quinta-feira, 28 de março de 2019

TAJ MAHAL, UMA HISTÓRIA DE AMOR:






TAJ MAHAL - UMA HISTÓRIA DE AMOR

Como todas as histórias, esta também começa da mesma maneira... Era uma vez um príncipe chamado Kurram que se enamorou por uma princesa aos quinze anos de idade. Reza a história que se cruzaram acidentalmente, mas seus destinos ficaram unidos para todo o sempre. Após uma espera de cinco anos, durante os quais não se puderam ver uma única vez, a cerimônia do casamento teve lugar do ano de 1612, na qual o imperador a rebatizou de Mumtaz Mahal ou "A eleita do palácio". O Príncipe, foi coroado em 1628 com o nome Shah Jahan, "O Rei do Mundo" e governou em paz.
Quis o destino que Mumtaz não fosse rainha por muito tempo. Ao dar à luz o 14º filho de Shah Jahan, morreu aos trinta e nove anos em 1631. O Imperador ficou tremendamente desgostoso e inconsolável e, segundo crônicas posteriores, toda a corte chorou a morte da rainha por dois anos. Durante esse período, não houve música, festas ou celebrações de espécie alguma em todo o reino.
Shah Jahan ordenou, então, que fosse construído um monumento sem igual, para que o mundo jamais pudesse esquecer. Não se sabe ao certo quem foi o arquiteto, mas reuniram-se em Agra as maiores riquezas do mundo. O mármore fino e branco das pedreiras locais, jade e cristal da China, turquesa do Tibet, lápis - lazúli do Afeganistão, ágatas do Yemen, safiras do Ceilão, ametistas da Pérsia, corais da Arábia Saudita, quartzo do Himalaia, âmbar do Oceano Índico.



Surge assim o Taj Mahal. O seu nome é uma variação curta de Mumtaz Mahal, o nome da mulher cuja a memória preserva. O nome "Taj", é de origem persa, que significa coroa. "Mahal" é arábico e significa lugar. Devidamente enquadrado num jardim simétrico, tipicamente muçulmano, dividido em quadrados iguais cruzado por um canal ladeado de ciprestes onde se reflete a sua imagem mais imponente. Por dentro, o mausoléu é também impressionante e deslumbrante. Na penumbra, a câmara mortuária está rodeada por finas paredes de mármore incrustado com pedras preciosas que formam uma cortina de milhares de cores. A sonoridade do interior, amplo e elevado é triste e misterioso, como um eco que soa e ressoa sem nunca se deter.



Sobre o edifício surge uma cúpula esplendorosa, que é a coroa do Taj Mahal. Esta é rodeada por quatro cúpulas menores, e nos extremos da plataforma sobressaem quatro torres que foram construídas com uma pequena inclinação, para que em caso de desabamento, nunca caíssem sobre o edifício principal.
Os arabescos exteriores são desenhos muçulmanos de pedras semipreciosas incrustadas no mármore branco, segundo uma técnica Italiana utilizada pelos artesãos hindus. Estas incrustações eram feitas com tamanha precisão que as juntas somente se distinguem à lupa. Uma flor de apenas sete centímetros quadrados pode ter até sessenta incrustações distintas. O rendilhado das janelas foi trabalhado a partir de blocos de mármore maciço.



Diz-se que o imperador Shah Jahan queria construir também o seu próprio mausoléu. Este seria do outro lado do rio. Muito mais deslumbrante, muito mais caro, todo em mármore preto, que seria posteriormente unido com o Taj Mahal através de uma ponte de ouro. Tal empreendimento nunca chegou a ser levado a cabo. Após perder o poder, o imperador foi encarcerado no seu palácio e, a partir dos seus alojamentos, contemplou a sua grande obra até à morte. O Taj Mahal foi, por fim, o refúgio eterno de Shah Jahan e Mumtaz Mahal. Posteriormente, o imperador foi sepultado ao lado da sua esposa, sendo esta a única quebra na perfeita simetria de todo o complexo do Taj Mahal.
Após quase quatro séculos, milhões de visitantes continuam a reter a sua aura romântica... o Taj Mahal, será para todo o sempre um lágrima solitária no tempo.

Obvious
Publicado por Benjamin Junior em Artes e Ideias

UMA HISTÓRIA CIGANA, POR CARLA DAMIANI:

Todos sentados em volta da grande fogueira, hoje a musica serve como fundo, o pai grande conta uma de suas historias, as crianças adoram e é assim que elas aprendem os costumes ciganos.







Desta vez todo o acampamento está atento para ouvir o que ele vai contar, é a sua historia, como ele chegou ali e como Deus escreve certo por linhas tortas.


O velho cigano pigarreou e começou a falar:
- Quando completei 14 anos consegui finalmente dar um rumo a minha vida.
Vida é um modo carinhoso de encarar o que eu passei, muito sofrimento, muita injustiça.
Não conheci meus pais, vivia em uma casa muito antiga e que havia se transformado em uma espécie de orfanato, ali muitas crianças que eram abandonadas a própria sorte encontravam um lar, muitas haviam perdidos seus pais na guerra, mas este não era o meu caso.







A grande verdade é que aquele lugar mais parecia uma prisão, eu por exemplo passava fome, era maltratado pelas freiras que dirigiam aquele lugar que eles chamavam de instituição.
Eu não era o único a sofrer, todos sofriam, por nada apanhávamos, castigos diários e por nada ficávamos sem jantar.
As religiosas comiam do bom e do melhor, na mesa delas muita fartura, carnes, pães, frutas e nós as crianças disputávamos as sobras com os ratos e com as crianças mais velhas.







Nem todas conseguiam sobreviver aos maus tratos, a falta de higiene, a fome aos poucos nos derrotava. Muitas crianças ficavam pelo caminho.
- Ficavam pelo caminho? Perguntou uma criança
- Sim. Meu filho, morriam. 
- Para as freiras, era a vontade de Deus, enterravam o enjeitado ( era assim que ela nos chamava ) e logo era esquecido por todos.







Crianças morriam, crianças chegavam. Era uma roda vida onde os mais fortes conseguiam se manter vivos..
Apesar de todas as dificuldades aprendi a sobreviver, fazia de tudo para não ser notado, sempre que era possível roubava comida das freiras e escondia.
Novamente foi interrompido por outra criança:
- Vô você roubava?





Lavagem são os restos de comida que dão aos animais, esse era o nosso alimento. Cigano eu sou, mas naquela época eu ainda não sabia .e por fim me batiam porque eu era um dos menores, além de ruim a comida era pouca e só os mais fortes conseguiam pegar a sua parte, aos pequenos ficavam as sobras.


- Gente ruim né vô ?
O velho nem respondeu, concordava com a criança..
- Agora voltando a história, a primeira vez que eu os vi devia Ter uns 7 ou 8 anos de idade, estávamos todos amontoados no que eles chamavam de area de descanso, tomando sol e a caravana cigana passou na estrada. Todos se espremeram nas grades do portão para olhar aquele grupo de pessoas, alguns meninos xingaram e um deles olhou para mim e disse:
- Olha lá o teu povo, ladrãozinho, quem sabe tua mãe não está dormindo com um deles.
- Minha vontade era de matá-lo, mas a chance de eu morrer era maior, então abaixei a cabeça e me afastei chorando de raiva.
- A cada seis ou oito meses passava uma caravana cigana e sempre acontecia a mesma coisa, xingavam, ofendiam e quando o grupo cigano sumia na estrada as ofensas eram para mim..Confesso que ser chamado de cigano uma ofensa maior que ser chamado filho de rameira, enjeitado, mas não teve jeito esse passou a ser o meu apelido e minha cruz. Mas até isso me deu forças para continuar lutando pela minha sobrevivência.
Com o passar do tempo me acostumei ao meu modo de vida, fazia de tudo para não ser notado, nem pelas freiras, nem pelos companheiros, não entrava mais na disputa pela comida, raras vezes me batiam e eu sabia suportar.





- E o senhor não tinha fome? Perguntou outra criança.
- Claro que tinha, mas eu suportava até a noite. Ficava sem o almoço, sem o jantar e quando todos iam dormir, saía da cama devagarinho e ia ao meu esconderijo pegar comida. Ah! Como eu comia, riu o velho cigano, e precisava comer mesmo, minha próxima refeição seria somente na próxima noite.
- E não faltava comida? Perguntou um jovem cigano.
- Não meu filho, nunca deixei aquele lugar sem comida, sempre que tinha oportunidade pegava tudo que servisse como alimento e escondia, afinal minha vida dependia do que eu conseguisse arranjar e esconder.
- Essa boa fase de minha vida durou alguns meses, mas todos estranhavam, como era possível não comer e não Ter fome, não ficar doente, não emagrecer, era um mistério que ninguém conseguia explicar.


Agora além de cigano, ladrão me chamavam de bruxo.


- O senhor fazia feitiço? Perguntou uma menina
- O riso tomou conta do grupo 
- Claro que não. Mas era realmente estranho e todos ficavam tentando adivinhar o que acontecia, aliás todos não, as religiosas nem sabiam quem comia ou deixava de comer, para elas pouco importava.
- Novamente a mesma criança fez o comentário:
- Gente ruim. Né vô?
- Muito ruim mesmo minha menina.
- Então certa noite, estava com muita fome e cometi meu primeiro e ultimo erro. Achando que todos já estavam dormindo levantei pé ante pé e fui ao meu esconderijo, não tive tempo nem de colocar um pedaço de pão na boca, fui descoberto. 
- Um dos garotos descobriu pai grande?


- Se fosse apenas um com certeza eu teria conseguido controlar a situação, não era um, acho que todos esperavam esse dia.
- O que aconteceu vô?
- Primeiro comeram tudo que eu tinha guardado, e eu até entendo, também tinham fome, mas depois fui surrado por todos, os maiores me socavam e quando caí os menores me chutavam, fui jogado de um lado para o outro, eles me odiavam.
- Coitado do vô. As crianças estavam desoladas




- O cigano deu um sorriso triste e continuou, 







queria esquecer aquele dia mas precisava passar adiante a sua historia.
- Tanto barulho, tanta algazarra, meus gritos acabaram acordando as religiosas, chegaram furiosas atacando todo mundo e eu que achava que ia morrer nas mãos delas meu enganei, elas me salvaram. Mal conseguia ficar de pé, os dois olhos pareciam manchas escuras, não conseguia abri-los e sangue muito sangue saía de minha boca, perdi dois dentes.
- O silencio de todos parecia reviver o momento pelo qual o velho cigano havia passado.
- O velho abriu a boca e mostrou dois dentes de ouro e falou:


- Estes foram os dentes que perdi
-


O que está acontecendo aqui? Gritou a religiosa
Vendo que todos iriam ser castigados começaram a contar o que haviam descoberto. Eu mal conseguia enxergar, mas os olhos da freira pareciam duas labaredas de fogo e ela apesar do meu estado ainda me deu uns tapas e arrastou-me dali gritando para que todos fossem dormir.
Fui jogado no porão, meus ferimentos sangravam, a dor era muita, mas a fome superava tudo, estava sem colocar nada na boca a mais de um dia.
- E como foi sua noite pai grande?
- Gostaria de esquecer mas não consigo, foi horrível meus amigos, aquele porão parecia uma tumba, um mal cheiro terrível, ratos e baratas habitavam aquele lugar, passei a noite sem dormir, o sono vinha e eu conseguia espantá-lo, se dormisse seria atacado pelos ratos e baratas que pareciam esperar que isso acontecesse. Foi difícil mas consegui suportar. Eu até achava que merecia o que havia recebido dos companheiros, mas das freiras não, tudo que eu fiz foi para continuar vivendo.
- Nossa vô e o senhor chorou?
- Chorei sim, afinal eu era uma criança como vocês, hoje não choro mais.
- Continue pai grande
- Está bem vou continuar, alguém pode me trazer uma caneca de vinho, a garganta está seca.
- Eu vou buscar. Disse uma cigana. Me espere antes de continuar
- Então vamos todos fazer uma parada, depois voltamos
- O grupo se desfez e cada um foi para sua tenda ou carroça, beber uma água, colocar os pequeninos para dormir, fazer suas necessidades.
- A caneca de vinho chegou e o velho cigano se recostou para bebê-la, ficou admirando o acampamento, como era bom ser cigano, ser livre, amante da natureza, abaixou a cabeça e agradeceu a Deus pela vida que hoje tinha, fechou os olhos e dormiu..
Aos poucos os ciganos foram retornando, estavam todos curiosos em saber a história do velho cigano.
- Vamos lá pai, estão todos aqui
Acordou sem saber onde estava, ao ver o grupo em sua volta sorriu.
Onde eu parei?
- O senhor estava preso no porão machucado e com fome. Disse uma ciganinha.




- Ah! É verdade. Continuando, aquela foi uma noite que parecia não Ter fim, mas consegui atravessá-la e pela manhã fiquei esperando que alguém viesse em meu socorro, me enganei. Passei a manhã inteira vendo o sol por uma pequena janela, ouvia as outras crianças falando, mas ninguém se lembrava de mim, parecia que eu nunca havia existido.


Uma ciganinha de uns 12 anos ouvia a historia e lágrimas desciam do seu rostinho, 





o velho tirou o lenço que tinha no pescoço e limpou aquelas lágrimas que teimavam em correr.
- Não chore ciganinha, nós somos fortes e abençoados, olha o vovô como está feliz hoje.
- Não pare pai, continue a historia pediu um cigano
- No inicio da tarde, acho que já era tarde, não tinha como saber por aquela janelinha entraram no porão, eram duas freiras, traziam um pedaço de pão e uma jarra com água, deixaram logo na entrada, antes de sair uma delas disse:
- Olha aí cigano, isso é seu e jogou algo que na pouca claridade nem vi o que era. Guarde com você, se morrer quem sabe por isso descobrem quem você é.
- Trancaram a porta e se foram.
- O que era vô? O que ela jogaram?
- Calma, eu chego lá. Primeiro precisava beber água e comer alguma coisa, então devorei aquele pedaço de pão duro e bebi muita água, 





mas deixei um pouco, não sabia quando elas iam voltar, ainda rasguei as mangas da minha camisa, molhei na água e limpei meus ferimentos, ainda doíam mas já dava para suportar, em seguida fui procurar o que a freira tinha jogado, tateei por onde achava que havia caído e por fim encontrei.
- O que era vô?
- O velho abriu a camisa e mostrou a corrente e o medalhão, não era ouro, não era uma jóia, não era bonito,era de cobre, mas tinha uma estrela de seis pontas, era chamada também de a estrela de Davi.





- Todas as crianças queriam ver o medalhão e o cigano tirou e deixou que as crianças admirassem e logo veio a pergunta:


- O que é essa estrela?
O velho cigano pacientemente explicou:


Simboliza proteção. É usado como talismã de proteção contra inimigos visíveis e invisíveis. Ela também é conhecida como Estrela Cigana e Estrela de Davi.
A Estrela Cigana é o símbolo dos grandes chefes ciganos. 


Possui seis pontas, formando dois triângulos iguais, que indicam a igualdade entre o que está à cima e o que está a baixo. Representa sucesso e evolução interior.
Os mais velhos entenderam a explicação, as crianças nem tanto, mas elas eram novinhas tinham toda a vida pela frente para aprender os costumes e depois passa-los as próximas gerações.
- Naquela epoca eu não sabia nada disso, mas como a freira disse que era minha guardei, era meu tesouro, eu que não tinha nada agora tinha um tesouro, coloquei no pescoço e tentei dormir enquanto havia um pouco de claridade.
- Não sei quanto tempo dormi, já estava escuro quando acordei ou melhor fui acordado pelos insetos, levantei depressa batendo na roupa para espantá-los. Ninguém havia aparecido para saber se eu ainda vivia, meus olhos estavam pesados e tornei a dormir.



- Cigano
- Cigano
Alguém me chamava mas não dava para enxergar, senti raiva por ser chamado de cigano, mas era alguem que talvez viesse me ajudar, então gritei :
- Estou aqui
A voz que me chamava era linda, nunca tinha ouvido algo semelhante, parecia uma musica e aquele porão fétido e escuro de repente se iluminou, não consegui ver o seu rosto, meus olhos machucados, aquela luz brilhava tanto que parecia me cegar,forcei a vista e tudo que consegui ver foi um vulto de mulher e ela voltou a falar:
- Cigano porque você renega seu passado?
- Não entendi nada, mas fingi que havia entendido. Ela na hora viu que eu estava mentindo e explicou:
- Quando eu digo passado ciganinho quero dizer suas raízes, sua gente, seus antepassados.
- Que passado? Meu passado era hoje e meu futuro também, cheguei a pensar que estava morrendo.
A partir de hoje você deve se orgulhar do que é, deve respeito aos seus pais embora não os tenha conhecido, deve honrar toda a nação cigana.
- E o que eu sou senhora?


- Você é um cigano.
- Pronto, mais um me chamando de cigano e eu estava começando a gostar dela. Na verdade acho que ela lia meus pensamentos e ela voltou a falar:
- Não sente vontade de ser livre? Não se sente discriminado por todos? Não sofreu na própria pele a maldade dos homens e no seu caso também das mulheres.
Era verdade, tudo que ela falou acontecia e estava acontecendo comigo, puxa vida eu era cigano mesmo.
- Guarde o seu tesouro menino ele te levará ao teu povo.
- Como assim? Me levará ao meu povo?
- Tempo ao tempo cigano, você não está sozinho.
Então aquela luz foi se apagando aos poucos e voltou a escuridão.
- Quem era aquela moça vovô.
- Era um anjo. Minha menina, um anjo de luz.
- Não pare pai, continue queremos saber como termina sua historia!
- Era um anjo minha gente e ele passou a me ajudar, era um enviado de Deus, mas continuando, fiquei aquela noite acordado, sentia frio, meus dentes, aqueles que sobraram batiam um no outro, estava doente e sentia a vida me abandonando aos poucos, pela manhã abriram aquela porta e desta vez me carregaram para fora. A luz do dia me cegou, meus olhos machucados já estavam se acostumando com a escuridão, estava muito debilitado, não conseguia permanecer de pé e as crianças ficaram todas em volta curiosas para saber se eu conseguiria sobreviver, elas achavam que não, mas eu tinha certeza que sim, afinal eu era um cigano.
Desta vez todos bateram palmas, as crianças, os jovens, os adultos o orgulho de ser cigano era passado de geração a geração.
O velho cigano sorriu, seu povo era e continuaria sendo orgulhoso de suas raízes, dava para sentir na alegria das crianças. Por um momento ficou parado olhando a lua, mas foi chamado de volta para continuar sua narrativa.
- Pois é minha gente, dei um trabalho danado para aquelas religiosas, não sei porque queriam minha cura a qualquer preço e não mediam esforços para isso, fui tratado, alimentado, me deram roupas e aos poucos fui me recuperando, elas deviam estar esperando uma visita das autoridades, mas elas nunca apareceram. Agora o mais importante aconteceu, as outras crianças passaram a me respeitar, ninguém mais me agredia e deixaram de me chamar de cigano, só que eu queria ser chamado de cigano e foi o que fizeram, portanto ontem como hoje e sempre sou cigano.


- Todos somos pai. Disse um jovem.
- É verdade filho, mas voltando a historia visto que a hora já se faz, para mim tudo mudou, podia dizer que tinha uma nova vida, mas não estava feliz, o coração cigano falava mais alto, o desejo por liberdade aos poucos me agitava, devia haver alguma maneira de me libertar daquela prisão e foi o que fiz.
- O que o senhor fez vô?



- Eu fugi minha menina, como um passaro voei para a liberdade, não sabia o que iria encontrar, não conhecia nada fora daqueles portões, mas eu era cigano, nasci livre e livre ia permanecer não importava as conseqüências. Sendo assim em certa noite pulei aqueles portões e peguei a estrada, aquela mesma que tantas vezes vira a caravana cigana passando, a ultima já fazia vários dias que havia passado então segui pelo mesmo caminho, quem sabe com um pouco de sorte eu os alcançaria.
- E o senhor os encontrou pai?
- Calma, eu chego lá. Caminhei ao lado daquela estrada por uma boa parte da noite, não sabia se estavam me procurando, deitei embaixo de uma arvore e dormi tendo o céu e as estrelas como companheiros, como era bom ser livre.
- Nada como viver com a natureza não é vô?
- Verdade minha menina, não tem ouro que pague esta nossa vida,
O velho cigano deu uma pausa, revivia aqueles momentos e foi um ciganinho quem o trouxe de volta a realidade.
Não para vô, a historia é boa.
- Está certo menino, vamos em frente. Naquela noite ela voltou, parecia mais linda tendo as estrelas e a lua refletindo em seus cabelos, o meu anjo voltou.





- Cigano
- Estou aqui senhora.
- Como você se sente meu filho?
- cansado, com fome com sede, mas feliz como nunca senhora. Obrigado por abrir meus olhos e me guiar no meu destino.
- Seu destino ainda está distante, mas o mais importante é que você meu menino está no caminho, tenha fé, acredite, Deus guiara seus passos e eu estarei sempre ao seu lado.


- Acordei com o sol batendo em meu rosto, a fome e a sede vieram fazer companhia, mas meu destino era seguir sempre em frente, como o anjo havia me dito eu estava em busca do meu povo. Continuei caminhando e encontrei uma plantação de milho, peguei algumas espigas e segui comendo, não era uma refeição, mas ajudou a me manter forte, só precisava encontrar água e eu encontrei também, meu anjo estava comigo. Pelo visto ninguém se incomodou com a minha fuga, então voltei a caminhar pela estrada, depois de um certo tempo caminhando ouvi o barulho de uma algo que vinha pela estrada fiquei na duvida se devia ou não me esconder, resolvi esperar que se aproximasse e ela foi chegando, era uma velha carroça dirigida por um senhor puxada por dois cavalos, ao me ver parou e perguntou:
- Para onde está indo menino?



- Boa tarde senhor, estou em busca do meu povo, passaram por aqui a alguns dias e estou tentando alcançá-los.
- Então você é cigano menino?
- Pensei antes de responder, e se ele odiasse os ciganos? Mas alguma coisa me dizia para falar a verdade.
- Sou cigano senhor, com muita honra.
O velho sorriu, uma gargalhada amistosa e falou;


- tão jovem e tão orgulhoso, continue assim menino. Vamos lá pode subir e se sentar aqui ao meu lado, seu destino é o meu, também estou indo encontrar o povo cigano, deu me algo para comer, água para matar minha sede e seguimos viagem.
Lourenço era o nome desta boa alma que agora estava me ajudando, comerciante do vilarejo próximo negociava com os ciganos a muito tempo, trocava mantimentos pelos artefatos que a nação cigana fazia, era muito estimado pelos ciganos e me disse durante a viagem que se pudesse escolher queria ter nascido cigano como eu.
- Já estamos chegando menino, logo ali adiante está o acampamento, você poderá encontrar seus amigos, tomar um banho, trocar essas roupas imundas.
- Fui obrigado a contar minha historia para esse novo amigo e ele ficou penalizado com o que eu havia passado.
- É meu amiguinho, você tão novo e já conheceu a maldade que existe no coração das pessoas, mas Deus é grande, prova disso é que estamos indo ao encontro da sua família.
Já dava para ver uma fumaça branca no horizonte, era o acampamento cigano, meu coração disparou, não sei explicar o que eu senti naquele momento, mas era bom. 



Finalmente adentramos no acampamento cigano, não sei como, mas me senti em casa, alguns homens vieram ao encontro da carroça cumprimentaram Lourenço e a mim, descemos da carroça e nos foi servido algo para beber, eu estava muito cansado.
Lourenço chamou um homem de lado e ficaram conversando por alguns minutos, em seguida este cigano veio até onde eu estava e disse:
- Venha comigo menino, vais tomar um banho, ganharás novas roupas, se tens fome vais comer e em seguida Lourenço te levará até o Pai Grande.
Fui levado até uma grande tenda, ali havia uma tina com água, outra vazia e Ramon esse era o nome do cigano pediu que eu tirasse água de uma e tomasse meu banho na outra.
- Não tenha pressa menino, vou providenciar roupas para você.
Enchi aquela tina com água fresca, tirei meus trapos e entrei, o contato com a água fria me trouxe ao encontro deste novo mundo que se abria para mim, agradeci a Deus e ao meu anjo por estarem me ajudando, fiz uma oração silenciosa.
- Pronto menino? Vista essas roupas, devem te servir, são do meu filho e ele tem quase o mesmo tamanho.


Agradeci e me troquei, Ramon me esperava na entrada da tenda e fomos ao encontro do Pai Grande. Que coisa linda que era o acampamento, homens, mulheres, crianças todos fazendo alguma atividade olhavam para mim curiosos, mas ninguém disse nada. Entramos na tenda do chefe do grupo, aquele que todos chamavam de Pai grande, meu coração queria sair pela boca, o que será que ele ia falar? 
- Seja bem vindo filho de Ramires, eu nunca perdi a esperança que um dia você ia entrar nesta tenda. Levantou-se e me ergueu como se eu fosse uma pena, deu-me o abraço mais carinhoso que eu recebi nesta vida, desta vez confesso que chorei, mas foi de alegria.
- Filho de Ramires? Quem Eu?
- Isso mesmo menino, Ramires foi o teu pai e Madalena tua mãe, eles não estão mais conosco, pelo menos em corpo, mas tenho certeza que em espírito devem estar radiantes pela tua chegada. Lourenço me contou a sua historia, depois você me dá mais detalhes, o importante é que chegou, está em sua casa, com o seu povo, com a sua família.
- Agradeci de coração, limpava o rosto, mas as lágrimas teimavam em cair.
- Chore menino, ainda hoje vou te contar muita tristeza e te ensinar que não somos vingativos, sabemos perdoar, mas não agora, venha conhecer seu povo. Lourenço aproveitou para se despedir do Pai Grande, já haviam descarregado a carroça de mantimentos e agora ela estava cheia de panelas, baldes, talheres de cobre, a troca já fora feita. Dei um abraço naquele novo amigo e ele desejou que eu fosse muito feliz.
O pai grande agradeceu ao comerciante e disse:


- De todas as mercadorias que trouxestes, essa é a mais valiosa e me abraçou novamente. 
NAÍ LOVÊ ANÊ LUMIA THIÊ POTIRIÁS EK CHAU
( Não existe dinheiro no mundo que pague um filho). Siga em paz companheiro, até outro dia.
O pai me pegou pelo braço e fomos andando em direção ao centro do acampamento, logo éramos cercados por todos, esperavam ansiosos o que ele ia dizer.
- Sabem quem é esse menino?
Silencio absoluto, ninguém sabia quem eu era!
- Ele é o filho perdido de Ramires que voltou para casa.
Desta vez o silencio foi quebrado por um outro cigano:
- Como podes ter tanta certeza pai?
- Meu coração não se engana, mostre para eles menino.
- Meu Deus. Mostrar o que? A única coisa que tenho é o meu tesouro, será que é isto que devo mostrar? Então abri a camisa e tirei meu medalhão. A principio ninguém falou nada em seguida fizeram uma verdadeira festa ao ver o meu tesouro, os homens me abraçavam, as mulheres me deram beijos na face, as crianças batiam palmas e um cigano me abraçou dizendo:





- Seja bem vindo filho do meu irmão, era meu tio e eu tinha uma tia, vários primos e a família cigana comigo, nunca mais estaria sozinho.
Aquela noite ficamos até altas horas a beira da fogueira, todos queriam ouvir a minha historia e eu contava feliz, foi o Pai grande que me ajudou:
- Vamos deixar o menino descansar, amanhã vocês terão tempo para conversar.
Meu tio me levou até a sua tenda e disse a partir de hoje aquela é a sua cama, sempre esteve ali te esperando, fique com Deus, bom descanso.
- Obrigado
- Não me agradeça, o lugar sempre foi seu apenas guardei.
- Tio. Posso perguntar uma coisa?
- Claro menino tudo o que quiser.
- Como eram meus pais?
- Amanhã menino, amanhã você vai saber de tudo, por hora durma, descanse é o que mais precisas no momento.
Dormi como um anjo e por falar em anjo sonhei com o meu, desta vez não estava só eram dois e sorriam para mim, estavam tão felizes quanto eu estava.
No dia seguinte ninguém me acordou, deixaram que eu dormisse o tempo que fosse necessário para recuperar minhas forças, levantei e já estavam almoçando, meu tio indicou o lugar onde deveria fazer minhas necessidades, lavar o rosto e sentar ao lado de todos que sorriam com a minha chegada. Meu Deus, naquela toalha estendida no chão havia muita fartura nunca havia visto tanta comida, frutas, carne, pão e podia comer o que quisesse,







- Matou a fome vô.
- É verdade me senti um Rei. Pois muito bem, depois da refeição fui de encontro ao Pai grande que perguntou se eu estava descansado, alimentado e se eu queria mais alguma coisa. Respondi que tinha tudo que jamais havia sonhado. Ele sorriu e disse:
- Então vamos conversar.
- Vai me contar sobre meus pais?
- Vou menino, é uma historia tão triste quanto a sua.
- Pai. Posso perguntar algo antes?
- Sim menino, e pode parar o que eu estiver falando sempre que tiver duvidas, vamos lá pergunte.
- Qual o meu nome?
Ele sorriu mostrando os dentes de ouro iguais os que tenho agora.
- Você tem o nome do seu avô. Que Deus o tenha junto com seus pais, seu nome é Diego.
Que nome lindo, então, eu sou o cigano Diego.
- Isso mesmo cigano, tenha orgulho desse nome, ele acompanha sua família a varias gerações, mas vamos falar dos seus pais.
- vamos Pai Grande, estou ansioso.
- A muitos anos atrás, quase a sua idade, seu pai que era o líder desse grupo mais a sua mãe foram a um vilarejo próximo do lugar onde estava montado nosso acampamento em busca de mantimentos, levavam o pequeno Diego no colo, nessa época você tinha menos de um ano de idade, desta vez não iriam fazer trocas e sim comprar o que faltava no acampamento, portanto carregavam valores para a compra e desgraçadamente foram emboscados por malfeitores que andavam por aquelas bandas. Quando se passou um dia desde a sua saída e não voltaram alguns homens foram tentar encontrá-los e em plena estrada encontraram a carroça queimada, os corpos estavam a alguns metros e mostravam que eles lutaram pela vida e perderam
e você meu menino ninguém encontrou, muitas buscas foram realizadas e nada de encontrar o filho de Ramires, as autoridades pouco se preocuparam em encontrar os culpados, afinal quem havia morrido eram ciganos e o caso foi por eles esquecido, mas não para nós sempre te procuramos e como eu disse meu coração sabia que um dia você ia voltar e ele estava certo.


Lágrimas desciam pelo meu rosto e me lembrei do meu anjo, será que era minha mãe e aquele da noite anterior devia ser o meu pai, agora eu sabia que eles estavam felizes e ao lado de Deus.
- Agora meu filho, você deverá aprender nossos costumes, nossa língua, nosso amor pela liberdade, pela mãe
Natureza deverá conhecer nossas tradições e quando chegar minha hora é você quem vai guiar nosso povo, e pela sua experiência de vida será um grande líder, que Santa Sara ilumine o seu caminho.
- Linda historia de vida Pai. Disse um jovem cigano.
- É verdade, na vida temos que superar os obstáculos que surgem em nossa jornada, que minha vida sirva de exemplo para todos vocês, não desanimem.
Aprendam a viver com esta diferença, quer queiram ou não, nós os ciganos somos diferentes, somos especiais, somos mensageiros da paz e por onde vocês passarem deixem saudades,façam com que a nossa musica continue ecoando durante muito tempo depois da nossa partida e que Santa Sara continue iluminando todos vocês. 
Vamos dormir que amanhã é um novo dia.

domingo, 24 de março de 2019

VIDA, HISTÓRIA E ORAÇÃO DE SANTA RITA DE CÁSSIA


 Ela nasceu, na Itália, a 22 de maio de 1381, na região da Úmbria, num lugarejo chamado, naquele tempo, Roca Porena. Seus pais, Antônio e Amada Mancini, já idosos, rogavam a Deus a vinda de um filho. Nasceu-lhes a pequena Margherita, daí sua abreviatura: Rita.

Educada, com muito esmêro cristão, Rita passou sua infância e sua juventude, auxiliando seus pais na lavoura. Recém-nascida e sempre colocada num cesto, que fazia às vezes de berço, no próprio campo, certa vez foi encontrada envolta de abelhas brancas que lhe pousavam na face, sem ferí-la. Quando jovem casou-se com Paulo Fernando. Tiveram dois filhos: João Tiago e Paulo Maria. O marido, de gênio forte e colérico, maltratou-a muitas vezes. Rita, graças à bondade de coração e às suas preces, conseguiu convertê-lo para Deus. Ele morreu assassinado, vítima de lutas políticas de época. Os filhos, jovens, quiseram vingar a morte do pai. Rita, preferindo vê-los mortos que transgredindo a lei divina, pediu a Deus que os levasse para o céu antes de se mancharem com aquele crime. Morreram ambos, dizimados por uma peste que arrasou a Europa naquela época.

Viúva e sem filhos, Rita dedicou-se ao socorro dos pobres e enfermos, ajudando a uns e outros, com alimento, visita, conforto e trabalho. Sentindo o chamado de Deus, procurou o Convento das Irmãs Agostinianas de Santa Maria Madalena, em Cássia, para tornar-se religiosa. As regras daquele tempo impediam o ingresso de viúvas. Certa vez, madrugada ainda, Rita foi encontrada pelas freiras, rezando na capela do Mosteiro, com portas e janelas fechadas. A Madre Superiora viu naquele fato um desígnio do céu e admitiu-a como Irmã. Para provar sua vontade, mandou que regasse diariamente, um ramo seco de videira. Com o tempo, o ramo verdejou e floresceu numa viçosa videira.

Um dia, rezando perante o crucifixo, pediu a Cristo a graça de sofrer com Ele. Um espinho desprendeu-se da imagem e fincou-se-lhe na fronte, abrindo uma chaga dolorosa e purulenta, que durante mais de quinze anos a fez sofrer muito. Em 1450 ano santo, desejando ir a Roma, com suas companheiras de hábito e não o podendo por causa da chaga na fronte, Rita a Deus pediu esta graça e a chaga fechou-se, tornando-se a abrir quando de volta ao Convento. Muito jejum, muita penitência, muita oração eram sua maneira de viver. Gravemente enferma, vivendo num pobre catre, no fundo de uma humilde cela, Rita recebeu a visita de sua prima. Pediu a esta que fosse até Roca Porena e lá em sua antiga casa, colhesse para ela um figo e um botão de rosa. Era pleno inverno, tudo sepultado sobre a mais densa neve, e no entanto a prima encontrou o figo e rosa no jardim de Rita.

No dia 22 de maio de 1457, Rita entregou sua bela alma a Deus. No campanário do Convento, os sinos começaram a repicar festivamente, tangidos por mãos misteriosas. A chaga da fronte fechou-se na mesma hora e no lugar do habitual mal cheiro que dela se exalava, passou a exalar um discreto perfume. Tantos foram os milagres e as graças que milhares de devotos seus receberam de Deus, por intercessão sua, que ficou conhecida como a “Santa dos Impossíveis”. O Papa Leão XIII, canonizou-a no dia de Pentecostes, 24 de maio de 1900, Ano Santo.









No século XVII foi beatificada e em 24 de Maio de 1900, canonizada.

O corpo de Santa Rita de Cássia continua conservado intacto até hoje.

Qualquer pessoa pode contempla-la na Igreja do Convento de Cássia, dentro de um relicário de cristal.

Depois de tantos anos, seus membros ainda têm flexibilidade e pela expressão do rosto, parece estar dormindo.

 Oração a Santa Rita de Cássia

Ó poderosa e gloriosa Santa Rita,
eis a vossos pés um alma desamparada que,
necessitando de auxílio,
a vós recorre com a doce esperança
de ser atendida por vós
que tendes o incomparável título
de SANTA DOS CASOS IMPOSSÍVEIS E DESESPERADOS.

Ó cara Santa, interessai-vos pela minha causa,
intercedei junto a Deus
para que me conceda a graça
de que tanto necessito (dizer a graça que deseja).

Não permitais que tenha de me afastar
dos vossos pés sem ser atendido.
Se houver em mim algum obstáculo
que me impeça de obter a graça que imploro,
auxiliai-me para que o afaste.
Envolvei o meu pedido
em vosso preciosos méritos
e apresentai-o a vosso celeste esposo, Jesus,
em união com a vossa prece.

Ó Santa Rita,
eu ponho em vós toda a minha confiança;
por vosso intermédio,
espero tranquilamente a graça que vos peço.

Santa Rita, advogada dos impossíveis, rogai por nós.