quinta-feira, 31 de maio de 2018

Pai Joaquim conversa com Vovó Nanã sobre as chuvas que estão caindo!


Ô Vovó Nanã, por que tá brava com nóis?

Porque castiga os fio do Rio e de Sun Paulo?

Sei que os menino, não tão cuidando do seu elemento, sei que eles estão jugando sujeira em sua casa, mas como disse nosso senhô, "Perdoa, eles não sabem o que fazem!", 

São crianças mau criadas, acham que é tudo deles!

Mas assim foi ensinado pra eles...

Ô Vovó para de jogar suas águas neles, os meninos já aprenderam a lição, já viram que a senhora tá chateada, num carece mais de cástiga. A lição já foi dada!

E eu sei melhó que ninguém, que os fio precisa de puxão de oreia, eles suja rio, suja mar, corta pranta, e enche os céus de pó preto. Só pra facilita as priguiças deles, mas, já tem fio aprendendo a respeita, já tem fio que tá tentando mudá isso, já tem fio que tá até limpando!!!... então, Vovó, dá um tempinho a mais pra eles... deixa eles trabaiá um poco mais na educação e na consciência de seus fio. 

Quem sabe logo logo nóis não muda este caminho de ruínas.  

Salubá Vovó Nanã Buruquê! 

Pai Joaquim de Aruanda

Canalizado por Mago Dam
Dia 12/01/2011

Salubá Nanã Buruquê! Salubá!

quarta-feira, 30 de maio de 2018

Zé do Cocô

Baiano Zé do Côco.

Ponto de baiano.
Baiano é um povo bom
Povo trabalhador
Baiano é um povo bom
Povo trabalhador
Quem mexe com baiano
Mexe com Nosso Senhor
Quem mexe com baiano
Mexe com Nosso Senhor    

Durante muitos anos a linha dos baianos foi renegada e os trabalhos feitos com ela eram vistos com restrições. Dizia-se que por não ser uma linha diretamente ligada às principais, era inexistente, formada por espíritos zombeteiros e mistificadores. Aos poucos eles foram chegando e tomando conta do espaço que lhes foi dado pelo astral e que souberam aproveitar de forma exemplar. Hoje se tornaram trabalhadores incansáveis e respeitados, tanto que é cada vez maior o número de baianos que está assumindo coroas em várias casas. A alegria que essa gira nos traz é contagiante. Os conselhos dados aos consulentes e médiuns demonstram uma firmeza de caráter e uma força digna de quem soube aproveitar as lições recebidas. Atualmente já temos o conhecimento de que fazem parte de uma sublinha e nessa designação podem vir utilizando qualquer faixa de trabalho energético, ou seja, podem receber vibrações de qualquer das sete principais. Têm ainda um trânsito muito bom pelos caminhos de exu, podendo trabalhar na esquerda a qualquer momento em que se torne necessário. Cientes dessa valiosa capacidade, nós dirigentes, sempre contamos com eles para um desmanche de demanda ou mesmo sérios trabalhos em que a magia negra esteja envolvida. Com eles conseguimos resultados surpreendentes. Os que não admitem essa linha como vertente umbandista defendem sua posição criticando o nome que esses espiritos escolheram para seu trabalho. Já ouvi coisas do tipo “Daqui a pouco teremos linhas de cariocas, sergipanos, etc.” Esquecem eles que a Bahia foi escolhida por ser o celeiro dos orixás. Quando se fala nesse estado, nossos pensamentos são imediatamente remetidos para uma terra de espiritualidade e magia. O povo baiano é sincrético e ecumênico ao extremo, nada mais natural que sejam escolhidos para essa homenagem de lei que é como se deve ver a questão. Vale ainda lembrar que nem todos os baianos que vêm à terra realmente o foram em suas vidas passadas, esses espiritos agruparam-se por afinidades fluídicas e dentre eles há múltiplas naturalidades. É evidente que no inicio a Umbanda era formada por legiões de caboclos, preto-velhos e crianças, mas a evolução natural acontecida nestes anos todos fez com que novas formas de trabalho e apresentação fossem criadas. Se a terra passa por constantes mutações porque esperar que o astral seja imutável? O que menos interessa em nosso momento religioso são essas picuinhas criadas por quem na verdade, não defende a Umbanda, quer apenas criar pontos polêmicos desmerecendo aqueles que praticam a religião como se deve, dentro dos terreiros, onde abraçamos a todos os amigos espirituais da forma como se apresentam.
Luiz Carlos Pereira

EXU GERERÊ


Exu Gererê
    Exu Gererê  é um Exú pouco conhecido, apresenta-se sempre com uma armadura, carregando um tridente e uma espada, porém confundido com Exu Ganga, que por sua vez, é por demais conhecido dentro das giras Umbandistas e Quimbandistas, e é este Exu, elemento desta forte e perigosa linha da Quimbanda.

    Os espíritos que são os componentes desta linha são exímios entendidos na pratica da magia, seja astral, seja natural ou qualquer outra forma ou modalidade a eles requisitados. Sua atuação principal é dentro da magia vodu, muito conhecida a nível superficial, sendo esta modalidade da magia, ensinada a pouquíssimos iniciados, haja vista sua complexidade, sua extrema e perigosíssima eficiência, que em mãos erradas podem resultar grandes e as vezes irreversíveis conseqüências, tanto ao operador quanto a infeliz vítima. 

    Deixo claro que a magia vodu pode ser amplamente requisitada e usada para fins maléficos, na qual obtém resultados rápidos e por demais eficientes, contudo a magia vodu também, e deveria assim ser, utilizada para fins benéficos e virtuosos. Os espíritos que se apresentam dentro desta linha são denominados vulgarmente de “Gangas”. Este fato é existente pelo pouco conhecimento que se tem que o chefe desta linha é Exu Gererê.  

    EXÚ KAMINALOÁ


    Exú Kaminaloá
      O Exu Kaminaloá é o chefe da linha de Mossurubi da quimbanda.
      Exu kaminaloá é discreto, muito calmo, mesmo quando invocado em trevas. Trabalha ao lado de exu mangueira, e aparece comandando, um grande número de espíritos com forma de pretos ornados de penas na cabeça e na cintura com argolas nos lábios, nas orelhas e nos braços, são especialistas em criar e curar doenças mentais. 

      Os espíritos que se apresentam dentro desta linha possuem um especialidade real para os males de origem espiritual que por ventura venham causar perturbações dentro da mente do ser humano. São os elementos desta linha exímios conhecedores da mente humana e por esta razão são evocados para realizarem os mais diverso tipos de trabalhos onde se necessite o tratamento mental ou desenvolvimento mental para se conseguir os objetivos do operador. 

      Exu Veludo

      Meu amigo, meu enigma, minha curiosidade!
      Por vezes estamos num diálogo amistoso de verdadeiras descobertas; entretanto, um de nós é perdedor – eu.
      Cavaleiro imperioso e requintado, te apresentas aos meus olhos, alegre, forte, másculo, com sorriso franco, sarcástico e, por vezes, com uma irônica maldade, rápida e sagaz.
      Desvendas as misteriosas cortinas do mundo; és atuante em todas as situações. Tiraz de mim a inércia, o desânimo, e fazes com que eu veja o mundo, aqui deste lado da Terra, bem melhor.
      Na presença de tua vibração, escuto as melodias tangerem até mesmo as cordas do meu coração; dás-me a energia para a luta e envolves-me em tua capa contra os perigosos inimigos. Com teu sabre, agilmente cortas os empecílhos; com tua sabedoria, ceifas minha ingenuidade.
      Saravá, Exu Veludo!”
      — Babalorixá Paulo Newton de Almeida

      image

      Algumas caracteristicas da Vibração dos Exus
      Hábitat
      Encruzilhadas de Terra, Cemitério, Ambientes da Natureza
      SincretismoNão há
      VibraçãoProteção, guarda
      AtuaçãoAjuda material
      Parte do CorpoPés e Mãos
      Essências
      Canela (exus de encruzilhada), Cedro (exus de Calunga)
      Pedras
      Ágata ( Exus das Encruzilhadas), Ônix ( Exus da Calunga)
      Metal
      Ferro, aço (Exus das encruzilhadas); Mercúrio ( Exus da Calunga)
      Flores
      Cravos diversos
      Banhos de descarrego
      Canela (exus de encuzilhada), Cedro (exus de Calunga)
      Libação
      Aguardente, Rum, Wisque, Graspa
      Imantação
      Existem diversas, porém a mais comum é o Padé ou Ebó completo, normalmente à base de farinha de mandioca misturada ao Azeite de Dendê.

      Talisma1

      Exu Veludo

      Meu amigo, meu enigma, minha curiosidade!
      Por vezes estamos num diálogo amistoso de verdadeiras descobertas; entretanto, um de nós é perdedor – eu.
      Cavaleiro imperioso e requintado, te apresentas aos meus olhos, alegre, forte, másculo, com sorriso franco, sarcástico e, por vezes, com uma irônica maldade, rápida e sagaz.
      Desvendas as misteriosas cortinas do mundo; és atuante em todas as situações. Tiraz de mim a inércia, o desânimo, e fazes com que eu veja o mundo, aqui deste lado da Terra, bem melhor.
      Na presença de tua vibração, escuto as melodias tangerem até mesmo as cordas do meu coração; dás-me a energia para a luta e envolves-me em tua capa contra os perigosos inimigos. Com teu sabre, agilmente cortas os empecílhos; com tua sabedoria, ceifas minha ingenuidade.
      Saravá, Exu Veludo!”
      — Babalorixá Paulo Newton de Almeida

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      Algumas caracteristicas da Vibração dos Exus
      Hábitat
      Encruzilhadas de Terra, Cemitério, Ambientes da Natureza
      SincretismoNão há
      VibraçãoProteção, guarda
      AtuaçãoAjuda material
      Parte do CorpoPés e Mãos
      Essências
      Canela (exus de encruzilhada), Cedro (exus de Calunga)
      Pedras
      Ágata ( Exus das Encruzilhadas), Ônix ( Exus da Calunga)
      Metal
      Ferro, aço (Exus das encruzilhadas); Mercúrio ( Exus da Calunga)
      Flores
      Cravos diversos
      Banhos de descarrego
      Canela (exus de encuzilhada), Cedro (exus de Calunga)
      Libação
      Aguardente, Rum, Wisque, Graspa
      Imantação
      Existem diversas, porém a mais comum é o Padé ou Ebó completo, normalmente à base de farinha de mandioca misturada ao Azeite de Dendê.

      Talisma1

      Falando de Exú Mulambo e de Pombo Gira Maria Mulambo




      ************************************************************************
      Em uma escura noite de inverno,
      no caminho que eu seguia,
      buscando um reino eterno,
      encontrei o meu Guia.

      Ao seu lado uma mulher bela,
      que nas mãos trazia a luz,
      nas cores da aquarela,
      mostrando o caminho que me conduz.

      Como Senhor Exú Mulambo ele se apresentou,
      me abraçando como se abraça um irmão,
      o nome dela era Maria Mulambo como assim demonstrou,
      Exú e Pombo Gira que acalentaram meu coração.
      ************************************************************************

          A história conta que Senhor Exú Mulambo e Dona Maria Mulambo eram irmãos gêmeos nascidos nos meados do século XIII, provindos de uma família humilde que vivia na região noroeste da Inglaterra. Eram caçulas de um grupo de 11 irmãos, e foram separados desses irmãos por serem gêmeos.

          Nessa época alguns líderes religiosos importantes ligados aos nobres e a grandes fazendeiros, pregavam que crianças gêmeas eram a demonstração do mal na terra, que ao nascerem essas crianças estavam ligadas a feitiçarias e bruxarias, e deveriam ser mortas, queimadas ou afogadas nos grandes rios, para que esse mal não crescesse diante do povo humilde.

          Ao nascerem os gêmeos, seus pais ficaram desesperados, tinham receio de que esses líderes descobrissem que naquela gestação tão esperada surgiriam um lindo casal de gêmeos, e certamente seriam assassinados em nome da falsa pregação demoníaca inventada pelos religiosos atormentados pelas suas próprias mentiras, que se prolongavam e iam criando vida.

          No desespero o pai dos gêmeos os esconderam em uma caverna próxima dali juntamente com a sua esposa, afim de deixá-los em segurança. A partir dai espalhou a notícia de que a criança que nascera não suportou o parto, e desencarnou ao nascer.

          Foi uma comoção na região, pois a família era muito querida pelos trabalhadores rurais que ali sobreviviam.

          O pai dos gêmeos também disse que sua esposa se encontrava muito fraca, e que teria que buscar forças nos ares montanheses, e assim conseguiu omitir o nascimento dos gêmeos.

          Essa omissão ficou fora do conhecimento dos líderes religiosos por dez anos. Mas infelizmente algo de inesperado aconteceu.

          Certa tarde os irmãos gêmeos brincavam fora da caverna, e começaram a cogitar novas aventuras, indo até o pequeno arraial onde nasceram. E lá não deixaram de ser notados pela grandiosa semelhança entre ambos.

          O povo um tanto assustado os observavam muitos se afastavam pelo receio de estarem indo ao encontro de seres das trevas, pois por dezenas e dezenas de anos os líderes religiosos pregavam o mal que supostamente vinha de pessoas gêmeas.

          O falatório se espalhou entre todos, e as notícias chegaram até os grandes líderes religiosos, que estupefatos não acreditavam que poderiam ter deixados esses seres demoníacos, isso na visão deles claro, chegarem ao ponto de crescerem e se aventurarem por entre as pessoas da região.

          Foi um alvoroço enorme, todos cogitavam estar sendo atacados por feitiçarias, os líderes saíram em busca dos irmãos gêmeos, até que os encontraram inocentemente brincando pela cidade.

          De uma forma abrupta os capturaram, e os levaram presos até o mosteiro no qual esses líderes viviam. Lá foram apresentados ao grande supremo da religiosidade da época e local, e rapidamente foram jogados em um pequeno calabouço.

          Sem entenderem os fatos reais, as crianças choravam de pavor da situação, e nesse local que tiveram a primeira experiência espiritualista.

          No teor do pavor, na escuridão do calabouço, no desespero das lágrimas perdidas, diante das crianças surge uma linda imagem de um homem, forte e com a serenidade nos olhos, dizendo-lhes assim:

          "Não temam, logo estarão livres. E assim que a liberdade vier vocês partirão para uma nova vida, vida essa que estará cheia de prata e ouro. Porém, o tempo vai mostrar dois caminhos a vocês. O primeiro caminho será da caridade, do amor e da paz. O segundo caminho será de ostentação, prepotência e desamor. O livre arbítrio de vocês é que responderá por um terceiro caminho, no qual vão receber de acordo com o que for escolhido.

          Reflitam bem sobre essas palavras, pois a escolha será difícil, sofrerão pelo frio, fome e dor, mas poderão não sofrer e viver com a riqueza, nobreza, mas lhe faltando algo muito maior.

          Tudo dependerá do que tiverem dispostos a abandonar e a doar no futuro."

          E assim o homem desapareceu, deixando ali sobre intensa reflexão os irmãos gêmeos.

          Fora do mosteiro o pai dos gêmeos desesperado buscava uma maneira de ajudar os filhos, sem imaginar como poderia fazer isso, pois o poder dos líderes sobre o povo era intenso, tanto que centenas de pessoas se aglomeravam em frente ao mosteiro com tochas nas mãos com intuito de levarem às crianças a fogueira para serem queimados vivos.

          O pai em intenso desespero clamava a Deus. Lágrimas rolavam em seu rosto, precisava salvar seus pequenos.

          Na sacada do mosteiro apareceu um dos líderes religiosos dizendo ao povo a decisão tomada pela cúpula, e essa decisão seria levar os gêmeos a fogueira no dia seguinte para serem queimados vivos, e assim afastar os demônios que os seguiam, e desejavam tomar a cidade.

          A população ao ouvirem esses dizeres foram se afastando mais tranqüilos, imaginando que esse seria o melhor caminho a ser tomado para assim proteger a cidade da suposta tomada do demônio.

          Pouco a pouco o local era esvaziado, restando apenas o pai dos gêmeos, que continuava de joelhos a chorar copiosamente.

          Diante dele surge um dos líderes religiosos, no qual lhe estendeu as mãos e o pôs de pé, dizendo com uma voz amigável:

          "Meu irmão, sei do seu sofrimento, sei de sua dor como pai. Não prego o mesmo pensamento que meus companheiros de mosteiro. Não creio que irmãos gêmeos sejam enviados do demônio. Não tenho poder para lutar contra essa ideia, porém posso tentar ajudá-lo a resgatar seus filhos antes do amanhecer, para que assim possa fugir com eles para longe daqui.

          Uma luz de esperança surgiu no coração do pai desesperado. Ele cai de joelhos em frente ao missionário, agradecendo com lágrimas nos olhos.

          A madrugada se entranhou pela noite estrelada. O religioso adentra ao calabouço do mosteiro juntamente com o pai dos gêmeos disfarçado com as vestes usadas no ambiente de orações. Chegaram rapidamente até as crianças, que ao verem o pai se emocionaram extremamente.

          Com um máximo de cuidado conseguiram fugir do fatídico mosteiro do terror, e ainda pela madrugada fugiram da cidade, indo para um local desconhecido dos líderes religiosos.

          Andaram alguns dias e noites. O frio era intenso, a fome companheira extrema, o medo tomava os corações desesperados.

          Chegaram até uma localidade distante, e ali o pai teve que se separar das crianças e retornar ao arraial, pois com a fuga dos gêmeos e o desaparecimento do pai, que era antigo morador da localidade, poderiam os líderes desconfiar de algo, e fazerem algum tipo de mal a mãe das crianças e a seus irmãos.

          O dia já raiava, o homem chega a uma velha senhora, pede-lhe ajuda, explica que deixou a esposa adoentada na cidade vizinha, e tinha necessidade de ir buscá-la, porém tinha obrigação de deixar as crianças em boas mãos para que pudesse fazer uma viagem tranqüila.

          A velha senhora com todo carinho disse-lhe que o ajudaria, e que poderia buscar sua esposa sossegado.

          E assim o homem mais tranqüilizado partiu para buscar sua esposa e filhos, e assim tentar deixar tudo para trás e recomeçar uma nova vida. Porém a fúria dos líderes sem coração não tinha limites. Quando ele retornou a sua casa, o pai esperançoso teve uma surpresa extremamente desagradável. Sua casa tinha sido invadida, e presos foram sua mulher e filhos pelos líderes fanáticos.

          Ele desesperado corre até o mosteiro, e ao chegar acaba sendo capturado, acusado de fazer parte de feitiçarias, e por ter resgatado os gêmeos, que eram vistos como seguimento do demônio.

          De uma maneira covarde e impensável, os líderes, e o povo daquela região levaram a família dos gêmeos para serem condenados a fogueira. E em um grau de intensa de crueldade foram queimados com aval dos líderes religiosos.

          O tempo passou, a família foi esquecida pela população. E os gêmeos continuaram fora da cidade natal deles, vivendo com a velha senhora que lhes cuidavam como se fosse os próprios filhos, esperando a volta do pai que um dia os deixaram sobre os cuidados da anciã.

          E o pai não retornou, e não retornaria jamais. Alguns anos se passaram a velha senhora, agora fraca, doente, frágil, sofria por entender que seus dias de encarnada estavam para terminar, e com isso receosa em deixar os gêmeos desamparados, foi até um velho castelo, no qual ela trabalhou por toda a vida, e lá foi estar com um senhor muito caridoso Conde nobre da região, e com ele buscou auxilio para os gêmeos desamparados.

          Ele ouvindo todo o relato da velha conhecida, disse que ela não deveria se preocupar, pois cuidaria dos gêmeos, e assim o fez quando a anciã desencarnou.

          As crianças viveram no castelo por 10 anos, e nesse tempo aprenderam com o Conde que deveriam sempre buscar fazer o bem, trazer a paz e entregar a caridade. Porém os jovens se sentiam limitados, e desejavam auxiliar mais e mais pessoas, contudo naquela região já tinham feito o que era preciso, desejavam buscar algo ou alguém que realmente estava necessitado.

          Mesmo sem a autorização do Conde, os gêmeos saíram à noite em busca de uma cidade próxima, e assim avaliarem as condições de vida de outras pessoas. E esse foi um erro grandioso. Ao adentrarem na cidade natal deles e de sua família, logo foram percebidos por populares, e esses logo chamaram a atenção dos líderes religiosos, que sem demora foram ao encontro dos gêmeos. Após estarem de cara a cara, não havia dúvida, perceberam que eram os mesmos gêmeos fugitivos. E nesse momento, após muita falação, os jovens descobriram o triste destino de sua família, e talvez o mesmo para eles, a fogueira.

          O Conde dando falta dos jovens, após algumas perguntas descobriu o paradeiro deles. Sabendo de toda a história referente à lenda sobre gêmeos e os líderes cruéis, partiu com uma pequena comitiva no intuito de resgatar os jovens das mãos dos sanguinários falsos religiosos. Porém ao chegar ao local onde se encontravam, o Conde e sua pequena comitiva foram atacados por rebeldes que tomados pela ignorância imposta pelos líderes religiosos, assassinaram a todos sem a menor piedade.

          Ao observar toda essa crueldade o mesmo líder que antes havia auxiliado os gêmeos e seu pai na fuga do mosteiro, novamente buscou ajudar os jovens. O velho religioso dando roupas em farrapos aos jovens mandou que as usasse e separadamente se misturassem com a população. Não deveriam ser vistos juntos, até que conseguissem sair da cidade.

          E assim foi feito, partiram em fuga, com as vestes em farrapos para não serem reconhecidos.

          De cidade em cidade, os jovens iam caminhando, porém as notícias se espalhavam como pólvora, e como os líderes não admitiam por um motivo de orgulho serem contrariados, passaram a perseguir os gêmeos por várias cidades.

          Mesmo sendo perseguidos, os jovens continuavam buscando fazer a caridade aos semelhantes necessitados. Tratavam de doentes, auxiliavam as crianças, os idosos, recolhiam roupas e comida para os menos afortunados. Andavam com as vestes em molambos para não serem reconhecidos, só se encontravam a noite para serem protegidos pela escuridão, e de caridade a caridade feita, iam se mostrando seres de luz, paz e amor, como anjos enviados por Deus.

          Certa noite em uma pequena cidade na qual os gêmeos estavam auxiliando alguns andarilhos adoentados, entre eles várias crianças, um dos líderes que os perseguiam os visualizaram, e ficando de tocaia em observação onde os jovens se escondiam, e quando teve a certeza do local, se debandou apressadamente ao encontro dos outros líderes, com intuito de pegar os gêmeos de surpresa.

          Ao retornarem no local os gêmeos já não se encontravam mais, isso deixou os líderes raivosos ao extremo, e os fizeram sair dali com intenções de muita perversidade. Eles foram até o grupo de andarilhos no qual os jovens estavam cuidando, dentre esse grupo os religiosos pegaram as crianças a força, e espalharam o boato pela cidade que iam sacrificar um a um caso os gêmeos não aparecessem.

          A cidade ficou em desespero, as notícias se espalharam como fogo em pólvora, até que chegaram até os jovens gêmeos, que mesmo sabendo de seus destinos nas mãos dos líderes assassinos, foram até eles pedindo a soltura das crianças.

          Os religiosos capturaram os gêmeos, os torturaram até a morte. Seus corpos foram arrastados e jogados no meio da cidade diante dos olhares incrédulos da população.

          Os líderes simplesmente se viraram e partiram, deixando para trás o gosto amargo da vingança sobre dois inocentes que o único mal feito foi terem nascido gêmeos.

          As pessoas um tanto assustadas, se aproximaram dos corpos ainda vestidos com os molambos, os pegaram e os sepultaram um ao lado do outro. Sobre o sepulcro, flores nas cores azuis e rosas nasceram perfumando todo o ambiente, dessas flores saiam um pequeno néctar que milagrosamente auxiliava na cura de males das pessoas daquela região.

          Hoje em dia Senhor Exú Mulambo e Dona Maria Mulambo, trabalham em prol da caridade em terreiros de Umbanda, trazendo entendimento, retirando obsessores, como Kiumbas, Eguns e Zombeteiros, abrindo caminhos, retirando magia negra e feitiçarias, para aliviar a caminhada dos semelhantes rumo a Jesus.

          Laroiê Senhor Exú Mulambo!

          Laroiê Dona Maria Mulambo!
      Carlos de Ogum

      Uma vez me perguntaram

      Como eu cuidava de meu Exu, se eu não sacrificava (animais) para ele?

      Eu respondi desta forma:
      - Quem disse que eu não ofereço sacrifício e sangue para meu Exu?
      - O senhor mesmo disse que não mata animais em rituais!
      - Mas o sangue só é valido se jorrar fora do corpo?

      Vendo as duvidas nos olhos do meu interlocutor, prossegui...

      - Eu sou o sacrifício ofertado ao Meu Exu, me dou por inteiro nas horas da Giras, meu sangue juntamente com todo meu corpo e mente são confiados a meu Exu e meu sacrifício é que muitas vezes deixo amigos e família para poder trabalhar com meu Exu na caridade ao Próximo.

      Se isso não é SACRIFÍCIO DE SANGUE, não sei mais o que seja, pois eu não dou a morte de um animal a meu Exu eu dou a vida para que ele e eu possamos evoluir espiritualmente.

      É desta forma que cuido de meus Guias. Saravá a todos. Mauro Simões

      sábado, 26 de maio de 2018

      Ensinamento de um Exu Mangueira

      O tempo é senhor da verdade e no tempo certo ele punirá que se atreveu a caminha na falsidade, desonestida e deslealdade e premiará todos que não se afastaram da verdade, hosnetidade e sinceridade.

      Não vire as costas a seus amigos ou a quem lhe estendeu a mão um dia, para quem te der as costas, saiba que perdeu muito mais que um amigo.

      Na existência da vida, nada é ou será construído ou conquistado sozinho, sendo assim, para chegar ou vencer conquiste e preserve amigos.

      Folha seca não serve nem de adubo se for levado pelo vento. Pessoas que se deixam levar por palavras que não fazem sentido, nunca encontraram sentido em suas vidas.

      O respeito dos outros somente será conquistado quando você aprender a respeitar e aceitar você como você realmente é.

      Não pense em ter mais, novas conquistas em sua vida somente haverá e acontecerá quando você aprender a valorizar e a preservar o que já conquistou. Sem isto, as conquistas nada somaram, pois nada haverá a ser somado. Ganhar e perder, nada valem, não importa quanto ganhe sempre se sentirá derrotado. Mas se você preservar suas conquista, por menos que conquiste sempre será visto, respeitado, valorizado e se sentira um grande vencedor.

      Exu não tem sentimento, tanto faz “bater” ou “derrubar”, cumprimos nossa missão e temos prazer em fazer com excelência. Mas isto, não quer dizer que não tenhamos apresso ou apego. A quem demonstra valor, respeito e reverencia nos apegamos.

      Não é justo ou verdadeiro derrubar quem esta no chão. O bom é derrubar que acha que esta bem alto e quanto mais alto melhor. Se merecimento tiver, vamos elevá-lo no ponto mais alto, só para ouvir melhor o barulho do tombo.

      Não importa quanto caído esteja! No seu merecimento, na sua reverencia e respeito, vamos ter força para tira-lo do buraco mais fundo que possa existir e levantá-lo ao ponto mais alto que você faça por merecer.

      Exu é o mais dedicado servo do criador. Pois abriu mão de caminha na luz, para ser a mão e os olhos que ampara os perdidos, que por conta do sentimentos negativos estão na estrada da escuridão que não leva a lugar nenhum. Só exu pode nos reconduzir a luz, só ele conhece o caminho de retorno!

      Exu não é amigo ou inimigo. Ele é a verdade, o caminho, o mestre, o caminho. Não tem dó ou piedade, fará tudo que for necessário para que tenhamos em nossa vida o merecimento que fizermos pro merecer.

      Pomba Gira por Maria Quitéria

      Bom dia moça... Que o amor esteja sempre a abrir os teus caminhos.

      Hoje tenho um motivo especial para estar aqui. Quero que você escreva um pouco sobre nós, as Pombas Giras... Tão mal interpretadas e sempre tão requisitadas em trabalhos relacionados ao amor... Ou falsos "amores".

      Diariamente tentamos ajudar humanos que se dizem sem forças porque foram traídos, abandonados e esgotados, que perderam seu amor, perderam seu rumo e estímulo e se perdem em abismos por viverem em função de sentimentos egoístas e vaidosos, quando o difícil é fazê-los perceber que este falso amor nunca lhes pertenceu, e sim o amor próprio que mora em cada um de nós, esse sim soma com outros amores, o que nos dá a sensação de termos encontrado um grande e único amor, o que realmente são, tão individuais como cada ser e sua natureza.

      Nós, Pomba Giras, somos o verdadeiro e puro estímulo, onde atuamos na capacidade da mulher se auto sustentar, se auto afirmar em suas forças e belezas, estimulamos todos os sentidos obscuros que existe dentro de uma mulher e de um homem para que eles possam seguir suas caminhadas em busca de sonhos e ideais, ou pensas que só vocês mulheres precisam de estímulos?
      Estimulamos todos os sentidos que façam com que humanos enxerguem e coloquem em práticas todas as virtudes existentes em sua natureza.

      Por muito tempo fomos comparadas com mulheres de vida fácil, liberais, quando o incômodo está em nosso magnetismo de encantar, de conquistar e estimular todos os sentidos da vida, com uma gargalhada, com uma dança, com uma lição de amor... Mas não se encantes com tantos encantos. Sabemos e somos donas do sentido estimulador e podemos paralizá-lo quando assim for necessário e de belas e encantadoras mulheres, passamos a valentes guerreiras e guardiãs de nossos protegidos, ou quem possa vir a nos evocar na Lei Divina da Luz.

      Se quiserem nos humanizar, tenham nós como as guerreiras, como as mulheres de frente que sempre se destacaram e lutaram por seus ideais, tenham a certeza de que estivemos a ampará-las, apenas para ativar seus sentidos e protegê-las para que pudessem realizar suas missões, única e exclusiva de desabrochar e chamar atenção de mulheres que já haviam se esquecido do que existe dentro de cada uma, seus sonhos e ideais, já as mulheres de vida fácil como dizem parecermos, essas sim são carentes de amor próprio, movidas por falsas ilusões e falsos amores, esse motivo maior de sermos procuradas e tão mais perto da realidade presente hoje entre vocês humanos.

      Porque citar essas duas classes de mulheres que por tempo viraram uma e que são de um magnetismo contrário?

      Porque são guerreira em descobrir sua própria natureza e não de querer descobrir a do próximo, são felizes com o que tem e o que são e isso se chama amor próprio.

      Quando citamos as que vocês classificam de mulheres da vida fácil, é porque buscam incansavelmente por um amor fora de si. E o que buscamos, é fazer com que vocês possam enxergar que o amor não se busca em outros corpos, não se busca em grandes empregos ou em grandes amizades, tudo se soma para fazer do amor próprio ainda mais belo e fortificado, mas não traz e nem cria ele, nunca poderão ter um grande amor, enquanto não aprenderem a se amar, não serão bem sucedidos em grandes ou pequenos empregos enquanto não amarem o que fazem, vivam a amar o que fazem, o que buscam e o que são, vivam intensamente e atrairão o próprio magnetismo puro do amor até vocês e entenderão ou começarão a entender as mensagens que nós Pomba Giras buscamos passar...

      Para nos evocar basta perceber e buscar o amor que mora dentro de si e para perceber o que sou e onde estou, basta olhar para as estrelas, verá sua luz e beleza, todo seu encanto e delicadeza, mas perceberá que ao seu lado mora um grande escuro imponente, basta observar uma rosa, seu cheiro, textura e encanto, mas não se esqueça, que se muito dela querer, desta linda flor se machucará com seu próprio espinho...

      Pomba Gira Maria Quitéria


      Salve tua moça!

      Salve o Amor e a Lei!

      Salve a Magia!

      Salve as Pombas Giras de Umbanda!

      Que a Divina Luz esteja entre nós...

      Por Emidio de Ogum

      A Pomba Gira da Vida - Mensagem de uma Guardiã de Umbanda

      Certa vez eu estava andando pelas ruas, a altas horas da madrugada, pensando na vida e nas coisas pertinentes a ela quando, perto de uma encruzilhada, uma imagem chamou sensivelmente minha atenção: era uma mulher extremamente bela, dessas de corpo perfeito, olhos esverdeados e cabelos negros, sedosos, ondulados e que chegavam à altura da cintura.

      Confesso que com estes nossos tempos de violência desenfreada fiquei, primeiramente, muito preocupado com a segurança da moça que era mesmo extremamente linda, mas depois fiquei mesmo preocupado é com a minha segurança porque, afinal, e se a bela moça, poucos metros a minha frente, fosse a isca para uma armadilha de assalto? E se a moça fosse a própria assaltante? E se nós fôssemos vítimas de alguma violência? E se......

      — Moço, por favor, não tenha medo pode se aproximar.

      Eu estava realmente receoso de aceitar o convite e confesso que cheguei até mesmo a pensar em dar meia volta e sair correndo com todas as forças de meu ser, mas o seu olhar ao fazer o convite fora tão enfeitiçador que não pude resistir e acabei me aproximando.

      Ao chegar mais perto ela me fez um convite minimamente inusitado pedindo que eu ficasse ao seu lado e aguardasse alguns instantes, porque em pouco tempo ela começaria a receber algumas pessoas.

      “ Tô lascado meu Deus do céu”, foi o que pensei já imaginando que aquela mulher era dessas de vida fácil. Mas só foi eu pensar nisso que ela virou-se para mim e deu um sorriso tão maravilhoso com seus dentes alvos e sua boca perfeita que meu corpo, assim, começou a aquecer-se e a ficar todo arrepiado!!! Pode parecer até loucura, mas eu tinha a nítida sensação que ela podia ler os meus pensamentos.

      Pensei em perguntar o seu nome não no intuito de paquerá-la já que sua imagem provocava em mim um tremendo respeito, mas sim com o intuito de iniciar algum tipo de entendimento, só que eu não conseguia por que qualquer olhar, sorriso, gesto ou fala que ela me direcionava despertava em meu emocional emoções tão reais, intensas e indescritíveis que, temendo explodir meu coração eu preferi silenciar.

      — Está vendo moço, disse a bela mulher expulsando meus pensamentos, está chegando meu primeiro convidado; não se preocupe que todos aqueles que aqui vierem a ter comigo serão incapazes de lhe enxergar.

      Eu balancei a cabeça assentindo que estava tudo bem, apesar de estar achando tudo muito estranho, e procurei ficar bem atento com a conversação que estava para se iniciar.

      — Boa noite, moço!

      — Boa noite dona....

      — Você está fazendo um curso pré-vestibular, mas de algumas semanas pra cá você não tem conseguido se concentrar nos estudos, certo?

      — É, é isso mesmo!

      — É só você ameaçar pegar os seus livros para estudar que você começa a sentir um sono terrível, não é?

      — Sim, disse o jovem rapaz que não deveria ter mais do que dezessete anos.

      — Olha moço eu estou autorizada a te dizer que você está com problemas nos campos do conhecimento e necessitado de estimulação nesta área, mas também que se você quiser melhorar eu tenho permissão pra te ajudar, tudo bem?

      — Sim, tudo bem!

      Neste momento a bela mulher fechou os olhos como se estivesse a fazer algum tipo de oração e entrelaçou os dedos das duas mãos posicionando as palmas voltadas para o solo; então uma espécie de luz azul-claro bastante irradiante surgiu em suas mãos e ela as depositou em cima dos joelhos do jovem; este deu um suspiro profundo e, como se fosse feito de fumaça, desapareceu da minha frente.

      A linda moça, então, colocou as duas mãos nos quadris e soltou uma gargalhada que arrepiou todo o meu corpo. Em breves instantes uma outra pessoa já se encontrava em frente da bela mulher, desta vez era uma pessoa do sexo feminino por volta de seus quarenta e cinco anos.

      — Boa noite, moça !

      — Boa noite dona.....

      — Hoje você está aqui comigo em busca de um equilíbrio na sua vida por que seu ex-marido está judicialmente tentando tirar de você a guarda de seu único filho, ou seja, um problema nos campos da justiça, certo?

      — É isso mesmo!

      — Tenho permissão para te ajudar, peço que feche os seus olhos e se concentre, tudo bem ?

      E dizendo isto a bela mulher novamente fechou os olhos e entrelaçou os dedos das duas mãos posicionando as palmas voltadas para o solo; e outra vez, após estas terem tomado uma coloração azulada, ela as colocou em cima do joelho da simpática dama. Esta também deu um suspiro e desapareceu diante de minhas vistas. Então a bela mulher soltou mais uma gargalhada e me pediu que prestasse bastante atenção porque naquela noite, por parte dela, eu só escutaria mais cinco gargalhadas. Eu assenti com a cabeça dizendo que sim e pude perceber que estava chegando mais uma pessoa, desta vez um homem com aproximadamente trinta anos.

      — Boa noite, moço!

      — Boa noite dona.....

      — Hoje você está aqui por que está se sentindo perdido na vida, sem senso de direção, ou seja, depois de tanto bater cabeça querendo que o Divino Criador fizesse a sua vontade você percebeu que tudo foi inútil e agora deseja submeter-se à vontade dEle, assim como também deseja que Este dê um rumo à sua vida resolvendo este problema nos campos da lei, certo?

      — Sim, é isso!

      — Bem moço, para sua felicidade eu tenho a permissão de te ajudar, feche os olhos, tudo bem?

      Dizendo isso, novamente a bela mulher concentrou suas mãos tomadas de uma coloração azulada e as depositou em cima do joelho do rapaz; depois ela deu mais uma gargalhada e se ajeitou para conversar com a próxima pessoa que, por sua vez, era uma senhora com uns cinqüenta anos de idade.

      — Boa noite, moça!

      — Boa noite dona.....

      — Apesar dos insistentes esforços em estar lhe esclarecendo você está aqui mais uma vez para reclamar sobre os membros da congregação religiosa a qual pertence e para, mais uma vez, dizer que a fofoca está demais e que está perdendo a fé porque não consegue entender como o Divino Criador pode permitir tanto ti-ti-ti dentro de uma Casa de Oração, certo?

      — Sim!

      — Este já é o décimo-primeiro templo religioso que você procurou para freqüentar em menos de doze meses, certo ?

      — Certo.

      — Bem moça, a ajuda que eu posso te oferecer é no sentido de estar desiludindo o seu sentido de religiosidade, de estar lhe esclarecendo o fato de que não existe a instituição religiosa perfeita porque perfeito só o é o Criador, tentando, assim,resolver este problema nos campos da fé, você aceita minha ajuda?

      — Sim!!!

      E a bela mulher depositou suas mãos coloridas de uma belo azul em cima do joelho da senhora com quem conversava para, logo depois de realizado este trabalho, soltar mais uma gargalhada.

      Instante depois já estava à frente da bela mulher um senhor por volta de seus cinqüenta anos de idade, ela o cumprimentou:

      — Boa noite, moço!

      — Boa noite dona....

      — Você tem tudo para estar feliz, não é moço? Dez anos de casamento, um belo filho, uma esposa dedicada, um ótimo emprego e dois belos carros. Contudo, já faz mais de dois anos que você tem a nítida impressão que sua vida está parada, não é? O que antes você fazia com prazer hoje você parece que faz obrigado. Mesmo não tendo deixado de gostar das coisas que você sempre gostou você tem a percepção de ter perdido por elas todo o apreço, não é?

      — Sim!

      — Olha moço, isto acontece com você porque você está apatizado nos campos da caridade. É necessário perceber que dar o conforto àqueles que amamos é importante, mas cuidar daqueles que são nossos irmãos por paternidade Divina é essencial para se alcançar o caminho da evolução que leva ao Divino Criador, você não acha?

      — Sim!

      — Deseja seguir o caminho da caridade?

      — Sim!

      — Então feche os olhos!

      E dizendo isto a bela mulher colocou suas mãos encantadoramente coloridas de azul em cima do joelho do senhor com que acabara de conversar e, logo após, soltou mais uma gargalhada.

      Imediatamente apareceu à frente da bela mulher uma mocinha por volta de seus vinte e três anos de idade e que se encontrava com os olhos inchados e molhados de lágrimas.

      — Boa noite, moça!

      — Boa noite, dona.....

      — Anime-se moça, depois de três longos anos parece que você recebeu a benção de ser mãe, não alimente a dúvida e a incredulidade, pois em pouco tempo você será agraciada com a oportunidade de estar gerando dentro de si a vida de um belo rebento. Estou aqui para dar início à preparação de seu corpo físico e espiritual, nas atribuições que me competem, para que você possa praticar o divino sacerdócio da maternidade, finalizando, assim, este problema nos campos da geração da vida, tudo bem?

      — Sim!

      — Então feche os olhos.
      E dizendo isto a bela mulher colocou suas mãos qualificadas com azul anil em cima do joelho da jovem; esta deu um suspiro profundo e, da mesma forma imediata que chegou ela foi-se. A bela mulher, então, colocou as duas mãos na cintura e deu mais uma gargalhada.

      A seguir, a frente da bela mulher, surgiu uma pessoa do sexo feminino por volta de seus trinta e cinco anos.

      — Boa noite, moça!

      — Boa noite, dona.....

      — Pois é moça, quanto sofrimento por um sujeito que, como homem, não mereceria nem o seu respeito quiçá um de seus maiores tesouros e de todas as mulheres que é o seu sentimento de amor. Não adianta você ficar insistindo em querer ficar voltando pra ele, ele está em sintonia com outras coisas, procure você sintonizar-se com o Criador. Insistir não vai adiantar nada, chorar também não; você precisa é agregar novos valores e conceitos em sua vida, principalmente em seu emocional, e será a partir deste acontecimento que você retomará seu equilíbrio emocional e evoluirá nos campos do amor, certo?

      — Sim!

      — O Divino Criador hoje lhe concedeu a oportunidade de estar readquirindo a paz em seu coração por meio de meus atributos e atribuições, e de assim ser resolvido este seu problema nos campos do amor, você assim deseja?

      — Sim!

      — Então feche os seus olhos.

      Então, dizendo isto, a bela mulher depositou as suas mãos tomadas por uma tonalidade azul em cima do joelho da pessoa com quem conversava e esta, assim como todas as outras anteriores soltou um profundo suspiro e desapareceu. A bela mulher, assim, colocou suas mãos sobre a cintura e, pela sétima vez, pôs-se a gargalhar.

      Então, instantaneamente, apesar de saber que ainda estava na encruzilhada, eu tive a sensação de que estava em um outro lugar. Tudo isto eu estava a pensar sem tirar os olhos dos belos olhos da bela mulher. Ela, então perguntou pra mim:

      — Então moço, já descobriu quem eu sou?

      — Sim, creio que a senhora é uma entidade da umbanda conhecida como Pombo Gira.

      — Exatamente! E você sabe o que veio fazer aqui?

      — Observar a senhora atender várias pessoas?

      — Com que finalidade?

      — Ah, isto eu não sei. Eu só sei que via a senhora esclarecendo as pessoas para depois oferecer a sua ajuda, digo, aquela que está no campo de suas atribuições e atributos. Daí então a senhora fechava os olhos, cruzava os dedos das mãos voltando-as para o solo e após elas ficarem azuis a senhora as depositava nos joelhos das pessoas. Agora a finalidade eu não sei por que não entendi o “lance” da cor azul.

      — Bem moço, noto que você é curioso, mas vamos por partes: Primeiro, ao fechar os meus olhos, como você bem observou, eu evoco o mistério da linha de Umbanda a qual eu estou fatorada; desta forma parte do meu mistério você percebeu como uma coloração azul opalina que viu em minhas mãos ao qual eu procuro honrar e trabalhar depositando-as em cima dos joelhos dos assistidos para que este meu mistério possa alcançar os chacras e sentidos que estiverem problemáticos.

      — Mas por que a senhora trabalha na irradiação energética de parte de seus mistérios as pessoas através dos joelhos delas?

      — Moço, não sou apenas eu, mas toda Pomba Gira trabalha desta forma e isto se dá pelo fato dos joelhos serem a melhor porta de acesso para realizarmos nosso trabalho.

      — Como assim?

      — Bem moço, toda Pomba Gira trabalha através do chacra básico das pessoas, porque ele é a porta de acesso mais direta para estarmos estimulando os chacras que estiverem mais necessitados, é por meio dele que podemos trabalhar os demais e os joelhos são a forma de contato mais prática de estarmos acessando o chacra básico, entendeu?

      — Mais ou menos.

      — Bem moço, vou te dar um exemplo. Você notou que uma das pessoas que eu assisti esta noite encontrava-se “com a vida ganha”, mas desmotivada de estar realizando as tarefas mais básicas de sua vida, certo?

      — Sim.

      — No caso desta pessoa a desmotivação era proveniente de sua apatia nos campos da caridade; ou seja, ela pouco realizava em benefício do próximo estando, assim, apatizado nos campos da evolução porque é a caridade a maior responsável pela evolução do espírito, certo?

      — Sim.

      — Pois bem, detectado o problema e tendo permissão do Criador para resolvê-lo eu poderia até evocar o meu mistério e impor diretamente minhas mãos em cima do chacra que é regido pela linha de Umbanda responsável pela evolução, mas sendo eu uma Pomba Gira, ou seja, um espírito estimulador dos desejos e, de certa forma, até mesmo da vida, tendo em vista que sem desejos um ser humano não vive, nada mais pertinente para eu realizar o meu trabalho do que irradiar as minhas energias pelos joelhos do assistido, que é onde se reflete a energia do chacra responsável pelo sétimo sentido da criação Divina ou, se você quiser, o chacra da vida que é o chacra básico. Entende?

      — Sim senhora.

      — Após o chacra básico do assistido em questão ter absorvido a energia doada por mim este chacra conduz esta energia naturalmente para o chacra umbilical afim de que este irradie a energia de transmutação que foi por mim estimulada. Enfim, entenda que nós, as Pombas Giras, temos a nossa forma de trabalho e devemos segui-la a risca se quisermos trabalhar pelo Criador junto à religião de umbanda, entendeu?

      — Sim senhora!

      — Bem, isto entendido deixe eu lhe explicar sobre a coloração de minhas mãos que, aliás, reside no fato de meu mistério estar fatorado na linha de umbanda que é responsável pela geração da vida então, quando eu evoco o mistério, junto com ele vem uma coloração que representa este mistério que, no caso, é a azul-claro, entendeu?

      — Sim senhora. Isto quer dizer que as Pomba-giras irradiam uma energia estimuladora, é isso?

      — Exatamente. Cada uma de nós irradia uma energia que estimulará aquilo que estiver dentro de nossos atributos e atribuições.

      — Como assim?

      — Isto varia bastante.

      — Perdão? Não entendi!

      — Você é curioso, não é moço?

      — Sim senhora.

      — Tentarei lhe esclarecer até onde você tenha condições de entender. Eu, por exemplo, sou uma Sete Ondas, ou seja, uma Pomba-gira que atua nas sete linhas regida pelo mistério Yemanjá logo, uma de minhas atribuições é estimular a geração nos sete sentidos da Criação Divina

      Após responder esta ultima pergunta ela ficou fixamente olhando em meus olhos sem dizer absolutamente nada. Somente após um breve período foi que ela retomou o assunto:

      — Moço está quase na minha hora e desejo ouvir de ti uma última pergunta antes de ir embora.

      Fiz então a pergunta derradeira:

      — Eu gostaria de saber por que até o momento que a senhora atendia a sétima pessoa eu via claramente que estava em uma encruzilhada ao passo que após o instante que você deu a sétima gargalhada eu, apesar de ver fisicamente que estou na encruzilhada, de alguma forma sinto como se não estivesse, por quê?

      — Bem moço, eu só posso lhe dizer que antes do fim do atendimento da sétima pessoa nós estávamos na encruzilhada, que é meu ponto de atuação aí na terra, sem que eu precisasse sair de meu campo de atuação aqui no astral; após o término deste atendimento eu te trouxe no meu campo de atuação aqui no astral sem você precisar sair de meu campo de atuação no lado material.

      Eu ia dizer a ela que não havia entendido a resposta, mas ela, parecendo estar novamente lendo meus pensamentos, ainda pôde me dizer.

      — Sei que você não captou de forma global o que eu lhe respondi, moço. Mas não se preocupe com isso por que não vou ter nem mesmo a oportunidade de lhe responder. Só te peço um último favor: diga a quantos forem preciso que eu sou uma Pomba-Gira da vida. Sim, diga a todos que eu existo! Existo para estimular, de acordo com a vontade do Divino Criador, em todos os seres necessitados a geração de energias que beneficiem os sete sentidos da criação divina. Diga a todos que quando de mim precisarem é só me evocarem que eu , de acordo com a permissão do Divino Criador, estarei em Seu santo nome e em nome da divina mãe Yemanjá a estimular a geração de conhecimento,justiça,lei,amor,fé,vida e evolução na vida e no lar de todos quantos a mim clamarem.Você pode fazer isso ?

      — Sim!

      — Boa noite, moço.

      — Boa noite dona.....

      Mensagem recebida por Pedro Rangel T. de Sá

      sexta-feira, 18 de maio de 2018

      VOVÓ JOAQUINA E SUA HISTÓRIA.

      Vovó Joaquina e Sua História.


          "Saravá Vovó Joaquina,
      Saravá o seu Gongá,
      ela vem de Aruanda,
      ela vem pra trabalhar.

          Com suas mirongas,
      com seu Patuá,
      Saravá Vovó Joaquina,
      na fé de Oxalá."


          Vovó Joaquina é uma Preta Velha que trabalha na Umbanda fazendo
      sua caridade, auxiliando a quem necessita, ensinando caminhos,,
      mostrando aos filhos de fé que não basta dizer ser caridoso, tem que
      realmente ser.

          Ela foi uma negra escravizada, que veio trazida de sua terra natal
      juntamente com seus pais pelos traficantes de escravos em navios
      negreiros pelos meados do século XVIII, quando tinha apenas entre 4 e
      5 anos de idade na vida terrena.

          Ela foi levada juntamente com os pais a uma fazenda de
      cafeicultores em alguma localidade na região Sudeste do Brasil, e lá
      viveu até seu desencarne.

          Quando ainda criança, Joaquina era uma menina atenta a tudo e a
      todos, gostava de aprender tudo que poderia com seus irmãos negros, e
      essa vontade de aprender lhe deu grandes ensinamentos, tais como
      algumas magias vindas por ensinamento de alguns negros mais velhos, o
      dom de reconhecimento e uso das ervas, o poder de rezas e benzimentos,
      o poder de encaminhar espíritos perdidos e obsessores, a magia de
      leitura de destinos em borras de água misturada com mel e fumo, rezas
      e benzeduras em partos dificultosos, entre tantos outros dons.

          Ela aos 12 anos teve a sua primeira gravidez, pois era uma menina
      sadia, forte e que foi determinada pelo seu senhor escravocrata que
      deveria ser genitora de muitos filhos para que assim seu número de
      escravos aumentassem a cada ano.

          E nessa gravidez precoce nascera os primeiros negros gêmeos da
      região, que seria algo de motivo de visitações intensas de coronéis a
      senzala na qual vivia  então a negra Joaquina.

          Para ela aquilo tudo era muito novo, não entendia muito bem toda
      aquelas pessoas que vinham na intenção já de compra de seus filhos e
      dela própria, pois eram épocas que quem reinava mais, que tinha mais
      poder era os escravocratas que tinham mais negros, mais terras para
      plantação e mais negras reproduzindo, portanto dois recém-nascidos
      gêmeos e meninos, era um feito e uma ótima oportunidade de no futuro
      serem reprodutores com possibilidades de gerarem outros gêmeos.

          Além disso, a própria Joaquina era alvo dos olhares de ganância
      desses escravocratas, uma pequena negra com possibilidade de gerar
      duas vidas de uma vez só em seu ventre era algo muito lucrativo para
      os coronéis sedentos de poder.

          Mas com a rejeição de venda, tanto dos gêmeos quanto da menina
      Joaquina pelo seu senhor, ela ficou na senzala com seus filhos, sendo
      já preparada para ser reprodutora de escravos para a fazenda.

          E assim foi feito, cada ano ela tinha um filho, não mais gerando
      gêmeos, levando a baixar as expectativas do coronel.

          E isso foi até ela completar seus 20 anos, quando teve uma grande
      tristeza. O coronel cafeicultor, sem que ela menos esperasse, vendeu
      a um negociador de escravos, quatro de seus oito filhos, que foram
      levados amarrados e chicoteados pelo feitor desse negociador.

          Ela chorava em desespero, ao ver suas crianças serem arrastadas
      sem destino pelas mãos do feitor, e entre eles estavam os seus gêmeos,
      que na época tinham apenas 8 anos de idade.

          Ela joga-se ao chão clamando ao coronel que não vendesse seus
      filhos, que os deixassem na fazenda, que eles pudessem crescer junto a
      ela, mas sem sucesso.

          Na saída da porteira da fazenda o pior acontece, um dos gêmeos se
      solta das amarras do famigerado feitor e corre sem rumo tentando fugir
      daquela situação.

          O feitor sem piedade aponta sua velha arma de fogo contra o menino
      indefeso e atira, que cai já sem vida sobre o chão empoeirado da
      entrada da fazenda.

          Seu irmão, chorando e dominado pelo ódio, corre mesmo atado pelas
      cordas e correntes para atacar o feitor assassino, que sem pensar age
      da mesma forma cruel, atirando no outro menino, vendo-o cair sem
      chances de defesa.

          O menino gêmeo, com os olhos cheio de lágrimas, observa o corpo
      inerte de seu irmão, e mesmo dando seus últimos suspiros grita pela
      sua mãe, que desesperada se arrasta na terra seca, tentando chegar
      até seus gêmeos, que pela crueldade de um feitor desumano, a faz perder
      de uma só vez dois filhos para a fria e sombria morte.

          Joaquina foi tirada dali de uma forma brutal, sem piedade e sem
      remorso pelo feitor assassino. Ao ser levada para a senzala, ela
      desesperada pela morte de seus gêmeos e pela dor de saber que mais 3
      dos seus filhos seriam levados para o comércio de escravos, ela
      desmaia aos pés de seus irmãos negros, que com lágrima nos olhos não
      sabiam o que fazer e nem como acalentar a imensa perda de nossa
      fragilizada negra Joaquina.

          As horas passaram e ela acorda de seu desmaio, com a cabeça
      confusa achando que tudo passara de um terrível pesadelo, mas ao
      relembrar de tudo, chora desesperadamente, e corre até as grades da
      porta da senzala implorando pelos seus filhos.

          Nesse momento as portas se abrem, e é jogado a seus pés dois
      corpos inertes, os corpos inertes de seus filhos amados.

          Olhando para o céu, Joaquina com os olhos lacrimejados, toma uma
      decisão e faz uma promessa: Nunca mais em quanto viver, iria gerar um
      filho para ser escravizado."

          E assim ela, com os ensinamentos adquiridos e o poder das ervas
      fez com que seu ventre não gerasse mais filhos.

          Ela viveu nessa fazenda por mais de uma centena de anos, e em todo
      esse período se tornou guardiã de todas as crianças negras, na qual
      protegia desde a saída do ventre das mães até a maior idade.

          Ela se tornou uma respeitada negra por entre seus irmãos de cor e
      por todos daquela região. Era conhecida como a melhor parteira que
      existiu por todas as fazendas, tinha o respeito de coronéis e de suas
      famílias pelas lendas de "feitiçaria" que ela saberia fazer. Isso se
      espalhou por toda a região, levando a muitas pessoas temerem a agora
      velha Joaquina.

          Foi responsável por ensinar benzeduras e magias africanas a vários
      negros da fazenda e da região, entre esses negros o alegre Benedito,
      que ela o tinha como filho, após a morte de seus pais, e o sisudo
      Antero, que era seu afilhado e confidente.

          A velha Joaquina após pegar o respeito e a admiração da família do
      coronel cafeicultor, saiu da roça e da senzala para trabalhar e viver
      na casa grande, sendo ela a responsável por fazer o parto da sinhá,
      esposa do coronel, e também a responsável por salvar a vida da própria
      sinhá e sua pequena filha nesse parto, após a sinhá ter tido problemas
      gravíssimos nessa gestação.

          Com o passar do tempo a velha Joaquina, que nesse período, também
      já era conhecida por "Vó Chica", nome dado por seu filho de coração o
      negro Benedito, já quase nada fazia, pois o peso da idade não mais a
      permitia, ficava perambulando pela fazenda fazendo suas benzeduras, e
      com isso cada dia mais era conhecida como a velha feiticeira.

          Seu desencarne foi dado numa tarde de primavera, onde ela chama
      sua última filha de sangue, a negra Antônia, conhecida por todos da
      fazenda como "Tonha", seu filho de coração o negro Benedito, seu
      afilhado Antero e a sinhazinha, filha do coronel, para andarem por
      entre as flores de um grandioso jardim da fazenda.

          Ao chegar nesse jardim, ela mansamente senta-se ao chão, e ao
      redor dela os negros e a sinhazinha. E com um sorriso tímido ela olha
      para os 4 personagens, pegando a seu lado um galho de arruda e outro
      de guiné, fazendo o sinal da cruz a cada um.

          Ela já com bastante dificuldade diz:

          "Que a luz de meu Pai Oxalá ilumine a vida e o caminhar de vocês.

      Desejo aqui dividir com vocês todo meu amor, minha fé, minha
      esperança.

      A minha querida filha Tonha, que aqui representa todos meus filhos de
      sangue, peço que tenha sempre muita fé no Pai Maior.

      A meu filho de coração Benedito, e meu afilhado Antero, que aqui
      representam a cumplicidade e o amor de meus filhos gêmeos, peço que
      espalhem a caridade pela eternidade.

      E a sinhazinha, que aqui representa a esperança de nosso povo não mais
      sofrer, não mais chorar, não mais perder seus filhos amados, não mais
      morrer nos troncos das fazendas, peço que olhe pela nossa gente, pelos
      negros que são açoitados, castigados e mortos pelos seus senhores.

          Eu imploro a Zambi que ele possa ouvir a voz dessa velha negra
      castigada pelo destino de ter vivido como escrava, que foi retirada de
      sua terra natal, que foi açoitada como animal, que viu seus filhos
      serem arrebatados de seu convívio e assassinados sem a menor piedade,
      pedir humildemente que o Pai Maior possa levar esperanças a todos que
      sofrem as amarguras e dores de ser escravizados, e que sua luz ilumine
      a esperança daqueles que aguentarem chegar o dia de vossa libertação."


          E assim ela abre os braços a cada um deles, num abraço carinhoso
      de mãe, uma mãe protetora, cuidadora, devota, guerreira.

          Tonha é a primeira a ser abraçada, após ela abraça a Antero, seu
      afilhado amado, em sequencia um abraço quase sem forças a sinhazinha,
      que chora copiosamente.

          Em seguida ela olha profundamente aos olhos de Benedito, sorri.
      Recorda-se de tantos momentos agradáveis junto a seu "moleque", tantas
      alegrias, tantos ensinamentos. Ela abre seus braços, Benedito a abraça
      fortemente, ambos choram em demasia.

          O abraço dela vai ficando menos apertado, seus olhos cerram, seu
      sorriso se vai. E assim desencarna a velha Joaquina, a senhora
      Feiticeira, a vó Chica, partindo de sua vida terrena, deixando seu
      corpo inerte nos braços de seu filho de coração, que sem entender o
      acontecido por alguns instantes, ainda a abraça firmemente junto a
      lindas rosas e margaridas, flores preferidas de Joaquina, do jardim da
      fazenda.

          Vovó Joaquina desencarnou no século XIX com idade incerta, mas
      sabendo-se que com mais de 100 anos, sem ver seu povo libertado, sem
      saber porque seus filhos tiveram que sofrer tanto, sem entender o
      porque que a diferença de raça e cor fazia alguém melhor ou pior do
      que o outro.

          Hoje Vovó Joaquina trabalha nos terreiros de Umbanda, trazendo
      suas magias, seus dons, suas benzeduras, distribuindo sua caridade com
      todas as pessoas que buscam sua ajuda espiritual, sendo essas pessoas
      brancas, negras, de qualquer etnia, de qualquer crença, de qualquer
      classe social.

          Ela distribui o seu amor, assim como distribuiu com centenas de
      crianças que trouxe a vida sendo parteira, distribui seus ensinamentos
      espirituais como distribuiu com todos seus irmãos negros e distribui
      sua piedade a todos os consulentes que a procuram, assim como
      distribuiu a piedade com o feitor que assassinou seus gêmeos sem a
      mesma piedade que ela nos concede hoje.

      Uma Benção De Vovó Joaquina: "Que Oxalá Esteja Sempre Com Você, Mas
      Que Acima De Tudo Você Esteja Sempre Com Oxalá."

      Frase De Vó Joaquina: "Quem Possui O Coração Cheio De Amor, Nada
      Teme!"

          Adorei as Almas!

          Saravá a Linda Vovó Joaquina das Almas!

          Agradeço a oportunidade de poder participar das Giras com essa
      Preta Velha divina em nosso terreiro, que é incorporada pela nossa
      querida Priscila de Omulú.

      Carlos de Ogum.