Oii tia, oii tio
Eu sou a Maria, mas pode me chamar de Mariazinha das matas, sou a irmã do Pedrinho das matas, somos filhos de um homem branco com uma índia, somos gêmeos tios, quando nascemos nosso pai tirou nós da mamãe, e desde então, nós nunca mais á vimos
Nosso pai era um homem muito mal, nos batia sempre quando podia, ele nunca deixou faltar alimento á mesa, mas ele sempre deixou faltar o principal que é o amor
Nós cansados daquilo tudo, fugimos enquanto papai dormia, fugimos com a roupa do corpo, me lembro que fui com uma camisola comprida e branca, fomos á procura da nossa mamãe, entramos nas matas
Tinha tudo pra dar certo, mas nosso pai nos achou, e nos espancou, até a morte, doeu muito tios, doeu na alma, não doeu só no nosso físico tios, doeu no nosso coração, nosso próprio pai, que nós amávamos tanto, mesmo com seus pecados, sendo a causa do nosso desencarne
No astral, fomos recebidos por nosso novo pai, aquele que cuida de nós, até hoje, Ogum Rompe-Mato, ele é bravo tios, mas cuida muito bem nós
O que não sabiamos, é que nossa mamãe já havia morrido, e quase todos da tribo dela, nossa Mamãe se chama Jandira, hoje pertencemos á tribo dos Bororos, eles são nossa familia
Bom, tios, isso é tudo que eu posso contar
Se precisar de mim, pode me chamar ou sabe aonde me encontrar, sou a Mariazinha das Matas, A Caboclinha de Ogum Rompe-Mato
Ponto:
"Mariazinha nasceu na beira do rio.
Na beira do rio lá no Juremá.
Aonde a lua brilha, clareia campina.
Clareia mata pras crianças brincar."
Texto: Nataly Rodrigues
#Povodafloresta