terça-feira, 26 de novembro de 2019

O mundo da Luz - A visão de Ezequiel

O mundo da Luz - A visão de Ezequiel

 Como cabalistas cristãos estudamos a palavra de Deus , o Evangelho da Salvação pelo sistema cabalístico que é a expressão metafísica da Leis que foram reveladas a Moisés. A Lei de Moisés é a explicação sintetizada do sistema de estudo espiritual cabalistico. Assim sendo o nosso livro máximo de regra de conduta social e espiritual é a Bíblia que contém a revelação do Amor do Criador por toda a humanidade em Cristo expressado como Graça Salvadora.
                                  Na bíblia encontramos a descrição da visão do profeta Ezequiel do mundo de Luz Inacessivel, o mundo da emanação de onde todas as coisas provém;  o terceiro céu. Ezequiel nos descreveu a sua visão da seguinte maneira: "Olhei, e eis que um vento tempestuoso vinha do norte, uma grande nuvem, com um fogo revolvendo-se nela, e um resplendor ao redor, e no meio dela havia uma coisa, como de cor de âmbar, que saía do meio do fogo. E do meio dela saía a semelhança de quatro seres viventes. E esta era a sua aparência: tinham a semelhança de homem. E cada um tinha quatro rostos, como também cada um deles quatro asas. E os seus pés eram pés direitos; e as plantas dos seus pés como a planta do pé de uma bezerra, e luziam como a cor de cobre polido. E tinham mãos de homem debaixo das suas asas, aos quatro lados; e assim todos quatro tinham seus rostos e suas asas. Uniam-se as suas asas uma à outra; não se viravam quando andavam, e cada qual andava continuamente em frente.  E a semelhança dos seus rostos era como o rosto de homem; e do lado direito todos os quatro tinham rosto de leão, e do lado esquerdo todos os quatro tinham rosto de boi; e também tinham rosto de águia todos os quatro. Assim eram os seus rostos. As suas asas estavam estendidas por cima; cada qual tinha duas asas juntas uma a outra, e duas cobriam os corpos deles.  E cada qual andava para adiante de si; para onde o espírito havia de ir, iam; não se viravam quando andavam. E, quanto à semelhança dos seres viventes, o seu aspecto era como ardentes brasas de fogo, com uma aparência de lâmpadas; o fogo subia e descia por entre os seres viventes, e o fogo resplandecia, e do fogo saíam relâmpagos; E os seres viventes corriam, e voltavam, à semelhança de um clarão de relâmpago. E vi os seres viventes; e eis que havia uma roda sobre a terra junto aos seres viventes, uma para cada um dos quatro rostos. O aspecto das rodas, e a obra delas, era como a cor de berilo; e as quatro tinham uma mesma semelhança; e o seu aspecto, e a sua obra, era como se estivera uma roda no meio de outra roda. Andando elas, andavam pelos seus quatro lados ; não se viravam quando andavam. E os seus aros eram tão altos, que faziam medo; e estas quatro tinham as suas cambotas cheias de olhos ao redor. E, andando os seres viventes, andavam as rodas ao lado deles; e, elevando-se os seres viventes da terra, elevavam-se também as rodas. Para onde o espírito queria ir, eles iam; para onde o espírito tinha de ir; e as rodas se elevavam defronte deles, porque o espírito do ser vivente estava nas rodas. Andando eles, andavam elas e, parando eles, paravam elas e, elevando-se eles da terra, elevavam-se também as rodas defronte deles; porque o espírito do ser vivente estava nas rodas. E sobre as cabeças dos seres viventes havia uma semelhança de firmamento, com a aparência de cristal terrível, estendido por cima, sobre as suas cabeças. E debaixo do firmamento estavam as suas asas direitas uma em direção à outra; cada um tinha duas, que lhe cobriam o corpo de um lado; e cada um tinha outras duas asas, que os cobriam do outro lado. E, andando eles, ouvi o ruído das suas asas, como o ruído de muitas águas, como a voz do Onipotente, um tumulto como o estrépito de um exército; parando eles, abaixavam as suas asas. E ouviu-se uma voz vinda do firmamento, que estava por cima das suas cabeças; parando eles, abaixavam as suas asas.  E por cima do firmamento, que estava por cima das suas cabeças, havia algo semelhante a um trono que parecia de pedra de safira; e sobre esta espécie de trono havia uma figura semelhante à de um homem, na parte de cima, sobre ele. E vi-a como a cor de âmbar, como a aparência do fogo pelo interior dele ao redor, desde o aspecto dos seus lombos, e daí para cima; e, desde o aspecto dos seus lombos e daí para baixo, vi como a semelhança de fogo, e um resplendor ao redor dele. Como o aspecto do arco que aparece na nuvem no dia da chuva, assim era o aspecto do resplendor em redor. Este era o aspecto da semelhança da glória do SENHOR; e, vendo isto, caí sobre o meu rosto, e ouvi a voz de quem falava".
                                  Quem pode entender tal visão que embora detalhada não explicita o que realmente acontece no mundo de luz, o mundo espiritual. A visão do profeta explicita a incapacidade de trazer a termos compreensíveis a nossa linguagem e simbolismo. Entre A sua visão do mundo de Luz Inascessível e a sua descrição existe uma abismo imenso que torna a nossa imaginação infantil em meio a tanta Glória Inexprimível. 
                                  Quando o profeta nos indica a sua visão ele nos dá um tom de dúvida ao dizer como pareciam os objetos de sua visão e não como realmente eram. E isto acontece com cada um de nós que entendemos o universo com os olhos da cabala, pois certas entendimentos, esclarecimento que já são assecíveis pela a nossa alma espírito, mas impossíveis de serem explanadas no mundo físico.
                                  A interpretação do símbolos espírituais advém do desenvolvimento espiritual e sem este nada pode ser feio. É preciso acordar para vida espiritual através do sacrifício da vida mundana, dos elementos negativos da alma, das vissicitudes elevando a alma pelos mistérios maiores e menores, nascendo de novo. Desta maneira conseguimos desenvolver os nossos sentidos espirituais e as revelações do Plano Divina se apresentarão cada vez mais claros ao nosso entendimento.
                                   Quando tivermos uma visão do mundo da emanação, teremos uma visão real da luz que cria todas as coisas, entenderemos os seus mistérios e os realizaremos em nossa vida através da obra magna que ocorre dentro do Templo do Espírito, o nosso interior. Esta obra ningúem pode ver a não o seu trabalhador que dia após dia se esforça para terminá-la.
As coisas sagradas e espirituais são difíceis de entender e somente quando estamos sintonizados com a verdade é que podemos ter um vislumbre de "como elas se parecem"; assim como o profeta teve.

Os 3 céus

Os 3 céus

Há três céus e eles são entre si distintíssimos: o íntimo ou terceiro, o médio ou segundo e o último ou primeiro. Eles estão em seqüência um ao outro, e subsistem entre si, como a parte superior do homem, que se chama cabeça, seu meio, que se chama corpo, e o último, que é chamado pés, tais como as partes mais alta, média e mais baixa de uma casa. Em uma tal ordem se acha também o Divino que procede e desce do Senhor. Daí, por necessidade de ordem, o céu é dividido em três partes.
                                 Os interiores do homem, que pertencem à sua mente e ao seu ânimo, também estão em uma ordem semelhante. Ele tem um íntimo, um médio e um último, porque no homem, quando ele foi criado, foram reunidas todas as coisas da ordem Divina, a tal ponto que ele foi a ordem Divina em forma e, por conseguinte, um céu na menor efígie. É também por isso que o homem se comunica com os céus quanto a seus interiores e é também porque ele fica entre os anjos depois da morte - entre os anjos do céu íntimo, ou do céu médio, ou do último céu, segundo a recepção, durante sua vida no mundo, do Divino bem e da Divina verdade que procedem do Senhor.
                                  O Divino que eflui do Senhor e que é recebido no terceiro céu ou céu íntimo chama-se celeste e, por conseguinte, os anjos desse céu chamam-se anjos celestes. O Divino que eflui do Senhor e que é recebido no segundo céu ou céu médio chama-se espiritual e, por conseguinte, os anjos desse céu chamam-se anjos espirituais. O Divino que eflui do Senhor e que é recebido no último ou primeiro céu é chamado natural. Contudo, o natural desse céu não sendo como o natural do mundo, mas tendo em si o espiritual e o celeste, é chamado espiritual-natural e celeste-natural e, por isso, os anjos que o habitam chamam-se espirituais-naturais e celestes-naturais. São chamados espirituais-naturais os que recebem o influxo do médio ou segundo céu, que é o céu espiritual, e são chamados celestes-naturais os que recebem o influxo do céu íntimo ou terceiro céu, que é o céu celeste. Os anjos espirituais-naturais e os anjos celestiais-naturais são distintos entre si, mas sempre constituem um mesmo céu, porque estão no mesmo grau.
                                     Há em cada céu um interno e um externo. Os anjos que lá estão no interno são chamados anjos internos e os que estão no externo são chamados anjos externos. O externo e o interno nos céus, ou em cada céu, são lá como o voluntário e o intelectual do voluntário no homem, o interno como voluntário e o externo com intelectual do voluntário. Todo voluntário tem seu intelectual, pois um não existe sem o outro. O voluntário pode ser comparado à chama e o intelectual à luz que procede da chama.
                                     Cumpre bem saber que os interiores dos anjos fazem com que eles estejam em um céu ou em outro, pois, quanto mais os interiores são abertos para o Senhor, tanto mais eles estão em um céu interior. Há três graus de interiores, tanto em cada anjo como em cada espírito e também em cada homem. Aqueles nos quais o terceiro grau foi aberto estão no céu íntimo. Aqueles que tiveram aberto o segundo grau estão no céu médio, e os que tiveram aberto o primeiro grau estão no último céu. Os interiores são abertos pela recepção do Divino bem e da Divina verdade. Aqueles que são afetados pelas Divinas verdades e as admitem logo na vida, por conseguinte na vontade e, por este fato, no ato, estão no céu íntimo ou terceiro céu, e lá estão segundo a recepção do bem pela afeição da verdade. Aqueles que, entretanto, as admitem, não imediatamente na vontade, mas na memória e, portanto, no entendimento, e depois as querem e fazem, estão no céu médio ou segundo céu. Aqueles que vivem em sã moral e crêem no Divino, e não se importam tanto em serem instruídos, estão no último ou primeiro céu. Daí se pode ver que os estados dos interiores fazem o céu e que o céu está dentro e não fora de cada um. É também o que o Senhor ensina, dizendo: "Não vem o reino de Deus visivelmente, nem dirão: Ei-lo aqui ou ei-lo ali, porque o reino de Deus está dentro de vós" (Lucas 17:20 e 21).
                                      Toda perfeição também cresce para os interiores e decresce para os exteriores, pois os interiores estão mais perto do Divino e são em si mesmos mais puros, e os exteriores são mais afastados do Divino e em si mesmos mais densos. A perfeição angélica consiste na inteligência, na sabedoria, no amor, em todo bem e, por conseguinte, na felicidade, mas não na felicidade sem essas coisas, porque sem elas a felicidade é externa e não interna. Como os interiores dos anjos do céu intimo foram abertos no terceiro grau, a sua perfeição excede em muito à perfeição dos anjos do céu médio, cujos interiores foram abertos no segundo grau. Do mesmo modo, a perfeição dos anjos do céu médio excede em muito à perfeição dos anjos do último céu.
                                       Porque há uma tal diferença, o anjo de um céu não pode vir entre os anjos de um outro céu, isto é, o de um céu inferior não pode subir, nem o de um céu superior pode descer. Aquele que sobe de um céu inferior é acometido por uma ansiedade que vai até a dor, e não pode ver os que estão no céu superior ao seu, nem, com mais forte razão, conversar com eles. E aquele que desce de um céu superior é privado de sua sabedoria, balbucia e chega ao desespero. Alguns habitantes do último céu, não tendo ainda sido instruídos que o céu consiste nos interiores do anjo, acreditavam que chegariam a uma felicidade celeste superior, se entrassem no céu onde estão os anjos que gozam essa felicidade. Foi-lhes então permitido entrar lá, mas, quando lá estiveram, eles não viram pessoa alguma, em qualquer lugar que eles procurassem - apesar de haver lá uma grande multidão de anjos -, porque os interiores desses estranhos não haviam sido abertos no mesmo grau que o dos anjos desse céu nem, por conseguinte, sua vista. Pouco depois, foram acometidos por uma angústia de coração a tal ponto que dificilmente podiam saber se estavam ou não com vida. Por isso, trataram logo de voltar para o céu de onde tinham saído, regozijando-se por se acharem de novo entre os seus, e prometendo nunca mais desejar coisas mais elevadas do que as que concordavam com a sua vida. Vi também anjos que desceram de um céu superior e foram privados de sua sabedoria a tal ponto que não sabiam qual era o seu céu. Não sucede o mesmo quando o Senhor eleva anjos de um céu inferior a um céu superior, para que eles vejam a Sua glória, o que ocorre freqüentes vezes. Para isso, esses anjos são primeiro preparados e, depois, acompanhados por anjos intermediários, pelos quais há comunicação. Pelo que precede, é evidente que esses três céus são muito distintos entre si.
                                       Em um mesmo céu, cada um pode ser consorciado com qualquer um que lhe apraz, mas os prazeres da consociação estão em relação com afinidades do bem em que se está. Este assunto será desenvolvido nos parágrafos seguintes.
                                       Ainda que os céus sejam de tal modo distintos que os anjos de um céu não possam ter relacionamento com os anjos de um outro, a verdade é que o Senhor conjunge todos os céus por influxo imediato e por influxo mediato - pelo influxo imediato que procede d'Ele em todos os céus, e pelo influxo mediato de um céu em um outro céu- e por esse modo faz com que os três céus sejam um e que todos sejam ligados do primeiro ao Último, de modo que nada existe que não seja ligado. O que não é ligado por intermediários com um Primeiro não subsiste, mas é dissipado e se torna nulo.
                                        Quem não sabe de que modo os graus estão relacionados com a ordem Divina não pode compreender como os céus são distintos, nem mesmo o que seja o homem interno e o homem externo. No mundo, a maior parte dos homens não tem noção dos interiores e dos exteriores, ou dos superiores e dos inferiores, mas somente do que é contínuo ou coerente por continuidade, desde o mais puro até o mais espesso. Entretanto, os interiores e os exteriores estão entre si em uma relação não contínua, mas discreta. Os graus são de dois gêneros: há graus contínuos e há graus não contínuos. Os graus contínuos são como os graus do decréscimo da luz, desde a chama até a escuridão, ou como os graus de decréscimo da vista, que da luz passam para a sombra, ou como os graus de pureza da atmosfera, desde sua profundidade até a sua parte mais elevada. As distâncias determinaram esse grau. Ao contrário, os graus não contínuos, mas discretos, foram diferenciados como anteriores e posteriores, como a causa e o efeito, e como o que produz e o que é produzido. Quem examinar a questão verá que em todas as coisas do mundo, tanto em geral como em particular, há graus de produção e de composição, isto é, que de uma coisa procede uma outra e desta uma terceira, e assim por diante. Quem não adquirir para si a percepção desses graus não pode, de modo algum, saber a diferença dos céus, conhecer as distinções das faculdades interiores e exteriores do homem, nem a distinção entre o mundo espiritual e o mundo natural, nem a distinção entre o espírito e o corpo do homem e, por conseguinte, não pode compreender o que são e onde estão as correspondências e as representações, nem de onde elas vêm, nem qual é o influxo. Os homens sensuais não percebem essas distinções, porque os crescimentos e os decréscimos, segundo esses graus, são por eles considerados contínuos. Por esse motivo, eles só podem conceber o espiritual como um natural mais puro. Por isso é que eles ficam também do lado de fora e longe da inteligência.
                                   É-me permitido, em última lugar, referir, a respeito dos anjos dos três céus, um arcano que até aqui não ocorreu à mente de pessoa alguma, porque os graus não foram compreendidos. É o seguinte: em cada anjo e também em cada homem há um grau íntimo ou supremo, ou um certo íntimo e supremo, no qual o Divino do Senhor influi primeiro ou de mais perto e segundo o qual Ele dispõe os outros interiores que vêm depois, segundo os graus da ordem no anjo e no homem. Esse íntimo ou supremo pode ser chamado a entrada do Senhor no anjo e no homem, e Seu domicílio mesmo neles. É por esse íntimo ou supremo que o homem é homem e se distingue dos animais brutos, porque os brutos não o têm. Daí vem que o homem, diferentemente dos animais, pode, quanto a todos os interiores que pertencem à sua mente e ao seu ânimo, ser elevado pelo Senhor para o Senhor Mesmo, crer n'Ele, ser afetado pelo amor para com Ele e, assim, ver o Senhor Mesmo e poder receber a inteligência e a sabedoria, e falar segundo a razão. Daí vem também que ele vive eternamente. Contudo, o que é disposto e provido pelo Senhor nesse íntimo não influi manifestamente na percepção de anjo algum, porque está acima de seu pensamento e excede sua sabedoria.
                                    São essas as coisas comuns aos três céus; no que vai seguir se tratará de cada céu em particular.

terça-feira, 19 de novembro de 2019

BESOURO – O FILME

Pai Jeronimo

Trabalho na linha de pretos velhos com esta maravilhosa entidade.Um certo dia, ele atendeu de uma senhora que lhe veio consultar sobre um tumor nos seios, diagnosticado por uma mamografia.
Passes daqui, trabalhos dali, enfim, uma consulta normal…vela, erva, água…
Disse o preto:
– É mizim fia… Tá feito…mas num deixa de procurá o Homi de branco, dispois vem contá pro nego…nego vai ficá no toco esperando cunce vortá…
E saiu a consulente.
Numa próxima gira, estava lá o preto no toco e chegou a sua consulente, já na segunda parte do trabalho.
– Podi entrá mi zim fia, tava le esperano….
– É meu Velho, fui no médico sim…ele disse que o tumor sumiu, vai ver foi engano, o que a mamografia mostrou foi uma sombra de um queloide, que eu já tinha de cirurgia anterior. mas vim lhe agradecer, pois sei que o Senhor me curou..
Diga, meu Pai, o que o Senhor quer de presente, quero lhe agradecer…
Em nossa casa, as entidades as vezes ganham presentes, charutos, bebidas, mas não que peçam, porque as pessoas trazem em agradecimento mesmo, como deve ser em todo lugar.
Mas naquele dia o preto pediu…
– Me traga um bolo de chocolate, mi zi fia, suncê pode faze isso…?? Mais tem qui ser na proxima gira…eu num vô tá aqui, mas fala co caboclo chefe que ele manda mi chamá….
Todos estranharam, e eu mais ainda, passei a semana pensando naquele pedido, eu que amo bolo de chocolate, pensava comigo, Meu Velho…porque um bolo, Meu Pai…Até os filhos da casa acharam estranho e houve uma brincadeira ou outra…do tipo achando que iam comer o bolo….Alguém arriscou dizer que era a comemoração pela cura da mulher… Enfim…esperei ansiosa…Afinal…confio neles.
Em verdade torci para a mulher nem aparecer com aquele bolo…
Mas ela apareceu, e sentou na primeira fila, como tal bolo, todo confeitado de confetes coloridos.
Chegou o preto, com autorização do chefe do terreiro, que é Seu Serra Negra….
– Trouxe meu bolo, mi zim fia…
– Trouxe meu velho…
Então o preto levantou e disse que na assistencia tinha uma menina, de cor morena, que estava fazendo aniversario, 14 anos, e chamou-a.
Disse à menina:
– Mi zim fia, esse é presente que sunce pediu ao seu anjo da guarda, ele não pode vir, mandou o nego te entregar…
A criança marejou os olhos e saiu com o bolo na mão, sentar ao lado da mãe, que chorava muito na assitencia. Em 14 anos, nunca havia ganhado um bolo de chocolate….Nunca mais voltou, nunca mais vimos. E nunca esquecemos esta história.
Autor Desconhecido – Mensagem enviada por e-mail
->Que nesse último 13 de Maio… e ao longo de todos esses dias, até a próxima Festa de Pretos-velhos possamos refletir sobre isso. E retirar da experiência sábia vivida pelos pretos-velhos, um esteio onde aportar nossas próximas aspirações. Adorei as almas!!!

A ingratidão é um dos frutos mais imediatos do egoísmo; revolta sempre os corações honestos

A ingratidão é um dos frutos mais imediatos do egoísmo; revolta sempre os corações honestos

Vovó Maria fumegava seu pito e batia seu pé ao som da curimba enquanto observava o terreiro, onde os cambones movimentavam-se atendendo aos pretos velhos e aos consulentes. Mandingueira, acostumada a enfrentar de tudo um pouco nos trabalhos de magia, sabia perfeitamente como o mal agia tentando disseminar o esforço do bem.
Sob variadas formas, as trevas vagavam por ali também.
Alguns em busca de socorro; outros, mal-intencionados, debochavam dos trabalhadores da luz. Muitos chegavam grudados no corpo das pessoas, qual parasitas sugando sua vitalidade.
Outros, por sobre seus ombros, arqueando e causando dores nos hospedeiros, ou amarrados nos tornozelos, arrastavam-se com gemidos de dor. Fora os tantos que eram barrados pela guarda do local, ainda na porta do terreiro e que, lá de fora, esbravejavam palavrões.
Da mesma forma, o movimento dos exus e outros falangeiros se fazia intenso no lado astral do ambiente, para que, dentro do merecimento de cada espírito, pudessem ser encaminhados.
Uma senhora com ares de madame se aproximou da preta velha para receber atendimento. Vinha arrastando uma perna que mantinha enfaixada.
– Saravá, filha – falou Vovó Maria, enquanto desinfetava o campo magnético da mulher com um galho verde, além de soprar a fumaça do palheiro em direção ao seu abdome, o que fez com que a mulher demonstrasse nojo em sua fisionomia.
Fingindo ignorar, a preta velha, cantarolando, continuou a sua limpeza. Riscando um ponto com sua pemba no chão do terreiro, pediu que a mulher colocasse sobre ele a perna ferida.
“Será que não vai pedir o que tenho?”, pensou a mulher, já arrependida por estar ali naquele lugar desagradável. “Vou sair daqui impregnada por estes cheiros!”
Vovó Maria sorriu, pois captara o pensamento da mulher, mas preferiu ignorar tudo isso. O que a mulher não sabia era a gravidade real do seu caso, ou seja, aquilo que não aparecia no físico. Se ela pudesse ver o que estava causando a dor e o inchaço na perna, aí sim, certamente ficaria muito enojada. Na contraparte energética, abundavam larvas que se abasteciam da vitalidade do que já era uma enorme ferida e que breve irromperia também no físico.
Além disso, uma entidade espiritual, em quase total deformação, mantinha-se algemada à sua perna, nutrindo, assim, essas larvas astrais. Para qualquer neófito, aquilo mais parecia um cadáver retirado da tumba mortal, inclusive pelo mau cheiro que exalava.
Com a destreza de um mago, a preta velha sabia como desvincular e transmutar toda essa parafernália de energias densas, libertando e socorrendo a entidade escravizada a ela.
Feitos os devidos “curativos” no corpo energético da mulher, Vovó Maria, que à visão dos encarnados não fez mais que um benzimento com ervas e algumas baforadas de palheiro, dirigiu-se agora com voz firme à consulente:
– Preta Velha até aqui ouviu calada o que a ilha pensou a respeito do seu trabalho.
Agora preciso abrir minhas tramelas e puxar sua orelha.
Ouvindo isso, a mulher afastou-se um pouco da entidade, assustada com a possibilidade de que ela viesse mesmo a lhe puxar a orelha.
“Escutou o que pensei? Ah, essa é boa. Ela está blefando comigo.”, pensou novamente a mulher.
– Se a madame não acredita em nosso trabalho, por que veio aqui buscar ajuda? Filha, não estamos aqui enganando ninguém. Procuramos fazer o que é possível, dentro do merecimento de cada um.
– É que me recomendaram vir me benzer, mas eu não gosto muito dessas coisas…– …e só veio porque está desesperada de dor e a medicina não lhe deu alento, não foi ilha? – complementou a preta velha.
– Os médicos querem drenar a perna e eu fiquei com medo, pois nos exames não aparece nada, mas a dor estava insuportável.
– Estava? Por quê, a dor já acalmou?
– É, agora acalmou, parece que minha perna está amortecida.
– E está mesmo, eu fiz um curativo.
A mulher, olhando a perna e não vendo curativo nenhum, já estava pronta para emitir um pensamento de desconfiança quando a preta velha interferiu:
– Vá para sua casa, ilha, e amanhã bem cedo colha uma rosa do seu jardim, ainda com orvalho, e lave a sua perna com ela, na água corrente. Ao meio-dia o inchaço vai sumir e sua perna estará curada.
Não ousando mais desconfiar, ela agradeceu e já estava saindo quando a preta velha a chamou e disse:
– Não se esqueça de pagar a promessa que fez pra Sinhá Maria, antes dela morrer…
Arregalando os olhos, a mulher quase enfartou e tratou de sair daquele lugar imediatamente.
O cambone, que a tudo assistia calado, não agüentando a curiosidade perguntou que promessa foi essa.
– Meu menino, o que nós escondemos dos homens fica gravado no mundo dos espíritos.
Essa filha, herdeira de um carma bastante pesado por ter sido dona de escravos em vida passada e, principalmente, por tê-los ferido a ferro e fogo, imprimindo sua marca na panturrilha dos negros, recebeu nesta encarnação, como sua fiel cozinheira, uma negra chamada Sinhá Maria.
Esse espírito mantinha laços de carinho profundo pela madame desde o tempo da escravidão, quando foi sua “Bá” e, por isso, única poupada de suas maldades. Nessa encarnação, juntaram-se novamente no intuito de que a bondosa negra pudesse despertar na mulher um pouco de humildade, para que esta tivesse a oportunidade de ressarcir os débitos, diante da necessidade que surgiria de auxiliar alguém envolvido na trama cármica.
Sinhá Maria, acometida de deficiência respiratória, antes de desencarnar solicitou à sua patroa que, na sua falta, assistisse seu esposo, que era paraplégico, faltando-lhe as duas pernas.
Deixou para isso todas as suas economias de anos a fio de trabalho e só lhe pediu que mantivesse com isso a alimentação e os medicamentos. Mas na primeira vez que ela foi até a favela onde morava o homem, desistiu da ajuda, pois aquele não era o seu “palco”. Tratou logo de ajustar uma vizinha do barraco, dando-lhe todo o dinheiro que Sinhá havia deixado, com a promessa de cuidar do pobre homem. Não é preciso dizer que rumo tomaram as economias da pobre negra; em pouco tempo, para evitar que ele morresse à míngua, a Assistência Social o internou em asilo público. Lá ele aguarda sua amada para buscá-lo, tirando-o do sofrimento do corpo físico. Nenhuma visita, nenhum cuidado especial. A madame se havia “esquecido” da promessa. Eu só iz lembrá-la para que não tenha que voltar aqui com as duas pernas inválidas. A Lei só nos cobra o que é de direito, mas ela é infalível. Quanto mais atrasamos o pagamento de nossas dívidas, maiores elas ficam. Por isso, camboninho, negra velha sempre diz para os filhos que a caridade é moeda valiosa que todos possuímos, mas que poucos de nós usam. Se não acordamos sozinhos, na hora exata a vida liga o “desperta-dor” e, às vezes, acordamos assustados com a barulheira que ele faz… eh, eh, eh… Entendeu, meu menino?
– Sim, minha mãe. Lembrei que tenho de visitar meu avô que está no asilo…
Sorrindo e balançando a cabeça a bondosa preta velha falou com seus botões:
– Nega véia matô dois coelhos com uma cajadada só… eh, eh…
E, batendo o pé no chão, fumando seu pito e cantarolando, prosseguiu ela, socorrendo e curando até que, junto aos demais, voltou para as bandas de Aruanda.
Fonte: Livro Causos de Umbanda Volume 2 – Páginas 37 a 41 – Vovó Benta / Leni W. Saviscki

O atendimento da noite agora encerrava naquela terreiro de Umbanda.

O atendimento da noite agora encerrava naquela terreiro de Umbanda.
Alguns dos pretos velhos que haviam trabalhado, desligavam-se de seus aparelhos, não sem antes equilibrá-los com energias edificantes e benfazejas.
Um dos médiuns, após, praticamente “despachar” seu protetor, apressou-se em ajoelhar-se aos pés da preta velha que ainda permanecia incorporada, para solicitar aconselhamento.
O bondoso espírito acolheu amorosamente suas lamentações como o fez com todos os outros que haviam passado por ela naquela noite.
Ouviu a tudo fumegando seu cachimbo, porém nada falou. Saravou aquele filho, agradecendo- o pela caridade que havia prestado e assim se despediu, largando seu aparelho.
O médium por sua vez, desajeitadamente se retirou sem conseguir entender o silêncio da Preta Velha. Um misto de rejeição e indignação passou a povoar seus sentimentos.
– “Então é assim! Eu fico fazendo caridade por horas a fio e quando solicito ajuda o que recebo?”
Enquanto a corrente mediúnica realizava as preces de encerramento da sessão, ele sentiu uma inexplicável sonolência que o obrigou a dirigir-se diretamente para casa, ignorando o programa prévio de sair com os amigos para mais uma noitada de lazer em bares da cidade.
Mal adormeceu, em corpo astral, através do desdobramento, percebeu estar ajoelhado sobre folhas verdes e cheirosas num ambiente simples, cujas paredes eram feitas de bambu, o teto de folhas de coqueiro e o chão de terra batida.
Algumas tochas iluminavam o local e havia uma cantiga no ar que ele bem conhecia. Sentindo a presença de alguém, virou-se e o viu sentado em seu tosco banco com aquele sorriso matreiro e cachimbo no canto da boca. Sua roupa, bem como seus cabelos brancos contrastavam com a pele negra. Os pés descalços e calejados. No pescoço um rosário cujas contas eram pura luz. Sim, era ele, Pai Benedito, seu protetor.
– Saravá zin fio!
– Saravá meu Pai!
– Pai Benedito chamou o filho até sua tenda para poder explicar tudo aquilo que você não conseguiu entender com a orientação da mana lá no terreiro da terra.
– Meu Pai, ela nada falou…
– E suncê se magoou, não foi?
– -É… não compreendi.. .
– Por isso Pai Benedito o trouxe até aqui e vai explicar. Os filhos da terra ainda não conseguem compreender a mensagem do silêncio devido as suas mentes aceleradas pelo imediatismo, pela falta de concentração e pelo vício de “receitas prontas”. A mana que nada disse ao filho, agiu assim justamente para incentivar a sua busca das respostas. Queria que o filho, instigado pela falta do
aconselhamento a que vinha se acostumando, pudesse parar e pensar. Pensar em todos os conselhos que seu protetor, através de seu aparelho, havia passado para as pessoas que atendera lá no terreiro há momentos atrás.
O silêncio da preta velha, quis dizer ao filho que o primeiro e maior beneficiado da abençoada tarefa mediúnica é o próprio mediador. A sua característica de médium consciente permite que receba e transmita os nossos pensamentos e os bons fluídos dos quais se torna canal. Para que o intercâmbio “médium-espírito” aconteça, pela bondade divina , o corpo astral do mediador é previamente preparado antes de reencarnar através da “sensibilização fluido- mediúnico” de seus centros de forças para que assim se dê a afinização com seus protetores.
Durante toda a vida encarnada, é ainda alertado e amparado para que possa exercer o mandato dentro do programado. No entanto, existe um carma envolvendo tudo isso e o fato dos filhos prestarem a caridade não os isenta dos entrechoques a que estão sujeitos na matéria, que nada mais são do que ensinamentos necessários do certo e do errado.
Respeitando as escolhas feitas, esses protetores tantas vezes, mesmo e apesar de todo esforço, perdem seus pupilos para os descaminhos da vida, e então resta-lhes aguardar que o relógio do tempo os traga de volta pela mão da dor.
Pai Benedito não se entristece se o filho por vezes o dispensa ou não entende suas mensagens. Nem mesmo quando o filho desfaz as energias recebidas após o trabalho de caridade através da busca de prazeres ilusórios e momentâneos. Apenas ajoelha diante do congá, que no plano astral fica sempre iluminado pelas velas da caridade prestada nas poucas horas em que a corrente de médiuns se reúne na terra, e implora ao Pai Oxalá a sua compreensão para todos os espíritos que ainda teimam em permanecer colados às suas mazelas no plano terreno.
Por isso filho, estando aqui em frente a este espírito que tanto o ama e cuja ligação perde-se no tempo, peço que desabafe suas dores, que tire as dúvidas que angustiam seu coração.
Agora o silêncio era todo seu.
Apenas as grossas lágrimas que desciam de sua face falavam de sua pouca fé, de seu descrédito até então, pela própria mediunidade. De seus momentos de incertezas quanto a estar servindo realmente de canal para Pai Benedito, de seus medos em relação ao animismo e da confusão que fazia dele com a mistificação. Mas principalmente de sua vontade de largar tudo pelos prazeres do mundo, afinal era muito jovem ainda para levar uma vida regrada em função da mediunidade.
– Pai Benedito compreende a angústia do filho, mas pede que revise os tantos avisos que recebeu em seus sonhos, nas palestras instrutivas que ouviu lá no terreiro, nos livros que chegaram até suas mãos e nas tantas vezes que a Preta Velha o instruiu, o aconselhou. Onde estão estas informações? Para quem eram dirigidas nossas palavras nos atendimentos, senão para você que as ouvia antes de repassá-las?
Nada é proibido aos filhos no estágio da matéria, mas em tudo deverá existir o equilíbrio.
O silêncio da Preta Velha havia sido traduzido e agora ele conseguia compreender que fora o melhor, dos tantos conselhos que ouvira dela. Fechando seus olhos, a ela agradeceu mentalmente e quando os abriu, além do cheiro de incenso e da claridade que se instalara naquele ambiente, percebeu que tudo modificara.
A humilde tenda agora era um templo iluminado por vitrais coloridos que formavam filetes de luz que se entrecruzavam num quadro de beleza estonteante. No chão, ao centro, em esplendoroso piso vitrificado havia o desenho de uma mandala, que de seu centro irradiava luz dourada.
Já não estava mais diante daquele Pai Velho em humildes trajes, pois ele havia se transfigurado num ser de características orientais, de olhar penetrante.
Nada pode pronunciar, sua voz embargou. Havia que se fazer o silêncio para que só ele traduzisse a mensagem agora recebida. Naquela manhã acordou muito cedo, tendo plena lembrança de seu “sonho”. No ar, ainda o cheiro do incenso. Não fosse a exigência da vida física, ficaria o dia todo calado, saudando o silêncio da Preta Velha.
“Que nos ouça, quem tem ouvidos de ouvir”.
Saravá aos filhos da Terra!
Vovó Benta

Certa vez um Zelador de umbanda estava cuidando de suas plantas e derrepente entra uma mulher nervosa no Terreiro e na lata pergunta.

Certa vez um Zelador de umbanda estava cuidando de suas plantas e derrepente entra uma mulher nervosa no Terreiro e na lata pergunta.

Certa vez um Zelador de umbanda estava cuidando de suas plantas e derrepente entra uma mulher nervosa no Terreiro e na lata pergunta.
– Quanto o senhor quer para trazer meu marido de volta?
O Zelador calmante respondeu:
– Quanto e o que a senhora esta disposta a pagar e fazer para tê-lo de volta?
– A quantia que o Senhor quiser e faço o que o senhor quiser, mas quero meu marido de volta.
O zelador em tom de voz mansa lhe respondeu:
– Se seu marido era tão importante pra ti, porque não fizestes estes sacrifícios para mantê-lo- ao seu lado?
Mas se esgotaram todas as conversas, todas as formas de carinho e afeto e também fizestes tudo ao seu alcance para renovar os valores da união de vocês, mais ainda assim ele foi embora; agradeça a Deus, pois ele não te merece e certamente há de vir alguém que irá supri-lo em dobro.
Mas se ainda assim desejas traze-lo de volta por puro capricho por se julgar abandonada. Desculpa-me, mas tu bateste na porta errada, aqui é uma Casa de caridade e auxilio no caminhar das pessoas, aqui é um Terreiro de Umbanda.

O Encontro de Zé Pelintra com Lampião

O Encontro de Zé Pelintra com Lampião

Um dia desses, passeando por Aruanda, escutei um conto muito interessante. Uma história sobre o encontro de Zé Pelintra com Lampião…
    Dizem que tudo começou quando Zé Pelintra, malandro descolado na vida, tentou aproximar – se de Maria Bonita, pois a achava uma mulher muito atraente e forte, como ele gostava. Virgulino, ou melhor, Lampião, não gostou nada da história e veio tirar satisfação com o Zé:
-Então você é o tal do Zé Pelintra? Olha aqui cabra, devia te encher de bala, mas não adianta…Tamo tudo morto já! Mas escuta bem, se tu mexer com a Maria Bonita de novo, vou dá um jeito de te mandar pro inferno…
-Inferno? Hahahaha, eu entro e saiu de lá toda hora, num vai ser novidade nenhuma pra mim!_ respondeu o malandro _ Além do mais, eu nem sabia que a gracinha da “Maria” tinha um “esposo”! Então é por isso que ela vive a me esnobar!
-Gracinha? Olha aqui cabra safado, tu dobre a língua pra falar dela, se não tu vai conhecer quem é Lampião! _ disse Virgulino puxando a peixeira, já que não era e nunca seria, um homem de muita paciência.
-Que isso homem, tá me ameaçando? Você acha que aqui tem bobo?_ e Zé Pelintra estralou os dedos, surgindo toda uma falange de espíritos amigos do malandro, afinal ele conhecia a fama de Lampião e sabia que a parada era dura.
Mas Lampião que também tinha formado toda uma falange, ou bando, como ele gostava de chamar, assoviou como nos tempos de sertão e toda um “bando” de cangaceiros chegaram para participar da briga. A coisa parecia já não ter jeito, quando um espírito simples, com um chapéu na cabeça, uma camisa branca, cabelos enrolados, chegou dizendo:
-Oooooooxxxxxx! Mas o que que é isso aqui? Compadre Lampião põe essa peixeira na bainha! Oxente Zé, tu não mexeu com Maria Bonita de novo, foi? Mas eu num tinha te avisado, ooooxx, recolhe essa navalha, vamo conversar camaradas…
-Nada de conversa, esse cabra mexeu com a minha honra, agora vai ter! _ Disse Lampião enfurecido!
-To te esperando olho de vidro! _ respondeu Zé Pelintra.
-Pera aí! Pela amizade que vocês dois tem por mim, “Severino da Bahia”, vamo baixar as armas e vamo conversar, agora!
Severino era um antigo babalorixá da Bahia, que conhecia os dois e tinha muita afeição por ambos. Os dois por consideração a ele, afinal a coisa que mais prezavam entre os homens era a amizade e lealdade, baixaram as armas. Então Severino disse:
-Olha aqui Zé, esse é o Virgulino Ferreira da Silva, o compadre Lampião, conhecido também como o “Rei do Cangaço”. Ele foi o líder de um movimento, quando encarnado, chamado Banditismo ou Cangaço, correndo todo o sertão nordestino com sua revolta e luta por melhores condições de vida, distribuição de terras, fim da fome e do coronelismo, etc. Mas sabe como é, cometeu muitos abusos, acabou no fim desvirtuando e gerando muita violência…
-É, isso é verdade. Com certeza a minha luta era justa, mas os meios pelo qual lutei não foram, nem de longe, os melhores. Tem gente que diz que Lampião era justiceiro, bem…Posso dizer que num fui tão justo assim_ disse Lampião assumindo um triste semblante.
-Eu sei como é isso. Também fui um homem que lutou contra toda exploração e sofrimento que o pobre f    avelado sofria no Rio de Janeiro. Nasci no Sertão do Alagoas, mas os melhores e piores momentos da minha vida foram no Rio de Janeiro mesmo. Eu personificava a malandragem da época. Malandragem era um jeito esperto, “esguio”, “ligeiro”, de driblar os problemas da vida, a fome, a miséria, as tristezas, etc. Mas também cometi muitos excessos, fui por muitas vezes demais violento e, apesar de morrer e terem me transformado em herói, sei que não fui lá nem metade do que o povo diz_ dessa vez era Zé Pelintra quem perdia seu tradicional sorriso de canto de boca e dava vazão a sua angústia pessoal…
-Ooxx, tão vendo só, vocês tem muitas semelhanças, são heróis para o povo encarnado, mas, aqui, pesando os vossos atos, sabem que não foram tão bons assim. Todos têm senso de justiça e lealdade muito grande, mas acabaram por trilhar um caminho de dor e sangue que nunca levou e nunca levará a nada.
-É verdade, bem, acho que você não é tão ruim quanto eu pensava Zé. Todo mundo pode baixar as armas, de hoje em diante nós cangaceiros vamo respeitar Zé Pelintra, afinal, lutou e morreu pelos mesmos ideias e com a mesma angústia no coração que nós!
-O mesmo digo eu! Aonde Lampião precisar Zé Pelintra vai estar junto, pois eu posso ser malandro, mas não sou     traíra e nem falso. Gostei de você, e quem é meu amigo eu acompanho até na morte.
-Oooooxxxxx! Hahahaha, mas até que enfim! Tamo começando a nos entender. Além do mais, é bom vocês dois estarem aqui, juntos com vossas falanges, porque eu queria conversar a respeito de uma coisa! Sabe o que é…
E Severino falou, falou e falou… Explicando que uma nova religião estava sendo fundada na Terra, por um tal de Caboclo das Sete Encruzilhadas, uma religião que ampararia todos os excluídos, os pobres, miseráveis e onde todo e qualquer espírito poderia se manifestar para a caridade. Explicou que o culto aos amados Pais e Mães Orixás que ele praticava quando estava encarnado iria se renovar, e eles estavam amparando e regendo todo o processo de formação da nova religião, a Umbanda…
-…é isso! Estamos precisando de pessoas com força de vontade, coragem, garra para trabalhar nas muitas linhas de Umbanda que serão formadas para prestar a caridade. E como eu fui convidado a participar, resolvi convidar vocês também! Que acham?
-Olha, eu já tenho uma experiência disso lá no culto a Jurema Sagrada, o Catimbó! Tô dentro, pode contar comigo! Eu, Zé Pelintra, vou estar presente nessa nova religião chamada Umbanda, afinal, se ela num tem preconceito em acolher um “negô” pobre, malandro e ignorante como eu, então nela e por ela eu vou trabalhar. E que os Orixás nos protejam!
-Bem, eu num sô homem de negar batalha não! Também vou tá junto de vocês, eu e todo o meu bando. Na força de “Padinho” Cícero e de todos os Orixás, que eu nem conheço quem são, mas já gosto deles assim mesmo…
E o que era pra transformar – se em uma batalha sangrenta acabou virando uma reunião de amigos. Nascia ali uma linha de Umbanda, apadrinhada pelo baiano “Severino da Bahia”, pelo malandro mestre da Jurema “Zé Pelintra” e pelo temido cangaceiro “Lampião”.
Junto deles vinham diversas falange. Com o malandro Zé Pelintra vinham os outros malandros lendários do Rio de Janeiro com seus nomes simbólicos: “Zé Navalha”, “Sete Facadas”, “Zé da Madrugada”, “7 Navalhadas”, “Zé da Lapa”, “Nego da Lapa”, entre muitos e muitos outros.
Junto com Lampião vinha a força do cangaço nordestino: Corisco, Maria Bonita, Jacinto, Raimundo, Cabeleira, Zé do Sertão, Sinhô Pereira, Xumbinho, Sabino, etc.
Severino trazia toda uma linha de mestres baianos e baianas: Zé do Coco, Zé da Lua, Simão do Bonfim, João do Coqueiro, Maria das Graças, Maria das Candeias, Maria Conga, vixi num acaba mais…
Em homenagem ao irmão Severino, o intermediador que evitou a guerra entre Zé Pelintra e Lampião, a linha foi batizada como “Linha dos Baianos”, pois tanto Severino como seus principais amigos e colaboradores eram “Baianos”.
E uma grande festa começou ao som do tambor, do pandeiro e da viola, pois nascia ali a linha mais alegre, mais divertida e “humana” da Umbanda. Uma linha que iria acolher a qualquer um que quisesse lutar contra os abusos, contra a pobreza, a injustiça, as diferenças sociais, uma linha que teria na amizade e no companheirismo sua marca registrada. Uma linha de guerreiros, que um dia excederam – se na força, mas que hoje lutavam com as mesmas armas, agora guiados pela bandeira branca de Oxalá.
E, de repente, no meio da festa, raios, trovões e uma enorme tempestade começaram a cair. Era Iansã que abençoava todo aquele povo sofrido e batalhador, igualzinho ao povo brasileiro. A Deusa dos raios e dos ventos acolhia em seus braços todas aqueles espíritos, guerreiros como ela, que lutavam por mais igualdade e amor no nosso dia – dia.
E assim acaba a história que eu ouvi, diretamente de um preto – velho, um dia desses em Aruanda. Dizem que Zé Pelintra continua tendo uma queda por “Maria Bonita”, mas deixou isso de lado devido ao respeito que tem pelo irmão Lampião. Falam, ainda, que no momento ele “namora” uma Pombagira, que conheceu quando começou a trabalhar dentro das linhas de Umbanda. Por isso é que ele “baixa”, às vezes, disfarçado de Exu…
“Oxente eu sou baiano, oxente baiano eu sou
Oxente eu sou baiano, baiano trabalhador
Venho junto de Corisco, Maria Bonita e Lampião
Trabalhar com Zé Pelintra
Pra ajudar os meus irmãos…!”

Mensagem de Preto Velho Pai Jerônimo

Mensagem de Preto Velho
Pai Jerônimo

“Um certo dia, ele atendeu de uma senhora que lhe veio consultar sobre um tumor nos seios, diagnosticado por uma mamografia.
Passes daqui, trabalhos dali, enfim, uma consulta normal…vela, erva, água…
Disse o preto:
– É mizim fia… Tá feito…mas num deixa de procurá o Homi de branco, dispois vem contá pro nego…nego vai ficá no toco esperando zunce vortá…
E saiu a consulente.
Numa próxima gira, estava lá o preto no toco e chegou a sua consulente, já na segunda parte do trabalho.
– Podi entrá mi zim fia, tava le esperano….
– É meu Velho, fui no médico sim… ele disse que o tumor sumiu, vai ver foi engano, o que a mamografia mostrou foi uma sombra de um queloide, que eu já tinha de cirurgia anterior. mas vim lhe agradecer, pois sei que o Senhor me curou..
Diga, meu Pai, o que o Senhor quer de presente, quero lhe agradecer…
Em nossa casa, as entidades as vezes ganham presentes, charutos, bebidas, mas não que peçam, porque as pessoas trazem em agradecimento mesmo, como deve ser em todo lugar.
Mas naquele dia o preto pediu…
– Me traga um bolo de chocolate, mi zi fia, suncê pode faze isso…?? Mais tem qui ser na próxima gira… eu num vô tá aqui, mas fala com o caboclo chefe que ele manda mi chamá….
Todos estranharam, e eu mais ainda, passei a semana pensando naquele pedido, eu que amo bolo de chocolate, pensava comigo, Meu Velho… porque um bolo, Meu Pai… Até os filhos da casa acharam estranho e houve uma brincadeira ou outra… do tipo achando que iam comer o bolo….Alguém arriscou dizer que era a comemoração pela cura da mulher… Enfim… esperei ansiosa… Afinal… confio neles.
Em verdade torci para a mulher nem aparecer com aquele bolo…
Mas ela apareceu, e sentou na primeira fila, como tal bolo, todo confeitado de confetes coloridos.
Chegou o preto, com autorização do chefe do terreiro, que é Seu Serra Negra….
– Trouxe meu bolo, mi zim fia…
– Trouxe meu velho…
Então o preto levantou e disse que na assistência tinha uma menina, de cor morena, que estava fazendo aniversario, 14 anos, e chamou-a.
Disse à menina:
– Mi zim fia, esse é presente que sunce pediu ao seu anjo da guarda, ele não pode vir, mandou o nego te entregar…
A criança marejou os olhos e saiu com o bolo na mão, sentar ao lado da mãe, que chorava muito na assistência. Em 14 anos, nunca havia ganhado um bolo de chocolate….Nunca mais voltou, nunca mais vimos. E nunca esquecemos esta história.”
Autor desconhecido

DE OLHOS FECHADOS Autor: Cassio Ribeiro (Umbandista, radialista e presidente da Fucabrad)

DE OLHOS FECHADOSAutor: Cassio Ribeiro(Umbandista, radialista e presidente da Fucabrad)

Sentado ali em frente de seu conga o velho pai de santo relembra com surpreendente nitidez sua infância e seu primeiro contato com a espiritualidade. Nitidamente ele se vê na tenra infância a brincar sozinho no amplo quintal da casa de seus pais. Lembra-se que alguma coisa o fez olhar para as nuvens e diante dele uma estranha imagem se forma: um velho sentado ao redor de uma fogueira e um menino a ouvir-lhe estórias. De alguma maneira o menino ao ver aquela cena sabia que se tratava dele mesmo.
O tempo passou e a cena jamais esquecida e também jamais revelada, o acompanha em sonhos e lembranças. Cresce e acaba se tornando mediun Umbandista. Aos poucos vai conhecendo seus guias, que vão tomando seu corpo nas diversas “giras de desenvolvimento”.
Primeiro o Caboclo que lhe parece muito grande e forte, depois os demais até que, ao completar 18 anos, seu Exu também recebe permissão para incorporar.
Já não é mais mediun de gira, a bem da verdade ocupa o cargo de pai pequeno do terreiro.
Percebe que não tivera uma adolescência como a da maioria dos jovens que lhe cercam na escola. Não vai a bailes , festas… Dedica-se com uma curiosidade e um amor cada vez maior a pratica da caridade. Os anos passam e acaba pôr abrir seu próprio terreiro. Inúmeras pessoa procuram os seus guias e recebem um lenitivo, uma palavra de consolo e esperança…
Foram tantos os pedidos e tantos os trabalhos realizados que já perdera a conta. Viu inumeras pessoas que declaravam amor eterno pela Umbanda e bastava que alguns pedidos não fossem alcançados na plenitude desejada que já se afastavam criticando o que ontem lhes era sagrado…
Presenciou pessoas que vindas de outras religiões e que encontraram a paz dentro do terreiro, mantido a duras penas, uma vez que nada cobrava pôr trabalhos realizados (“Dai de graça o que de graças recebestes”).
Solteiro permanecia até hoje pois embora tivesse tido várias mulheres que lhe foram caras, nenhuma delas agüentou ficar a seu lado, pois para ele, a vida sacerdotal se impunha a qualquer outro tipo de relacionamento.
Amava mesmo assim todas aquelas que lhe fizeram companhia em sua jornada terrena. Brincava, o velho pai de santo, quando lhe perguntavam se era casado e respondia, bem humorado, que se casara muito cedo, ainda menino.
A curiosidade dos interlocutores quanto ao nome da esposa era satisfeita com uma só palavra: Umbanda, este era o nome da esposa.
Com o passar do tempo, a idade foi chegando; muitos de seus filhos de fé seguiram seus destinos vindo eles também a abrirem suas casas de caridade.
O peso da idade não o impede de receber suas entidades. Ainda ecoa, pelo velho e querido terreiro, o brado de seu Caboclo, o cachimbo do preto velho perfuma o ambiente, a gargalhada do Exu ainda impressiona, a alegria do Ere emociona a ele e a todos…
Enfim, sente-se útil ao trabalhar…
Hoje não tem gira. O terreiro está limpo, as velas estão acessas e tudo parece normal. Resolve adentrar ao terreiro para passar o tempo, perdera a noção das horas. Apura os ouvidos e sente passos a seu redor, percebe que alguém puxa pontos e que o atabaque toca.
Ele esta de costa para todos de frente para o conga.
O cheiro da defumação invade suas narinas…
Seus olhos se enchem de lágrimas na mesma proporção que seu coração se enche de alegria.
Estranhamente, não sente coragem ou vontade de olhar para trás, apenas canta junto os pontos.
Fixa seus olhos nas imagens do altar, fecha os olhos e ainda assim vê nitidamente o conga, parece que percebe o movimento do terreiro aumentar.
Vira de costas para o conga e a cena o surpreende: vê caboclos, boiadeiros , pretos velhos, marujos, baianos, erês e toda uma gama de Guias até Exus e Pomba Giras estão ali na porteira.
Se dá conta que os vê como são, não estão incorporados. Todos lhes sorriem amavelmente.
Dentre tantos Guias, percebe aqueles que incorporam nele desde criança. Tenta bater cabeça em homenagem a eles mas é impedido.
O caboclo, seu guia de frente, se adianta, lhe abraça, brada seu grito guerreiro…os demais o acompanham.
O velho pai de santo não agüenta e chora emocionado…
As lagrimas lhe turvam a vista. Fecha seus olhos e ao abri-los todos os guias ainda permanecem em seus lugares embora calados…
Nota uma luz brilhante em sua direção, Yansa e Omolu se aproximam, seu caboclo os saúda e é correspondido.
A luz o envolve completamente. Já não se sente mais velho; na verdade sente-se jovem como nunca. Seu corpo está leve e ele levita em direção à luz. Todos os guias fazem reverência…
O terreiro vai ficando longe envolto em luz…Ele sorri alegre…A missão estava cumprida…
No dia seguinte, encontram seu corpo aos pés do conga. Tinha nos lábios um sorriso…

como-voce-se-relaciona-com-exu

como-voce-se-relaciona-com-exu

Como você se relaciona com Exu? Já pensou nisso?
Certamente vivemos hoje em dia uma nova consciência e estamos sempre em aprendizado.
Assim, a melhor maneira que vejo para falar sobre Exu é tentar mostrar como eu me relaciono com Exu!

Pois, assim, você poderá fazer a reflexão e responder a si mesmo como você se relaciona com Exu.

Desse modo, cabe dizer primeiro que me desenvolvi na Umbanda em um Terreiro bem tradicional.
Portanto, durante muito tempo me relacionei com Exu repetindo os padrões aprendidos naquele ambiente.
Primordialmente sempre lidei com Exu como uma entidade que trabalha pela Luz e abre caminhos, pois me ajudava nos meus problemas pessoais, a tudo que eu sempre precisei.
Enfim, como uma bengala para meus comodismos.
O tempo foi passando e a cada incorporação eu aprendia algo novo, a cada estudo eu desenvolvia uma outra maneira de me relacionar.
Muitos anos se passaram, estudos feitos, livros lidos… Até eu chegar aqui…
“Consciência é a chave da transformação!”
Certo dia, eu estava no curso de Desenvolvimento Mediúnico presencial no Colégio Pena Branca e um médium fez um pergunta que me deixou muito curioso.

A saber, a pergunta foi mais ou menos assim:

“Durante toda a minha vida eu sempre me relacionei com as entidades de um forma de pedinte.
Inclusive para coisas que dependiam muito da minha capacidade de realização.
Assim, existe uma outra maneira de me relacionar com as entidades?”
Sem dúvida, me vi naquela pergunta, repleto de dúvidas sobre como me relacionar.
O meu amigo, irmão, parceiro e mestre Alexandre Cumino deu uma resposta que naquele momento reafirmou tudo o que eu sentia e vivia com relação às entidades e, principalmente, com Sr. Tranca Ruas.Nesse sentido, ele disse:
“A relação que você descreveu é muito comum da assistência, daquele que vem no Terreiro tomar um passe.
Agora, o importante que se deve entender é: quem é você (médium) quando está incorporado com a entidade?”

Em síntese, ficou esta reflexão…

Voltando ao relacionamento com a entidade, outro momento me marcou muito.
Em outras palavras, foi uma experiência com o Daime (chá do Daime).
Nesta vivência em que participei houve incorporação e eu senti algo que me impactou.
Pois no meio do transe tive chamadas de entidades e Orixás e foi num destes momentos que percebi algo muito peculiar.
Assim, quando eu incorporei a entidade senti que era uma energia que vinha de fora, vinha ao meu encontro.
Por outro lado, quando eu incorporava o Orixá sentia que era algo que transbordava de dentro de mim, de dentro para fora.

No entanto, vamos analisar melhor para tentar responder como você se relaciona com Exu (ou poderia)…

No livro “Exu Não é o Diabo” de Alexandre Cumino (Madras Editora), em um trecho do capítulo “Eu Sou Orixá Exu!”, diz o seguinte:
“Assim sou eu, visto no espelho da sua alma.
Mostro-me a partir do que você é, e assim desenhado e pintado com traços e cores do seu ego e sua vaidade.
Posso não parecer bonito, mas o que você vê não sou eu de fato, e sim a sua própria imagem no espelho.”
Neste momento a ficha caiu, a luz se fez e eu entendi como devo me relacionar com Exu.
Simplesmente sendo Exu! Pois a consciência é a chave da transformação!
Assim, incorporando não somente o espírito, mas incorporando seus valores, sua força, sua vitalidade e carregar isso na minha vida.Pois minhas conquistas são concretas, e foi Exu em mim (e não uma abstração) que me ajudou.
Da mesma forma, minhas aberturas de caminhos foram possíveis porque Exu em mim abriu.
Assim como minhas sombras, erros e possíveis vícios, foi Exu em mim que fizeram enxergar, aceitar e melhorar.
Por fim, tem um ponto de Exu que eu adoro, pois responde muito bem a quem pergunta quem é Exu e diz o seguinte:“Exu é caminho, é energia, é vida, é determinação.
É cumpridor da Lei, Exu é esperto, Exu é guardião.
Exu é trabalho, é alegria veloz, Exu é viver.
É a magia, é o encanto, é o fogo, é o sangue na veia vibrando.
Exu é prazer.
Laroyê!”
Com efeito, como eu me relaciono com Exu?
Eu incorporo todos os seus valores e procuro levá-lo em essência para todos os lugares.
Sendo assim, volto ao ponto que tanto gosto e, seja no Terreiro ou fora dele, eu digo assim:
“Eu (Exu) sou caminho, sou energia, sou vida, sou determinação.
Eu (Exu) sou cumpridor da Lei.
Eu (Exu) sou esperto
Eu (Exu) sou guardião.
Eu (Exu) sou trabalho, sou alegria veloz, sou viver.
Eu (Exu) sou a magia, o encanto, o fogo, o sangue na veia vibrando.
Eu (Exu) sou prazer.
Laroyê!”

E aí, quem é você com Exu?

Como você se relaciona com Exu?