domingo, 1 de dezembro de 2013

Preto Velho que foi doutor - Poema Pai Emidio de Ogum


Dia triste dia de sentar em um cantinho e ficar ali parado pensando pensando...
Ter um banquinho seria uma coisa boa, e um cachimbo então...
Pensar com a vida foi rude demais, não falo das torturas e da fome...
Falo da distância da familia, pense você longe dela como se sentiria?

Mas passou foi a bastante tempo, mas essa reencarnação marcou muito
Ja tive outras, também fui um homem ruim, pensava somente nas coisas materiais
E olha eu aqui de volta nesta terra, voltei pra consertar...

Morri abraçado ao meu dinheiro, deixei de viver minha vida

Mas Oxalá com muito custo me deu novamente outra oportunidade
Fui mendigo fui doutor, as mesmas mãos que pediram o pão as pessoas curou
Quando mendigo fui feliz, preocupava-se comigo e meus amigos, mendigos também
Quando doutor fui procurado por muitos mendigos e também aliviei-lhes a dor

Olho minhas mãos, penso que elas somente são como as cascas de uma laranja madura
Por fora o tempo a fez mudar e por diversas vezes senti muita dor
Mas por dentro ainda são aquelas mãos, por dentro elas são conduzidas pela minha alma
Uma vez ela esta ali puxando o jornal como cobertor, outra vez sentindo o feto na barriga da mãe

Um dia esta história me intrigou, estava passando pelas ruas e procurava um lugar pra dormir
Percebi alguns mendigos ali debaixo de um toldo furado, e coloquei um jornal no chão e forrei com meu cobertor, fiquei ali meio dormindo meu acordado, pois percebi que do meu lado tinha uma mendiga grávida, próxima a dar a luz, de repente começou aquela criança a nascer, e não sabia o que fazer, demorou e vi que a criança tava com dificuldade de sair, percebi não sei como mas deveria ajuda-la, segurei a criança e fiz tudo que um médico faria, a criança nasceu e percebi minhas mãos sujas de sangue, por oras fiquei pensando o que fiz sem ao mesmo conhecer de medicina, mas de tanto pensar adormeci, um sonho veio e em algum lugar eu fui parar, era uma sala grande todos de branco e de branco eu também estava lá, era mais novo que hoje e percebi que fome não tinha, e que aquele lugar tinha um professor, continuei ali aprendendo a curar a dor, aprendia muito pois o sonho não acabava e continuava sempre do mesmo jeito, foi passando o tempo e um certo dia já havia aprendido bastante e para um hospital me mandaram, um certo dia muito estranho apareceu uma pessoa muito bem vestida, tinha joias e estava grávida prestes a dar a luz, fora encontrada caída na rua por alguns mendigos que a trouxeram, fiz o parto bem rápido e qual foi a minha surpresa a criança nascerá e o rosto era o mesmo daquela criança que a mendiga dera a luz, mas o sonho não acabou, até hoje ele continua, e quando já muito velho sentado em um banco na praça, um homem veio contar-me uma história, era sobre um mendigo metido a doutor, certa conta disseram que morrerá de frio ali perto a muitos anos, morrerá de frio pois após fazer um parto de uma mendiga cobrira a criança a noite toda com seu único cobertor.

Preto Velho é doutor, não imagine que sempre foram escravos pois as suas reencarnações foram muitas, e hoje podem mostrar a todos nós um pouquinho de sua luz.

Que a Divina Luz esteja entre nós
Autor do poema Emidio de Ogum
http://espadadeogum.blogspot.com