sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Exú

Mensageiro dos Orixás, ele é o primogênito do universo no mito da gênesis dos elementos cósmicos. É o resultado da integração água e terra, masculino e feminino, sendo o terceiro elemento. Cultuado entre os Orixás, apenas por seu intermédio é possível adorar as Yabás-Mi (as feiticeiras). 

Traçar e abrir caminhos é uma das suas principais atividades, pois ele circula livremente entre todos os elementos do sistema. É o princípio da comunicação. 

Esta fortemente representado no Opon-Ifá (tábua adivinhatória de Ifá - Deus da Adivinhação) pelos triângulos e losângulos. O sistema oracular funciona graças a ele. Está profundamente associado ao segredo da transformação de materiais em indivíduos diferenciados. Exú é o alter ego de todos os indivíduos. 

É o princípio dinâmico da expansão (evolução), agente de ligação, princípio do nascimento de seres humanos, princípio da reparação (causa/efeito). Exerce o papel de propulsor do desenvolvimento, de mobilizador, de fazer crescer, de ligar, de unir o que está separado, de transformar, de comunicar e de carregar. Todos os Orixás necessitam de suas forças, pois ele está ligado à evolução e ao destino de cada um.

Exú é o primeiro que se serve e se cultua, é o Senhor, o decano de todos os elementos.

Como muitos não conhecem profundamente a religião Iorubá, tiram conclusões apressadas e erradas quando se referem a Exú, tornando-o uma entidade voltada para o mal e apresenta nos círculos menos evoluídos como portadores de defeitos físicos, confundido com os Kiumbas (entidades defeituosas).


Embora conhecido como um escravo, a grande realidade é que Exú também é um Orixá, representando os santos como mensageiro, verdadeiro secretário, o cobrador da lei causa/efeito. Não se pode ir a um Orixá sem antes tratar de Exú. Embora seus toques sejam rápidos (ex. Bravum Adarrum), ele dança com satisfação qualquer toque aos Orixás quando ordenado. Exceto para Oxalufan, com qual ele brigou por desejar seu trono. 

Exú é o detentor de axé e quem, junto com Olodumaré, criou o universo, ambos têm o mesmo poder. 
 

Exu (Èsù) é a figura mais controversa do panteão africano, o mais humano dos orixás, senhor do princípio e da transformação. Deus da terra e do universo; na verdade, Exu é a ordem, aquele que se multiplica e se transforma na unidade elementar da existência humana. Exu é o ego de cada ser, o grande companheiro do homem no seu dia-a-dia.

Muitas são as confusões e equívocos relacionados com Exu, o pior deles associa-o à figura do diabo cristão; pintam-no como um deus voltado para a maldade, para a perversidade, que se ocuparia em semear a discórdia entre os seres humanos. Na realidade, Exu contém em si todas as contradições e conflitos inerentes ao ser humano. Exu não é totalmente bom nem totalmente mau, assim como o homem: um ser capaz de amar e odiar, unir e separar, promover a paz e a guerra.

O maniqueísmo, próprio das grandes religiões monoteístas, não se aplica ao Candomblé, muito menos a Exu. A cultura africana desconhece oposições, em especial a oposição entre bem e mal; sabe-se aqui que o bem de um pode perfeitamente ser o mal de outro, portanto, cada um deve dar o melhor de si para obter tudo de bom na sua vida, sempre cultuando, agradando e agradecendo a Exu, para que ele seja, no seu quotidiano, a manifestação do amor, da sorte, da riqueza e da prosperidade.

Exu é o orixá que entende como ninguém o princípio da reciprocidade, e, se agradado como se deve, saberá retribuir; quando agradecido pela sua retribuição, torna-se amigo e fiel escudeiro. No entanto, quando esquecido é o pior dos inimigos e volta-se contra o negligente, tirando-lhe a sorte, fechando-lhe os caminhos e trazendo catástrofes e dissabores.

Exu é a figura mais importante da cultura iorubá. Sem ele o mundo não faria sentido, pois só através de Exu é que se chega aos demais orixás e ao Deus Supremo Olodumaré. Exu fala toda as línguas e permite a comunicação entre o orum e o aiê, entre os orixás e os homens.

Exu é o dono do mercado, o seu guardião, por isso todo o comerciante e aqueles que lidam com venda devem agradar a Exu. As vendedoras de acarajé, por exemplo, oferecem sempre o primeiro bolinho a Exu, atirando-o à rua, não só para vender bem, mas também par afastar as perturbações, evitar assaltos etc., ou seja, para que Exu seja de facto um guardião e proteja o seu negócio.

É importante ressaltar que Exu não tem amigos nem inimigos. Exu protege sempre aqueles que o agradam e sabem retribuir os seus favores.

Exu foi a primeira forma dotada de existência individual. Não se sabe ao certo a sua região de origem em África, pois em todos os reinos se presta culto a Exu. Sabe-se, no entanto, que chegou a ser rei de Kêtu. Exu renasceu várias vezes e a sua história revela que é filho de Orunmilá ou de Oxum, dependendo do momento em que renasce.



DIA: Segunda-feira.

CORES: Preto (ou seja, a fusão das cores primárias) e vermelho.

SÍMBOLOS: Ogó de forma fálica, falo erecto.

ELEMENTOS: Terra e fogo.

DOMÍNIOS: Sexo, magia, união, poder e transformação.

SAUDAÇÃO: Laroiê!




QUALIDADES DE EXU


ELEGBARA: - É o mesmo ÈSÙ YANGI, também chamado de IGBÁKETA BARAKETU OBÁ. É o mais velho, a primeira forma a surgir no mundo. É o dono do poder dinâmico do processo da multiplicação dos seres. Está ligado tanto ao ancestral masculino como ao feminino. Carrega o Adoiyran, cabaça que contém a força de se propagar. Esta cabaça vai no assentamento. É companheiro, inseparável, de Ogum, a ponto de serem confundidos. Veste o branco, vermelho e o azul escuro. Come bichos machos e fêmeas. Exú Yangi = pedra vermelha de laterita, primeira protoforma existente – água + terra.



- YGELU: - Associado ao WÁJÌ, que representa o fruto da terra e por extensão o mistério do processo oculto da vida e da multiplicação. Dele é o caracol africano. Veste o azul arroxeado. Às vezes aparece vestido de preto.




- Exú Elebo: - senhor-das-oferendas


- LALU: - ÈSÙ dos caminhos de Oxalá. Não deve beber cachaça nem dendê. Veste-se de branco. Vem, também, para outros Orixás. Tem muitos filhos.


- TIRIRI: - Acompanha Ogum pelas estradas. Usa vermelho ou todas as cores. Sempre nas porteiras e caminhos. Tem grande força.


- ELEBÓ ou ELERU: - É o senhor das oferendas, o portador e o mensageiro. É sempre o primeiro a ser invocado. Veste o preto e o vermelho. É o dono do dendê. É ele que carrega o dendê na peneira.



- ODARA: - É invocado no padê. Providencia a comida e a bebida de todos. É benéfico, não gosta de bebida alcoólica, aprecia mel e vinho, gosta de branco, mas usa vermelho e preto. Ele nos dá a fortuna.



- LONA: - É o Exu das porteiras dos barracões, vigia os caminhos. Traz os clientes e a fartura. Usa vermelho, preto e azul arroxeado.


- OLOBÉ: - Este Exu é o dono da faca. É ele que separa as frações de substâncias para formar outros seres diferentes. É muito semelhante ao Ogum Xoroquê, anda pelas madrugadas, sempre procurando os profanadores de oferendas postas nas encruzilhadas. Sua cor é azul arroxeado. Ele é o Axogum e sacerdote, sacrificador da sociedade das Iyámi Ajé.


- ALAKÉTU: - É o Exu do dinheiro, veste branco, vermelho e azul escuro.


- AKESAN: - É o que fala pelos búzios.


- LARÓYÈ: - É astuto e provoca brigas


- SIGIDI: - Provocador de brigas.


- Esu Agba ou Esu Agbo: - É o nome que mostra sua ancianidade; ele é o mais velho e, por conseqüência, o pai que é retratado no mito em que Orunmilá o persegue através dos nove Orun.

- Esu igba keta: - É o terceiro aspecto mais importante de Esu que está ligado ao número três, a terceira cabaça onde ele é representado pela figura de barro junto aos elementos da criação.

- Esu ikorita meta: - É ligado ao encontro dos caminhos ou a encruzilhada; o encontro de três ruas ( Y ).

- Esu Okoto: - É o representado pelo caracol agulha, mostra a evolução de tudo que existe sobre a terra, e está ligado ao Orixá Ajé Saluga, o antigo Orixá da riqueza dos Yoruba.

- Esu Obasin: - É por este nome que é conhecido e cultuado em Ile Ifé.


- Esu Ojisé ébó: - É ele que observa todos os sacrifícios rituais e recomenda sua aceitação, levando as súplicas a Olodunmarê.


- Esu Enugbarijo: - É o que devolve a todos o sacrifício em forma de benefícios.

- Esu Bara:- É um dos mais importantes aspectos de Exu, pois ele é o Exu do movimento do corpo humano, infundido no corpo pré-humano, ainda no Orun por Obatalá, sendo "assentado" no momento da iniciação, junto com o Ori e o Orixá individual.


- Esu Élébó: - É o carregador de todos os Ébo.


- Esu Odusô ou Olodu: - É ele que tem seu rosto retratado no Opon Ifa, e vigia o Babalawo para que este não minta; é o que vigia os oráculos (Opélé-Ikin-Erindilogun)


- Esu Elepo: - É ele que recebe o sacrifício do azeite de dendê.


- Esu Inã: - É um dos aspectos mais importantes deste Esu primordial, é presidir o Ipade, sendo o dono do fogo. É a Esu Inã que os Babalorisa/Iyalorisa se dirigem no começo do Ipade, uma das mais importantes cerimônias do ritual afro-descendente religioso.


As qualidades de Exú aqui relacionados, dizem respeito ao Orixá Exú do Candomblé, não tendo relação com os Exús da Quimbanda.


 - Agba: O ancestral, epíteto referente à sua antiguidade

 - Agbo: O guardião do sistema divinatório de Orunmilá

 - Ajonan: Tinha o seu culto forte na antiga região Ijexá

 - Akesan: Quando exerce domínio sobre os comércios. Acompanha Oxumarê

 - Alàfìá: O senhor da satisfação pessoal

 - Alaketu: Cultuado na cidade de Ketu onde foi o primeiro senhor. Acompanha Oxóssi

 - Álè: Acompanha Omolú

 - Aríjídì: Acompanha Oxum

 - Asanà: Acompanha Oxum

 - Bárà: O senhor do corpo

 - Elebo: O senhor das oferendas

 - Eledu: Estabelece o seu poder sobre as cinzas, carvão e tudo que for petrificado

- Elegbárà: O senhor do poder mágico

 - Eleru: Transportador dos carregos rituais onde possui total domínio

 - Enugbarijo: Nessa forma Exú passa a falar em nome de todos os Orixás

 - Gogó: É o responsável pela recompensa divina a todos os atos dos seres humanos (e também dos seres espirituais)

- Igbaketa: O terceiro elemento. Faz alusão aos domínios do Orixá e ao sistema divinatório

 - Igbárábò: Acompanha Iemanjá e Xangô

 - Ijedé: Acompanha Logun

 - Íjenà: Acompanha Ewá

 - Ikoto: Faz referência ao elemento Ikoto que é usado nos assentamentos. Esse objeto lembra o movimento que Exú faz quando se move como um furacão.

 - Ina: Quando é invocado na cerimônia do Ipadê, regulamentando o ritual

 - Jelu: Nessa fase ele regula o crescimento dos seres diferenciados

 - Jeresú: Acompanha Obaluaiye

 - L’Okè: Acompanha Obá

 - Lajìkí: Acompanha Ogum e Oyá. Cuida das porteiras

 - Lálú: Acompanha Odé, Ogum e Oxalá

 - Langìrí: Acompanha Osogiyan

 - Lodo: Senhor dos rios, função delicada, dado a conflitos de elementos

 - Loko: Como ele é assexuado nessa fase, tende ao masculino simbolizando virilidade e procriação

 - Lonan: O senhor dos caminhos. Acompanha Oxum, Oyá e Ogum, responsável pela porteira do Ketu

 - Oba Babá Exú: o rei pai de todos os Exús

 - Oba Iangui: O primeiro, que foi dividido em várias partes, segundo seus mitos

 - Odara: Aquele que guia (mostra o caminho, vai à frente). Fase benéfica quando ele não está transitando caoticamente. Senhor da felicidade, ligado a Orixalá

 - Oduso: Quando faz a função de guardião do jogo de búzios

 - Oguiri Oko: Ligado aos caçadores e ao culto de Orunmilá-Ifá

 - Ojise: O mensageiro divino

 - Okòtò: O exú do carocol, o infinito

 - Olobe: Domina a faca e objetos de corte. É comum assenta-lo para
pessoas que possuem posto de Asogun

 - Opin: É o Exu que deve ser evocado sempre que queremos estabelecer um local como sagrado

 - Òrò: Acompanha Odé e Logun. É o responsável pela transmissão do poder através da fala

 - Sìjídì: Acompanha Omolú e Nanã

 - Tirirí: Acompanha Ogum

 - Tòkí: Acompanha Oyá e vários Orixás

 - Tòpá/Eruè: Acompanha Ossanhe

 - Wara: O que controla os relacionamentos interpessoais

- Woro: Vem da cidade do mesmo nome