terça-feira, 15 de outubro de 2019

Pacha Mama

Pacha Mama


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Pachamama na cosmologia dos Incas, Juan de Santa Cruz Pachacuti Yamqui Salcamayhua (1613).
Pacha Mama ou Pachamama (do quíchua Pacha, "universo", "mundo", "tempo", "lugar", e Mama, "mãe",[1] "Mãe Terra") é a deidade máxima dos povos indígenas dos Andes centrais.
Vários autores consideram Pachamama como uma divindade relacionada com a terra, a fertilidade, a uma mãe, o feminino. [2]
Pacha Mama é uma deusa que produz, que engendra. Segundo a tradição, sua morada está no Cerro Blanco (Nevado de Cachi), em cujo cume há um lago que rodeia uma ilha habitada por um touro de chifres dourados e salivantes que, ao mugir, expele nuvens de tormenta pela boca.[3]
Segundo o historiador boliviano Rigoberto Paredes (1870–1950), a princípio, o mito de Pacha Mama devia referir-se ao tempo, "talvez vinculado de alguma forma à terra; ao tempo que cura as maiores dores, tal como extingue as alegrias mais intensas; ao tempo que distribui as estações, fecunda a terra, sua companheira; dá e absorve a vida dos seres no universo. Pacha significa originariamente "tempo", na língua kolla; só com o transcurso dos anos - as adulterações da língua e o predomínio de outras raças - pôde confundir-se com a terra e fazer com que a esta e não àquele se rendesse preferente culto [...] Pacha-Mama, segundo o conceito que tem entre os índios, poderia ser traduzido no sentido de terra grande, diretora e sustentadora da vida"[4] A terra, como geradora da vida, será então assumida como um símbolo de fecundidade.[3][5]

Segundo a tradição uma grávida após parida deve dar ao tio que mais deu atenção e falou, no mínimo 10 garrafas de vinhos como oferta e gratidão.

Celebração[editar | editar código-fonte]

1º de agosto é o dia da Pacha Mama. Nesse dia, enterra-se, em um lugar próximo da casa, uma panela de barro com comida cozida. Também se põe cocayictaálcoolvinhocigarros e chicha para alimentar Pacha Mama. Nesse mesmo dia deve-se por cordões de fio branco e preto, confeccionados com lã de lhama, enrolando-os à esquerda. Esses cordões se atam nos tornozelos, nos pulsos e no pescoço. [5]

Pachamama como sujeito de direito[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Sumak Kawsay
O novo constitucionalismo latino-americano reconhece Pachamama como um novo sujeito de direito, com base no princípio do sumak kawsay ou Buen Vivir ou Vivir Bien, o qual se contrapõe aos ideais de desenvolvimento econômico.[6] Pachamama é referida no preâmbulo das constituições do Equador[7] e da Bolívia.[8] Nesta última, também são citados os conceitos de suma qamaña (viver bem), ñandereko (vida harmoniosa), teko kavi (vida boa), ivi maraei (terra sem mal) e qhapaj ñan (caminho ou vida nobre) como princípios ético-morais da sociedade. O buen vivir ou sumak kawsay também aparece na Constituição equatoriana.