EXU SETE CAPAS DA JUREMA E POMBA GIRA RAINHA DAS MATAS
Dois caminhos que se cruzaram e formaram uma só história.
Eles viveram no século XV, em meio ao caos da Inquisição e da Perseguição a todos aqueles que professassem uma religião ancestral. Ele era um soldado da Coroa Espanhola e trabalhava a serviço dos Inquisidores Negros. Ela era uma aprendiz da religião da Grande Deusa. Ele viajava muito para capturar os “traidores” da Coroa. Ela morava no norte da Irlanda, onde ainda se preservavam os costumes da religião pagã.
Quando ele passou pelo vilarejo a viu e trocaram olhares. Ela não sabia quem era aquele soldado ou o que ele fazia; muito menos ele desconfiou das suas tradições. Estavam apenas de passagem procurando vestígios da Antiga Religião e cúmplices dos rituais pagãos. Pernoitaram em uma pousada no vilarejo. Ela era a serviçal do local e o serviu durante todo o tempo em que ele esteve hospedado.
Dois dias depois, o regimento seguiu viagem para percorrer todo o território; mas, voltaram em alguns meses. Então, reencontraram-se e dessa vez decidiram estar juntos. Enquanto seu regimento seguiu viagem, ele ficou no Vilarejo por mais duas semanas. Conheceu os familiares dela e assumiram compromisso. Depois retornou à Espanha, para prosseguir com seu trabalho. Todo soldado da Inquisição trabalhava em sigilo, por isso ela não soube o que ele fazia. Os aldeões também guardavam segredo sobre suas práticas por medo de represálias.
Assim, eles assumiram um compromisso que estava entremeado ao destino de cada um… De seis em seis meses ele retornava ao Vilarejo para visitá-la. Marcaram as festividades para o casamento, que se realizaria dentro de um ano, pois ela ainda era menina-moça e ele precisava retornar para terminar alguns compromissos junto a Coroa Espanhola.
No decorrer desse tempo, a Inquisição Italiana assumiu a frente de capturar todos os seguidores da antiga religião e todos os Reinos passaram a servir ao Papado e a Aristocracia Romana. Eles não se viam há mais de três meses e muitas perseguições começaram a ocorrer durante esse período. Foi a época mais negra da história! O vilarejo foi devastado e ela foi levada em frente ao Tribunal da Inquisição Romana. Ele estava lá e a viu… Foi quando cada um soube a verdade sobre o outro.
Ele a procurou na prisão para conversar e ela lhe contou tudo. Ele ficou aflito, pois não sabia o que fazer e que atitude tomar… Tentou interceder por ela e explicou ao Sumo-Pontífice que ela era sua noiva e que nada tinha a ver com aquilo tudo; mas, foi em vão… A sentença já estava decretada: ela seria decapitada como herege.
No dia da execução ele estava lá e quando o algoz ergueu o machado da execução, ele não se conteve: empunhou sua espada e subiu ao palco das condenações. Matou o algoz e cortou as cordas que prendiam sua amada. Porém, tudo foi em vão, porque em poucos minutos a guarda armada já havia cercado todo o tablado. O Bispo que a tudo assistia, insuflou a multidão dizendo: “Vejam: a feiticeira enfeitiçou nosso soldado! Queimem-na…”
Ela foi arrastada à fogueira e ele foi recolhido à masmorra, como traidor. Por ser soldado, não foi executado, mas terminou seus dias na prisão… Ela morreu em meio às chamas no centro da Cidade Romana. Encontraram-se anos depois no Plano Espiritual, para reconstruírem sua jornada juntos. Hoje, eles trabalham na Umbanda Sagrada e servem ao Amor Maior com dedicação e coragem.
Texto: Tenda Espírita vovó Catarina
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