uma união, onde ela, mais evoluída e à frente de seu tempo, não suportou permanecer ao meu lado. Eu que trazia em meu caráter o machismo e a opressão sobre a mulher, características peculiares dàquela época. Ela fugiu, me abandonando, apesar de nos amarmos. Quando desencarnamos, nos reencontramos e a Espiritualidade sugeriu, para o nosso progresso, uma nova existência para as reparações de erros. No estado de espírito, na Colônia, e diante dos Divinos Orientadores do Departamento de Reencarnações, as provas sugeridas e solicitadas parecem demasiadamente fáceis. Mas em meu espírito, ficou preservada uma vaga lembrança de "perda".

NOVA EXISTÊNCIA
Estava há cinco anos casado com Leila e tínhamos dois filhos, um de quatro anos e outra de dois anos. Éramos jovens e eu nutria cada vez mais os sentimentos de posse e de imposição. O chamado "ciúme doentio", que só serve para destruir tudo o que vêm pela frente. Eu só queria conservá-la comigo, à qualquer custo. Desesperadamente não queria perdê-la (de novo) e, por isso, agia e falava sandices praticamente sem pensar.

O CRIME
À medida em que o tempo passava, a oprimia ainda mais, com "cenas" de ciúmes incabíveis e infundados. Eu estava cego às advertências de meus familiares e amigos. Queria responsabilizá-la de alguma maneira, sobre o possível fracasso de nossa união. Sequer eu pensava nas crianças.

Depois de mais um atrito, deixei-me levar por um acesso de cólera. Busquei, então, em minha gaveta chaveada do roupeiro, o presente que meu pai me dera antes de casar, para uma eventual defesa de minha família: um revólver já carregado. Num impulso demoníaco tomei-o, indo para a sala e disparei um tiro em minha própria cabeça, na frente dela.

Caí, mas alguma coisa parecia não ter dado certo! Sentia-me vivo! Comecei a gritar de dor, porém a voz não saía. Percebi que Leila entrou em pânico e, por isso, acreditei ter conseguido o meu objetivo. As crianças, em desespero, agarraram-se na mãe, chorando assustadas.

Eu estava imóvel e começava a perceber vozes trevosas, que não dava para distinguir. Em seguida, ouvi policiais batendo forte na porta, pois com certeza vizinhos deram alarme, por causa do tiro. Com as crianças gritando de medo, Leila, em prantos, abriu a porta já gritando:
"– Ele se matou! Meu Jesus, ele se matou!"
Um deles a amparou e exclamou:
"– Deus! Que tragédia, que horror!" – as crianças também acercaram o policial.
O outro acrescentou:
"– Não toquem em nada! Vamos chamar a Civil."

Eu gritava de dor, querendo também dar a perceberem que infelizmente ainda estava "vivo", mas minha voz não era emitida. Passou-se alguns minutos, os quais dava para ouvir burburinhos de pessoas no corredor, intercalados com vozes nítidas bem próximas, que diziam:
"– Pobre Leila! Tadinhas das crianças, que desgraça!"

Chegou o agente da Polícia Civil, para oficializar a apuração final, de um caso clássico de suicídio. Senti sua comoção expressiva, em relação à Leila e as crianças, assim como o ódio dirigido à mim, pelo meu ato covarde diante da minha família. A sala ficou cheia, com a movimentação das Polícias Civil e Militar, além dos paramédicos Legistas, que agiam para o recolhimento de meu corpo. Mas eu tinha a sensação de que estava vivo e não compreendia porque não percebiam e, mesmo, não me socorriam.

O PRIMEIRO CASTIGO
Acreditando que estavam cometendo uma "falha", em meio a dores terríveis, me puseram em um saco, fechando em seguida. Escuridão, sufocamento e o balançar até ser pousado em um carro, onde começava aumentar as vozes trevosas, acrescentadas agora das maledicências de meus sogros. Os solavancos do veículo agravavam minha dor, concentrada no local do tiro. Depois de parar, fui levado sem cuidados e pousado estupidamente numa superfície, onde finalmente o saco foi aberto. Um breve alívio, pelo ar que me invadia. As vozes deram uma trégua, como que aguardavam com muita expectativa e prazer, para os momentos que viriam.

A seguir, o médico legista, sem anestesia (quanta ingenuidade a minha!) passou a cortar minha cabeça, na região do tiro, para retirar a bala. Alucinado de dor pela ação do doutor, não conseguia desfalecer nunca. Além disso, sentia vertigem agonizante pela hemorragia que se sucedia. Depois ele suturou com curativo precário e chamou auxiliares. Me colocaram numa máca, que rapidamente andou e parou, e senti que abriram algum compartimento: era o freezer do necrotério do IML. O frio rapidamente anulou a dor, fazendo as vozes retornarem mas, à medida em que esse frio se intensificava, elas iam sumindo. Começava a sentir os sintomas do frio, como nevralgias agudas, calafrios incontroláveis e passei a acreditar que seria assim o meu termo, à qualquer instante, quando repentinamente a porta se abriu.

Soube depois que meu corpo foi reclamado pelos meus pais e iria iniciar-se os procedimentos para o enterro. Novos tormentos se sucederiam! Ainda no IML, mergulharam-me em uma espécie de banheira, onde afoguei-me sem perder os sentidos e, ao ser retirado, a dor na cabeça voltou com toda a força, fazendo-me não perceber que me vestiam, apesar de ser sacudido de um lado pra outro. Com as sensações de afogamento, me botaram num caixão e fecharam. As vozes começaram a "disputar" com as dores que, além daquela causada por mim mesmo, sentia as conseqüências de pneumonia aguda e ainda sufocamento, com o caixão fechado.

O SEGUNDO CASTIGO
Por razões óbvias, não houve velório e fui imediatamente sepultado, ouvi lacrarem a gaveta mortuária, sentenciando-me à minha própria "sorte". Dor atroz na cabeça, calafrios febris, sensações de cãibras e sufocamento, além da escuridão e vozes que pareciam gritar em meus ouvidos. Dava para identificar meus sogros e irmãos de minha esposa:
"– Maldito! Suicida covarde! Que apodreça no quinto dos infernos!"
"– Covarde! Sem caráter! Infernizou nossa filha, sem nem pensar em nossos netos!"
Outras vozes estranhas também vinham:
"– Suicida! Assassino de alma! A culpa é da tua mulher! Sofras agora por causa dela!"
"– Isso!!! Sofra, depois vingue! Odeie pelos tormentos que ainda vêm, para a vingança ter mais gosto!"

Na minha concepção, eu assumia pelo meu ato e acreditava que Leila se culpasse por isso. Do contrário, pleitear vingança estaria em segundo plano. Ouvia também, vagamente outra voz:
"– Arrependa-te! Peça ajuda à Deus, antes que seja tarde demais! Deus é bom, sempre perdoa!"
Mas quase respondia que "Deus nada tinha haver com isso!".

Essas confabulações todas eram paralelas às aflições que pouco a pouco iam se intensificando. Também havia mistura de sede, fome e o desejo desesperador de aliviar-me de alguma maneira. Já passava algum tempo e, além das dores, um fedor terrível começava a tomar conta do caixão. Um cheiro entorpecedor fazia arder as narinas, causando náuseas e repulsas, ficando as dores quase imperceptíveis e até ofuscando as vozes. Não sei quanto tempo permaneci assim.

O mau cheiro foi acrescentado de formigamentos (larvas), que iam aumentando pouco a pouco. A dor na cabeça e outros flagelos começavam a perder lugar para os formigamentos, que começaram causando coceiras aflitivas, progredindo para múltiplas fisgadas agudas, criando um desespero avassalador, pelo qual unindo toda a energia que dispunha, num frenezi de loucura gritei e, daí, fui puxado para trás, violentamente.

NOITES DE UMBRAL
Me vi em pé, diante do que seria o meu túmulo (ou a laje da referida "gaveta"), tonto, confuso e com um torpor estranho, além da dor na cabeça que prevalecia, como também senti estar na companhia de dois vultos, que eu não ousei encarar. Meu único alívio era o ar. Um deles disse:
"- Vamos!"
Num piscar de olhos, ou passe de mágica, o cemitério sumiu e, em seu lugar, uma curta gruta escura rochosa apareceu. Os dois vultos sumiram e um relâmpago permitiu ver que haviam três ou quatro homens naquela gruta e, atrás de mim, um abismo que se despencava. Ao redor parecia ser noite.

Novo relâmpago e deu para ver melhor que os homens ali estavam sujos, desnutridos, maltrapilhos, sentados e indiferentes a mim, inclusive; também deu pra ver que acima da gruta havia um paredão, propício somente para bons alpinistas bem equipados e fisicamente fortes. Apesar de indiferentes, um deles disse:
"– Bem vindo ao Vale dos Suicidas! Este é o nosso buraco. Sente por aí, se quiser falar ou ficar quieto.., tem muito tempo para decidir. "
Ia responder, ao mesmo tempo em que me sentava, ainda atordoado com a dor na cabeça, quando dois sujeitos em trajes exóticos "apareceram" de repente e um deles me falou:
"– Você tá pensando que vai ficar aí 'de boa' ??? O chefe quer falar contigo!"
"– Que chefe?" – retruquei.
Avançando a mão no meu ombro, com uma força incrível fez eu ficar em pé e, falando entre dentes, respondeu:
"– Eu disse que o chefe quer te ver!!!"

Parecida com a mesma "mágica" que os vultos fizeram antes, os dois sujeitos e eu subitamente estávamos em um grande pátio, com um casarão que lembrava o tempo antigo. Ainda era "noite" e antes de entrar na grande casa, deu para ver o céu com grossas nuvens escuras e que tudo era iluminado por tochas de fogo. Logo entramos na casa que, bem na entrada, havia um grande salão escuro, mal iluminado também por tochas e um ancião, imponente, com trajes semelhantes a um padre, que aguardava falando em seguida:
"– Deixa eu ver essa ferida! Pense em ficar bom."
Botou a mão nela e a dor cessou. Alegre, apalpei e não senti nenhuma ferida. Disse-me:
"– Tem comigo duas dívidas! Essa e a de lhe tirar do corpo, antes de ser devorado pelas larvas, migalha por migalha e... 'vivo'! Pagará, trabalhando pra mim. Fiquei sabendo que é inteligente, tem cultura e pode ser útil. Podem levá-lo!"

Cheguei a pensar que esse seria o diabo em pessoa, em aparência amena. Mas o único fogo que eu vi eram os das tochas que iluminavam precariamente tudo. Saímos da casa, atravessamos o pátio de entrada e descemos uma viela, onde foi possível ver do alto, uma espécie de cidade, com vários aglomerados, algumas ruas e dezenas de vielas que se cruzavam. Sempre tudo como "noite" e a iluminação do mesmo modo. Vi alguns alegres e em algazarra, enquanto que outros, em cantos escuros, choravam e lamentavam. Entramos em uma das muitas vielas e depois numa porta, que era tão somente para um quarto, com uma cama estreita, uma mesa e, no alto, uma pequena janela. Disseram-me:
"– Fique aqui e espere!"

Sairam e não demorou muito para que duas senhoras entrassem, com apetrechos de limpeza e, aos poucos, foram tirando a minha roupa e passando panos molhados, para me limpar. Deram-me roupas cinzas, mandaram me vestir, enquanto iam buscar alimentos. Voltaram em seguida e disseram:
"– Coma, descanse que depois alguém virá!"
Comi o que parecia ser carne e bebi uma estranha água. Então pensei: "– Tem alguma coisa errada! Será que estou no lugar certo? Bom! Melhor aqui do que naquela gruta. Que tipo de trabalho terei que fazer? Tenho a sensação de que falta alguma coisa!" Tentei dormir, mas pesadelos horríveis, com a repetição de meu ato, vozes e gritos confusos faziam acordar-me a todo instante.

Dois homens mal encarados entraram no quarto e um deles falou:
"- Vamos trabalhar! Nos acompanhe."
No que saímos para fora, um pegou no meu braço e senti um vento, como se voasse, mas rapidamente vi que estávamos num quarto com um idoso de uns 70 anos ou mais. Um dos que me acompanhava falou:
"– Ele não pode nos ver nem ouvir, mas sente os pensamentos. Você vai dirigir seu pensamento para ele, mandando que se mate!"

Sumiram e eu fiquei a sós com o idoso, que surpreendentemente passei a ouvir seus pensamentos:
"– ... E depois de tudo, de ter ajudado meus filhos e netos, de ter auxiliado tantas pessoas estranhas, sem sequer pedir recompensa, estou aqui, quase que abandonado neste asilo. Oh, Deus! Se tem que ser assim, dá-me forças para ir até o fim!"
Diante dessas palavras, envergonhei-me das minhas covardes atitudes com Leila e um remorso inesperado fez eu ficar sem ação.

Rapidamente um daqueles que me trouxeram apareceu, cobrando o combinado:
"– Se você não trabalhar, será castigado!"
Retruquei:
"– Que trabalho é esse??? Maldade contra um inocente, que eu nem conheço? Não! Não farei isso!"
Acreditando que em algum momento eu "morreria de fato", ignorei a possível conseqüência. Imediatamente o outro apareceu e, segurando meu braço, num piscar de olhos, estávamos novamente naquela grande casa com o referido "chefe", que informado sobre minha decisão, respondeu:
"– Penitência! Até que concorde com os meus termos."
"– E se ele não concordar?" – indagou um dos homens.
"– Despachem-no!"
Senti que a coisa ia "esquentar".

O TERCEIRO CASTIGO
Levaram-me para fora, um deles botou a mão no meu ombro e, de repente, estávamos diante de uma espécie de "cânon", ou seja, um grande valo de uns quatro metros de largura e cerca de um quilômetro de comprimento, com paredes rochosas irregulares nos dois lados, com uns três metros de altura. Havia também, aglomerados de "pessoas" e um dos que me prendiam disse:
"– Você tem que ir até o fim e subir numa escada que tem do outro lado. Lá conversaremos! Mas tente não ser devorado por essa gente, que morrem de fome e, para eles, seria bem melhor comer um desencarnado fresquinho, do que comerem uns aos outros."
Gargalharam e sumiram; olhei para trás e um abismo sumia à baixo. Apesar de haver anteriormente pensado em me matar, o instinto repelia isso, fazendo com que eu fosse para frente.

Foi quando, enxergando melhor aquelas criaturas, vi que a maioria estavam prostrados no chão, alguns se arrastavam e uma minoria estavam em pé. Contudo, havia desvantagem física em relação à mim. Eram desnutridos, semi nus, muitos deformados, aleijados, expressando-se por grunhidos, urros, bérros, gemidos, choros e uivos. À medida que eu andava, tentavam me morder, como cães hostis, e me agarrar, para a devora completa. Por vezes, cheguei a pensar em sucumbir, mas meu instinto me "empurrava" para a frente. Consegui chegar à tal escada e subindo, encontrei os dois sujeitos de antes.

"– Muito bem!" – disse um deles. "– Senti firmeza. Diga "sim" para o acordo do chefe, que tudo volta ao normal."
"– Não! Não vou fazer maldades com estranhos."
"– Resposta errada!"
Senti a mão do outro no meu braço esquerdo e, com uma força descomunal, os dois sujeitos me conduziram para àquela grande casa, porém entraram por uma porta estreita, à direita da principal, onde havia uma escada que descia. Em baixo, um largo corredor com inúmeras salas amplas. Entramos em uma, com muitos entulhos e uma fornalha. Rapidamente fui amarrado em duas pulseiras de ferro, presas por correntes, com os braços abertos, e os pés e pernas da mesma maneira.

Um sentou na minha frente e o outro foi para trás de mim. Não se deram o trabalho de tirar minhas roupas. Uma chicoteada nas costas fez eu ficar sem ar para gritar. O da frente, sarcasticamente falou:
"– Precisa sentir isso de frente! Vai ficar com a cara marcada! Diga "sim" e paramos."
Respondi negativo com a cabeça, que voltou a doer como antes, mas que diante da presente circunstância, pouco sentia.

O então algoz veio para a frente e desferiu outra chicoteada, que também suprimiu o ar para um grito de dor. O outro repetiu a pergunta, com a qual respondi da mesma maneira. Tomado de cólera, pegou uma ferramenta e extraiu uma de minhas unhas, em carne viva:
"– Diga "sim", infeliz!"
Sob a força da dor, gritei "não". Passou ele, então, a extrair todas as unhas. Urrava de dor, sentindo o sangue pingar de meus dedos. Depois, um firmando minha cabeça com a mão, pelos meus cabelos e o outro empunhando um ferro pontiagudo em brasa e aproximando de meu olho, disse:
"– Última chance! Diga "sim", desgraçado."
Pensando que seria o meu fim, reuni forças para contradizê-lo. Sem piedade, cravou o ferro no meu olho, fazendo-me finalmente perder os sentidos.

Não sei quanto tempo se passou, mas fui acordando ouvindo choros, lamentos e uivos à distância. Vi-me em pé, amarrado por correntes, com as mãos unidas sobre a cabeça e os pés também unidos, numa saliência do paredão de um abismo à pique onde, na minha frente, à pouco mais de dois metros, havia outro paredão que se despencava, como também não dava para perceber o topo. Meu olhar era ardido, por forçar o olho dilacerado. Mas dava para perceber intensa escuridão e grande umidade. Um vento forte e relâmpagos no alto, variavam essa nova situação.

Passei a sentir múltiplas dores e ardências generalizadas, por conseqüência do castigo recebido, somadas à dor na cabeça que voltava e aos novos flagelos que se iniciavam. As cenas de meu suicídio vinham em minha mente, repetidas vezes, fazendo-me corroer em remorsos degradantes. O frio intenso que se instaurava, aos poucos, amenizava algumas ardências e dores, mas davam lugar à outros tormentos. Se chorasse, o olho deformado causava-me gritos de dor. Quando continha-me com as dores, dava para ouvir à grandes distâncias, outras "pessoas" sofrendo. Foi assim que eu percebi a aproximação de uma grande ave de rapina mas, percebendo que eu estava "vivo", afugentou-se. Mesmo que pudesse, não daria para dormir.

Novamente veio as lembranças de meu suicídio e, sinceramente arrependido – não pelo o que eu estava passando no momento –, mas pela inocência de minha esposa, em relação aos ciúmes idiotas, e de meus tão pequenos filhos, que à mim foram confiados e que eu covardemente os maltratei injustamente, por presenciaraem cenas tão horríveis. Comecei a sentir uma vertigem, fazendo lentamente eu perder os sentidos e, achando que "findaria", consegui falar:
"– Então o inferno é assim! Senhor, tenho o que mereço! Perdoa-me por fracassar dessa maneira! Ajude Leila e meus filhos!"

O RESGATE
Acordei num leito de hospital, disposto, sem dores e surpreso senti meu olho restaurado. Estava limpo e com roupas claras e cheirosas. Um enfermeiro veio me ver:
"– Olá, Cláudio! Seja bem vindo à este Posto de Socorro! Como se sente?"
"– Muito bem! Como vim parar aqui? Acho que ontem eu estava na beira de um precipício escuro!!!"
"– O doutor já vem falar com Você! Enquanto isso, vou lhe servir algo para comer."
Sim, foi providencial. Serviu-me uma deliciosa sopa de legumes e um suco de frutas que me revigoraram por completo.

Em seguida o tal doutor apareceu, cheio de simpatia e agradável aparência. Repeti a pergunta:
"– Como vim parar aqui, doutor? Porque ontem eu estava na beira de um abismo em trevas!!!"
Surpreso, respondeu:
"– Ontem??? Fazem quase 30 anos que você está internado aqui. Mas despertou agora. Como se sente?"
Percebendo que eu fiquei mudo com essa informação, explicou:
"– Não se assuste, Cláudio! Casos como o seu, infelizmente acontecem. Este é um dos muitos Postos de Socorro no Umbral, e para aqui são trazidos todos os que muito sofrem e também os que batem em nossa porta eventualmente. Você foi trazido sem sentidos e com o perispírito muito deformado. Precisou de muito tempo para recuperar."

"– Creio não merecer isso. Eu fiz uma coisa muito feia!" - lembrando de minha esposa e filhos, passei a chorar.
O doutor, compreensível, falou:
"– Terá chance de reparar esses erros, se quiser! Mas você tem uma visita! Vou ver outros pacientes, enquanto isso."
Diante de tamanha surpresa, parei de chorar:
"– Mãe??? Você aqui? Como pode?"
No conforto de um abraço acalentoso, desabei à chorar e, passado esse instante de muita comoção, ela me explicou:
"– Depois daquela tragédia, muito adoeci. Em menos de dez anos, tive infarto fulminante e vim para este Plano. Sim, amado filho, fazem mais de vinte anos que desencarnei. Após ser integrada e instruída pela espiritualidade, em "nossa" Colônia, passei a procurá-lo, encontrando-o em absoluta miséria e abandono."
O doutor se aproximou e completou a explicação:
"– E foi graças à ela que uma equipe de Socorristas, sensibilizada, desceu àquele abismo e, quebrando as correntes, o resgataram, trazendo para este Posto."

Emocionado, agradeci à minha mãe, exclamando:
"– E então, eu praticamente sou o responsável pela sua morte!"
O doutor retrucou:
"– O que importa é o que Você sinceramente deseja agora! E então, Cláudio, o que você quer de fato?"
"– Que Deus me perdoe e que eu possa fazer alguma coisa para "consertar" tudo!"
Sorrindo ele disse:
"– Muito bem! Estou muito feliz com sua resposta! Em breve terá alta."
Mamãe ainda comentou:
"– Você irá para uma Colônia especial, onde poderei visitá-lo! Depois de pronto, estarei à sua espera. Vamos morar juntos!"
"– E ela, minha esposa, e as crianças?" – indaguei.
"– Não se preocupe! Leila está bem. Verás que as crianças, hoje adultos, estão cada uma com suas vidas!"
O doutor fez uma linda prece e minha mãe deu-me um passe, despedindo-se para um breve reencontro. Com uma certa paz de espírito, dormi profundamente.

Em poucos dias, fui para uma Colônia de ex-suicidas, onde aprendi as muitas formas desse vergonhoso ato. Fiz muitos aprendizados e um deles me preparou para trabalhar com os Socorristas no Umbral.

O tempo passou e Leila veio para a Pátria espiritual. Fui por ela perdoado, mas para cessar este ciclo, e não repetir os mesmos erros, aceitamos a orientação do Departamento de Reencarnações: através do amor puro e incondicional, os cármas negativos seriam depurados. Assim eu reencarnaria como filho de Leila e, para não haver risco de reincidência, eu seria portador da Síndrome de Down.

Deus é muito bom! Somente Ele é pai. Depois de traí-Lo, ceifando a minha vida que Ele concedera, desertando de minhas provas e interrompendo meu progresso, estendeu Suas mãos, atendendo à minha mãe, através de Seus Divinos trabalhadores, arrancando-me das trevas intensas e ainda dando nova chance para me corrigir.

Brevemente retornaremos ao Plano físico, sob o belo amor de mãe e filho, e assim avançar na Lei do Progresso.

Que assim seja!

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OBSERVAÇÕES:

– Não existem regras gerais na espiritualidade e, portanto, nem sempre os portadores da Síndrome de down, ou alienados mentais, foram suicidas.

– Geralmente os abrigados do Vale dos Suicidas ficam reclusos, mas os líderes umbralinos, que são espíritos evoluídos, porém devotados às afinidades desse Plano, pode recrutar algum desencarnado suicida, para serviços que sejam de seu interesse.

– A psicografia é de janeiro deste 2020, quando o espírito Cláudio teve condições de realizar o presente relato. Considerando as perturbações pós-túmulo, somado ao período em que esteve no Umbral e os anos de internação, a narrativa reporta-se para mais de 40 anos.

Fonte: Psicografia de acervo – Sociedade Beneficente Espírita Bezerra de Menezes – Porto Alegre/RS – 103 anos.